Publicado 09/04/2021 06:00
Stefan Zweig em seu livro "Brasil, País do Futuro" (1941) escreve sem ufanismo sobre a possibilidade de o Brasil vir a ser uma grande nação. Afonso Celso, visconde de Ouro Preto, publicou em 1900 "Porque me ufano do meu país". Será que os dois personagens erraram nas suas previsões ou ainda há tempo para salvar o futuro do Brasil?
Para não hipotecar mais o nosso futuro urge uma mudança rápida no panorama político e econômico catastrófico que atravessamos com a pandemia fora de controle, crise financeira e social. Neste momento, há forças que se movem nessa direção. Com o engajamento dos setores mais esclarecidos é possível mudar o rumo interna e externamente para salvar o Brasil de uma catástrofe sem precedentes.
A crença nas virtudes da Educação como forma de preservar a justiça social e fortalecer o caráter nacional poderia orientar esse esforço de reerguimento. A debacle da Saúde e da Educação brasileiras não pode continuar sob pena de o país perder o futuro previsto por Zweig e Afonso Celso. Hoje, mais do que nunca, as forças democráticas precisam opor-se ao golpismo em voga no Brasil, e lutar para mudar o cenário interno e externo.
A política externa que abarca questões de relações internacionais e domésticas de direitos humanos é essencial para a manutenção de uma democracia multicultural, multirracial e inclusiva. Havia uma "diplomacia das políticas sociais", uma forma de soft power, usada como estratégia de inserção brasileira na política global, que poderíamos recuperar com o fim de melhorar a nossa combalida imagem internacional.
A propaganda associada aos resultados dessas políticas e à inovação dos modelos pode ajudar o Brasil a recuperar o reconhecimento perdido no exterior e voltar a ser referência mundial, sobretudo para os países do Sul. Um dia vamos voltar para a normalidade democrática e ao convívio internacional sem a condição de pária e necessitaremos de uma política exterior respeitada, que nos reinsira globalmente e recupere o respeito perdido.
Hoje existe um incômodo em qualquer aproximação com a nossa diplomacia em vários países, inclusive em países vizinhos. A alienação brasileira em face da realidade nacional e mundial tem de terminar para recuperarmos o espaço ocupado legitimamente, e perdido no cenário mundial.
O retorno às melhores tradições do Itamaraty afigura-se imprescindível para reunificar a instituição, para terminar com a caça às bruxas e para ajudar o Brasil a recuperar o seu futuro, no momento, perdido.
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