André Luiz Marques:
André Luiz Marques: "O professor atualmente passa a existir mais na função de curador"Divulgação
Por Thiago Gomide
Liguei para o professor André Luiz pela manhã, em um fim de ano estressante ao máximo, no instante de fechamento de período escolar. Parecia cronometrado para dar problema. Quem enfrenta essa selva, sabe que até o mau humor é tolerado nessa época. “Mandou mal!”, diriam os jovens da década de 1990. “Sabe de nada, lek!”, diriam os adolescentes da década de 2000. “Eu não preciso de ninguém para fazer m* comigo. Eu sozinho boto minha vida em perigo”, diriam os usuários do TikTok.

Lamento, gerações Y e Z, mas o atual coordenador pedagógico do Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho, quebrou as expectativas com um sorriso largo, um belíssimo humor. André Luiz ( com “z”, por favor) Marques está no magistério há 41 anos. Em sala de aula, defendeu o sustento como professor de Matemática, em diversas escolas, entre elas as tradicionais Andrews e Pedro II.

Na segunda entrevista da série que debate desafios da Educação em 2021, o coordenador pedagógico do Colégio São Vicente de Paulo fala sobre o que ele e a instituição aprenderam nessa pandemia, qual o perfil de professor do século XXI, o combate às fake-news em sala de aula e a importância da capacitação dos docentes para o combate desse enorme problema.

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Coisas do Rio – O que vocês aprenderam nesse ano?

André Luiz Marques – Primeiro a gente aprendeu que nada é definitivo. A gente vivia em um mundo cada vez mais regido pelas incertezas, mas 2020 confirmou que as incertezas, de fato, existem e causam situações no nosso planejamento. Foi um ano que as fragilidades foram muito expostas, mas conseguimos mostrar a capacidade de reinventar-se, de criar e, inclusive, de aprender. Estamos apreendendo muito.

CdR – Qual é o perfil do professor de 2021?

ALM – Eu exerci o magistério por 41 anos e pertenci a uma época em que a central do ensino era o professor. Agora, a gente dá condições ao docente se ver no papel de quem já tem uma quantidade imensa de informação disponível. Então esse professor atualmente passa a existir mais na função de curador, de orientador de estudo, de pesquisa, daquele que promove ou traz condições para que o aluno transforme as informações.

Como podemos enfrentar as fake-news em sala de aula e qual é a importância de capacitarmos nossos professores para melhorar ainda mais esse combate? A resposta dessas duas perguntas, você escuta apertando o play aqui embaixo.