Colégio Santo Amaro - Reprodução Web
Colégio Santo AmaroReprodução Web
Por Thiago Gomide
O Colégio Santo Amaro completaria 100 anos em 2023. O Colégio Metodista Bennett é um dos poucos na cidade que presenciou a saída do Império e a entrada da República. É de 1888.
Inúmeros estudantes se formaram nessas instituições e hoje ocupam espaços importantes nos mais diferentes nichos da sociedade. São alunas e alunos que ajudaram e ajudam na construção do Rio de Janeiro.
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Recentemente, notícias tristes aproximaram esses tradicionais colégios: ambos irão fechar as portas. Sairão de cena. Perderemos patrimônios educacionais.
Não tenho a pretensão de discutir os motivos específicos. Nem teria como. O que desejo é chamar atenção para cinco fatos que podem levar a repetição frequente dessas lamentáveis manchetes.

1. Por causa das crises econômicas, sucessivamente temos acompanhado uma migração de estudantes da rede privada para a rede pública. Isso acarreta em uma situação óbvia: há menos familiares com renda para pagar boletos. A pandemia agravou o problema, aumentando a inadimplência e o trancamento de matrículas. Na Educação Infantil é mais desolador ainda o cenário. 

2. Por não fazerem parte de uma rede, com poder de negociação nos gastos, muitas escolas pagam mais por serviços e produtos. Acaba que isso é transmitido para o consumidor. Há normalmente um questionamento: será que está valendo o que estou investindo? Como dizem, “a grama do vizinho é sempre mais verde”. O x da questão é que, em diversos casos, é mesmo. Paga-se o equivalente por muito mais.

3. Quem acompanha o ensino superior já está acostumado a debater os grupos educacionais. São enormes conglomerados com diferentes faculdades espalhadas por cada canto desse país. As brigas por novas compras rondam à casa dos bilhões. O ensino básico já vê uma dança que sugere ser parecida. Sugere. Os entraves são maiores, como o interesse de alguns familiares por específicas metodologias, mas nada que o tempo e os investimentos não possam mitigar.

4. Pensando em um específico nicho, há uma procura por escolas e profissionais de educação que estejam alinhados à tecnologia, à produção de conteúdo, à disciplinas eletivas que instiguem os estudantes a encontrarem novos pensamentos, à gamificação das aulas, à fatores que nem sempre são fáceis de serem propostos. A pandemia mostrou quem estava minimamente preparado para ser digital, quem improvisou e quem jogou a toalha. Grana e planejamento para capacitação de professores, por exemplo, nem sempre estão no caixa e na caixola de quem apita.

5. O espaço físico de muitas instituições é gigantesco para a quantidade de estudantes. São elefantes brancos frutos de uma época de ouro. Conheço gestores que defendem que não podem sair porque a identidade da escola está empregada naquele espaço. Por outro lado, os custos são desproporcionais. A conta não bate. Infelizmente é comum cortar pessoal, fragilizando ainda mais a qualidade. Volta-se para os itens 2,3 e 4.  

Esse assunto gera infinitos debates, principalmente sobre qualidade.
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Vou voltar trazendo outros especialistas, promovendo múltiplos olhares sobre o que queremos evitar: um cemitério de tradicionais colégios.

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Coluna dedicada

A coluna abraça os profissionais de educação, funcionários, ex e atuais estudantes e familiares do Bennett e do Santo Amaro.
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Algumas iniciativas estão sendo realizadas, em especial com a turma do Santo Amaro, para reverter a situação.
Ficamos na torcida. 
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Vocês são grandes.