Rio - 12/08/2020 - Reabertura do Pao de Acucar na pandemia do Covid 19 (coronavirus). Partindo da Praia Vermelha, os visitantes pegam o primeiro bonde leva ao Morro da Urca, e de lá um segundo bondinho os leva até o topo do Morro do Pão de Açúcar, que fica a 396 metros do nível do mar. Diferentes histórias justificam o nome desse ponto turístico; a mais popular diz que durante os séculos XVI e XVIII, no auge da produção de cana de açúcar, os produtores armazenavam os blocos de açúcar em formas para serem exportados, e a semelhança do objeto com o Morro do Pão do Açúcar deu origem ao nome...Inaugurado em 1912, o Bondinho do Pão de Açúcar foi o primeiro teleférico do Brasil e terceiro no mundo, ligando o Morro da Urca ao Morro do Pão de Açúcar. Desde então, mais de 40 milhões de pessoas já utilizaram os bondinhos. Foto: Daniel Castelo Branco / Agencia O DiaDaniel Castelo Branco
Por Thiago Gomide
Publicado 16/02/2021 15:22
Em seus escritos, Barão do Rio Branco, o pai da nossa diplomacia, criticou os palpiteiros. Nem no Itamaraty nem em canto algum deveria haver os pitonisas de plantão. Os resultados das ideias mirabolantes dessa gente costumam ser desastrosos.
Em 1886, o pior quase aconteceu.
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Visconde Ernest Roussel de Courcy estava de passagem pelo Brasil. Francês, se interessava por mineração. Por causa do ouro, rondou Minas Gerais. Mas foi no Rio de Janeiro que concebeu sua ideia mais biruta.
Sabendo da falta de ventilação do centro da cidade e os consequentes problemas de doenças da então capital do Império, Courcy propôs ao alto escalão brasileiro que demolisse o Pão de Açúcar. Na defesa do rapaz, o morro prendia a respiração daquela que era conhecida como “túmulo dos estrangeiros”.
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A plateia recebeu a solução com meio espanto, meio euforia. Será que era possível? Qual será o custo dessa investida? Courcy defendia que a venda dos materiais encontrados no Pão de Açucar arcaria com as despesas.
Ainda bem que não deram ouvidos. O Pão de Açúcar, desde de 1912 com o bondinho, está aí, firme e forte.
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Por quê Pão de Açúcar?
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“A origem do nome Pão de Açúcar também possui diferentes versões históricas. Segundo o historiador Vieira Fazenda, foram os portugueses que deram esse nome pela semelhança do sítio geológico com uma forma, feita de madeira ou metal, em que os blocos de açúcar eram armazenados e transportados para a Europa”, diz o site do Bondinho.
José Viera Fazenda, vale o registro, escreveu inúmeras obras sobre o Rio de Janeiro, usando e abusando das curiosidades.
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Os deliciosos volumes de “Antiqualhas e memórias do Rio de Janeiro” estão disponíveis gratuitamente no site do Senado.
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Henrietta Carstairs, primeira a escalar o Pão de Açúcar
Em 1817, uma bandeira inglesa tremulou no alto do então inóspito Pão de Açúcar.
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A alpinista Henrietta Carstairs conseguiu um feito: aos 39 anos, escalou o íngreme morro, antes de todo mundo, e fincou a bandeira do seu país.
Nem digo o que teve de marmanjo correndo atrás de superar a inglesa...

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007 no Pão de Açúcar
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Em “007 contra o foguete do norte”, de 1979, o vilão come o cabo de aço do bondinho.
Essa cena virou um clássico do espião britânico James Bond, que briga com o inimigo nas alturas.
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Quer ver? Clica aqui.
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Noites Cariocas e o pane de Tim Maia
O multifacetado Nelson Motta organizou eventos memoráveis no alto do Pão de Açúcar. "Noites Cariocas", no começo da década de 1980, levavam quem apitava no Rio de Janeiro. 
No livro "Noites Tropicais", Nelson Motta conta a dificuldade que teve com Tim Maia, um cidadão temeroso pela altura.
"Depois de muitas negociações, Tim assinou um contrato para cantar no Noites Cariocas. Na noite do show, desde cedo, subiam bondinhos e mais bondinhos lotados de consumidores ávidos e logo a lotação estava esgotada. Nunca a casa recebeu tantos VIPs e tantos artistas: roqueiros, emepebistas e sambistas adoravam Tim Maia.
Depois da meia-noite começamos a nos preocupar. Tim ainda estava em casa, na Gávea. E pelo papo, com pouca vontade de sair. Só sairia se recebesse o seu “levado”, que é como ele chamava o cachê, em grana viva. Tim não acreditava em cheques.
O produtor Nelson Ordunha, o Duda, deu um rasante na bilheteria e saiu em velocidade rumo à Gávea, com uma sacola de supermercado cheia de dinheiro. Tim abriu a porta do apartamento de calção e chinelo e o convidou para um drinque, uma fileira e um baseado. E confessou, contando o dinheiro e rindo, que morria de medo de andar de bondinho. Para criar coragem tomou mais alguns uísques, jogou a sacola debaixo da cama e finalmente entrou no carro.
No alto do morro, a galera estava inquieta, já se ouviam algumas vaias e gritos, temia-se o pior. Quando Duda finalmente chegou com Tim à estação na Praia Vermelha e respiramos aliviados, ele olhou para cima, para o bondinho balançando suavemente nos cabos, rosnou e disse: “Não entro nessa p* de jeito nenhum. Só com anestesia geral.”
Quer saber o resto? Leia Nelson Motta, o que sempre vale a pena.
 
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