Publicado 13/08/2021 06:00
A realidade da bagunça vira um espetáculo regular promovido por Brasília, para tentar pôr de lado os verdadeiros problemas brasileiros que a atual administração no poder não tem competência nem para gerir, nem para encontrar soluções satisfatórias. No plano externo, o desgoverno acumulou mais uma derrota, visto que a Comissão Europeia indicou que mudanças em regras ambientais no Brasil prejudicarão o acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
A criminalização de falas por afirmações contra a democracia pelo atual ocupante do Planalto, continua a conturbar o país e combater os princípios da democracia participativa. Esta invulgar capacidade de produzir tensões, abriga ideais de ruptura da ordem vigente.
A espetacularização da política brasileira nos afasta das verdadeiras discussões sobre os problemas nacionais, como a participação da classe média no processo eleitoral. Hélio Jaguaribe desestimularia os que atribuem a ela esse papel eleitoral porque, é errado avaliar a classe média brasileira como classe de decisões políticas estratégicas. Ela não é majoritária como igualmente não é a classe operária.
Por um lado, há a crença na legitimidade democrática e, em campo oposto a essa crença, persiste a opção por um governo autoritário. As naturais tensões na radicalização contribuem para despertar o desejo de imensa parcela do eleitorado de escapar do clima de animosidade.
Mas o fenômeno da polarização na sociedade do espetáculo é, por si só, importante fator de atração de forças apaixonadas nessas condições nas urnas poderiam reverberar o amor e o ódio, com o fim de consolidar sentimentos antagônicos.
O avanço na direção do fanatismo, obscura os pensamentos racionais e, ao retirar o racionalismo político do debate, demole o que a civilização produziu de melhor na cultura e na luta contra a barbárie. As agressões e ameaças de Brasília às instituições da República demonstram que o Planalto decidiu cruzar a linha irreversível do ataque aberto à CPI do Senado, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Estes ataques ao Legislativo e ao Judiciário provam que a hipótese de eleições regulares, com o atual chefe do Executivo Federal na disputa, parece remota com a implosão de legitimidade por ele promovida para conspurcar o debate público com desinformação, mentiras, ódio e teorias de conspiração.
Quando um governo não tem projeto algum, nem tem convicção democrática, como é o caso do atual, é vantajoso manter um confronto eleitoral permanente apesar dos danos ao regime democrático, à população e ao Brasil. O uso do espetáculo na sociedade política busca o desvio das atenções nacionais dos verdadeiros problemas em prol de discussões vazias e sem sentido, que são comuns em governos que não tem programa a não ser o da propagação do ódio e da polarização fanática.
Na área ambiental, seguimos com aumento no desmatamento ilegal em meio a um silêncio garantidor. A Amazônia não é só um ativo ambiental, mas principalmente uma ferramenta de acesso a mercado e acordos internacionais.
A imagem negativa do Brasil no exterior está se consolidando e estamos chegando ao ponto em que, sozinhos, não poderemos facilmente mudar essa curva. A diplomacia tem de entender a gravidade dessa situação e possíveis impactos de longo prazo sobre produtos brasileiros. O resgate da imagem tem de começar imediatamente pelo Itamaraty.
Por sorte, a mídia internacional vem separando a maior parte da produção nacional em relação à Amazônia dos que devastam a floresta ilegalmente, embora isso ainda não seja tão visto na pecuária. O Brasil será protagonista nos três grandes eventos que acontecerão este ano: a Cúpula dos Sistemas Alimentares, em setembro, a Conferência da Biodiversidade, em outubro, e a Conferência do Clima, em novembro próximo. Até lá, teremos que decidir se seremos meros participantes insignificantes ou protagonistas.
Em nada ajuda um eventual protagonismo ambiental do Brasil situações como a recusa do Planalto para o pedido de reunião do britânico Alok Sharma, presidente da COP 23, a reunião Global da ONU sobre o clima. Ele foi designado pelo governo de Boris Johnson para presidir os trabalhos dessa conferência e tem status de ministro.
