A violência dos comentários contra os outros Poderes intoxica a vida política brasileira em favor de movimentos radicais evidentes. Os guerreiros digitais dessas forças propagam diariamente a necessidade de uma democracia tutelada pelos militares. A politização dos militares e a impunidade são caldo de cultura a insuflar novas aventuras contra as instituições da República. A defesa de teses partindo do princípio de que só os mais fortes sobreviverão divide a nação e atenta contra a vida.
O aparelhamento do governo instaura uma doutrina autoritária em busca de um regime ditatorial que garanta a permanência no poder a qualquer preço, e sem data para acabar, em desrespeito às instituições democráticas.
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O caudilhismo é fenômeno bem conhecido na América Latina e revivido de tempos em tempos, mas inaceitável pela comunidade internacional. Esse populismo barato e primitivo afeta enormemente a boa imagem de que o Brasil gozou por tanto tempo. Um projeto de perpetuação no poder está em curso e a manipulação de instituições do Estado cresce a cada dia. A idolatria de práticas de regime de exceção acalenta um prazer mórbido e promove a necropolítica.
A destruição deliberada do sistema de Educação pública faz sentido para manter os seguidores na ignorância e faz parte integrante de uma estratégia de subjugação. O caldo de insurgência e insubordinação cresceu e sorrateiramente envolve os mecanismos do processo democrático com a disseminação de ódio e de mentiras por meio da internet.
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A usurpação de maneira patrimonialista do poder fica sempre na contramão da História e cedo ou tarde a população acorda e compreende que a esperança não está com os ditadores. A contemporização nunca foi boa conselheira para a manutenção do processo democrático e muito menos a subserviência. A política do apaziguamento e pacificação aumenta o desejo das forças retrógradas de vencer essa luta entre civilização e barbárie.
Caso a única agenda seja a desestabilização do país e o aumento da toxicidade, vamos correr o risco de uma ruptura institucional e de uma ainda maior marginalização internacional. Como disse a revista britânica “The Economist”, o Brasil vive a situação mais tenebrosa desde a década de 1980. O maior risco nessas situações é subestimar os perigos e minimizar ou ignorar as ameaças. Como dizia Sócrates, nesses momentos torna-se necessária uma escolha entre a covardia e a coragem. Na recente reunião do G7 na Inglaterra temas como o combate à pandemia e a preservação do meio ambiente foram prioritários e marginalizaram o Brasil por suas políticas negacionistas, em ambos os assuntos. Coragem para mudar essas atitudes negacionistas constitui-se na única maneira de recuperar o prestígio internacional perdido.
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No Brasil morrem quatro vezes mais pessoas por covid-19 do que a média mundial. Em todos os levantamentos, o Brasil está entre os países em que mais morrem pessoas pela pandemia no mundo quando considerado o número de óbitos em relação ao tamanho da população. Informações da publicação digital especializada “Our World in Data”, do início do mês passado, colocam o Brasil como nação com mais mortes por covid-19 em relação à sua população entre aquelas mais populosas.
Com o Brasil próximo de alcançar a trágica marca de 500 mil mortos pela pandemia fica difícil evitar a situação de país tóxico no cenário internacional. As agressões contra a China continuam no momento em que a vacinação patina no Brasil em razão da falta de insumos e vacinas importadas. Na contramão do mundo, em políticas públicas de Saúde, discute-se a desobrigação de máscaras para quem se vacinou ou contraiu covid-19. Nessas circunstâncias, afigura-se cada vez mais complicado evitar a pecha de país tóxico para o planeta, e de centro disseminador de epidemia.
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