É aguentar quem nunca deu aula nem de pebolim dizer que tem um método para revolucionar a Educação.
É estar no principal refúgio de muitos estudantes, carentes de atenção, cuidados e, cada vez mais comum, comida.
É ouvir de muitos pais – não todos, evidentemente – que é o responsável pelos equívocos do “filhão campeão”.
É lutar por melhorias em uma área que todo mundo diz ser essencial, mas que na hora pra valer é deixada de lado rapidinho.
É dividir o palco com os estudantes, promovendo a voz de muitos que nunca nem se ouviram.
É dormir tarde, acordar cedo e estudar sempre.
É ser chamado de vagabundo por aquele que você educou.
É não ter medo dos desafios por maiores que eles sejam. E nunca são pequenos.
É não ter medo de quem quer que seja.
Pra justificar baixos salários, é cansar de ouvir que “ser professor é uma vocação”. Aham, senta lá.
É remar contra uma maré que adora o “quanto pior, melhor”.
Por causa de fragilidades conhecidas, é alguém que precisa se virar nos 30 para ensinar matemática, língua portuguesa, geografia e o que estiver faltando...professor.
É escutar que no Japão só os professores não precisam se curvar ao imperador. Dá até sono.
É corrigir trabalhos, testes, provas fora do horário e nem sempre receber por isso. Ou melhor, na maioria das vezes não receber por isso.
É correr o risco de receber parabéns hoje e ser xingado amanhã pelo mesmo que te abraçou.
É interagir com uma turma de dezenas de estudantes e se desdobrar para transmitir o conteúdo.
É ser-humano como qualquer outro. Há medo, falhas, ansiedade e depressão.
É construir diariamente barcos para atravessar os também cotidianos temporais.
Ser professor é bailar de sapatos brancos.
É enxergar no escuro.
É ser intenso, imenso e profundo.
Ser professora é abrir janelas.
Da alma e do mundo.