1. Por causa das crises econômicas, sucessivamente temos acompanhado uma migração de estudantes da rede privada para a rede pública. Isso acarreta em uma situação óbvia: há menos familiares com renda para pagar boletos. A pandemia agravou o problema, aumentando a inadimplência e o trancamento de matrículas. Na Educação Infantil é mais desolador ainda o cenário.
2. Por não fazerem parte de uma rede, com poder de negociação nos gastos, muitas escolas pagam mais por serviços e produtos. Acaba que isso é transmitido para o consumidor. Há normalmente um questionamento: será que está valendo o que estou investindo? Como dizem, “a grama do vizinho é sempre mais verde”. O x da questão é que, em diversos casos, é mesmo. Paga-se o equivalente por muito mais.
3. Quem acompanha o ensino superior já está acostumado a debater os grupos educacionais. São enormes conglomerados com diferentes faculdades espalhadas por cada canto desse país. As brigas por novas compras rondam à casa dos bilhões. O ensino básico já vê uma dança que sugere ser parecida. Sugere. Os entraves são maiores, como o interesse de alguns familiares por específicas metodologias, mas nada que o tempo e os investimentos não possam mitigar.
4. Pensando em um específico nicho, há uma procura por escolas e profissionais de educação que estejam alinhados à tecnologia, à produção de conteúdo, à disciplinas eletivas que instiguem os estudantes a encontrarem novos pensamentos, à gamificação das aulas, à fatores que nem sempre são fáceis de serem propostos. A pandemia mostrou quem estava minimamente preparado para ser digital, quem improvisou e quem jogou a toalha. Grana e planejamento para capacitação de professores, por exemplo, nem sempre estão no caixa e na caixola de quem apita.
5. O espaço físico de muitas instituições é gigantesco para a quantidade de estudantes. São elefantes brancos frutos de uma época de ouro. Conheço gestores que defendem que não podem sair porque a identidade da escola está empregada naquele espaço. Por outro lado, os custos são desproporcionais. A conta não bate. Infelizmente é comum cortar pessoal, fragilizando ainda mais a qualidade. Volta-se para os itens 2,3 e 4.
Esse assunto gera infinitos debates, principalmente sobre qualidade.
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A coluna abraça os profissionais de educação, funcionários, ex e atuais estudantes e familiares do Bennett e do Santo Amaro.