A resistência em receber Alok Sharma contrasta com a disponibilidade para encontrar a deputada Beatrix Von Storch, vice-líder do partido de extrema direita alemão, AFD (Alternativa para a Alemanha) e neta do ministro das finanças da Alemanha Nazista. Esse espetáculo deplorável do Executivo Federal nos envergonha no Brasil e no exterior. Entre todas as coisas que estão entrando em extinção atualmente, no nosso país, a que mais me preocupa é o caráter.
A criminalização de falas por afirmações contra a democracia pelo atual ocupante do Planalto, continua a conturbar o país e combater os princípios da democracia participativa. Esta invulgar capacidade de produzir tensões, abriga ideais de ruptura da ordem vigente.
A espetacularização da política brasileira nos afasta das verdadeiras discussões sobre os problemas nacionais, como a participação da classe média no processo eleitoral. Hélio Jaguaribe desestimularia os que atribuem a ela esse papel eleitoral porque, é errado avaliar a classe média brasileira como classe de decisões políticas estratégicas. Ela não é majoritária como igualmente não é a classe operária.
Por um lado, há a crença na legitimidade democrática e, em campo oposto a essa crença, persiste a opção por um governo autoritário. As naturais tensões na radicalização contribuem para despertar o desejo de imensa parcela do eleitorado de escapar do clima de animosidade.
Mas o fenômeno da polarização na sociedade do espetáculo é, por si só, importante fator de atração de forças apaixonadas nessas condições nas urnas poderiam reverberar o amor e o ódio, com o fim de consolidar sentimentos antagônicos.
O avanço na direção do fanatismo, obscura os pensamentos racionais e, ao retirar o racionalismo político do debate, demole o que a civilização produziu de melhor na cultura e na luta contra a barbárie. As agressões e ameaças de Brasília às instituições da República demonstram que o Planalto decidiu cruzar a linha irreversível do ataque aberto à CPI do Senado, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Estes ataques ao Legislativo e ao Judiciário provam que a hipótese de eleições regulares, com o atual chefe do Executivo Federal na disputa, parece remota com a implosão de legitimidade por ele promovida para conspurcar o debate público com desinformação, mentiras, ódio e teorias de conspiração.
Quando um governo não tem projeto algum, nem tem convicção democrática, como é o caso do atual, é vantajoso manter um confronto eleitoral permanente apesar dos danos ao regime democrático, à população e ao Brasil. O uso do espetáculo na sociedade política busca o desvio das atenções nacionais dos verdadeiros problemas em prol de discussões vazias e sem sentido, que são comuns em governos que não tem programa a não ser o da propagação do ódio e da polarização fanática.
Na área ambiental, seguimos com aumento no desmatamento ilegal em meio a um silêncio garantidor. A Amazônia não é só um ativo ambiental, mas principalmente uma ferramenta de acesso a mercado e acordos internacionais.
A imagem negativa do Brasil no exterior está se consolidando e estamos chegando ao ponto em que, sozinhos, não poderemos facilmente mudar essa curva. A diplomacia tem de entender a gravidade dessa situação e possíveis impactos de longo prazo sobre produtos brasileiros. O resgate da imagem tem de começar imediatamente pelo Itamaraty.
Por sorte, a mídia internacional vem separando a maior parte da produção nacional em relação à Amazônia dos que devastam a floresta ilegalmente, embora isso ainda não seja tão visto na pecuária. O Brasil será protagonista nos três grandes eventos que acontecerão este ano: a Cúpula dos Sistemas Alimentares, em setembro, a Conferência da Biodiversidade, em outubro, e a Conferência do Clima, em novembro próximo. Até lá, teremos que decidir se seremos meros participantes insignificantes ou protagonistas.
Em nada ajuda um eventual protagonismo ambiental do Brasil situações como a recusa do Planalto para o pedido de reunião do britânico Alok Sharma, presidente da COP 23, a reunião Global da ONU sobre o clima. Ele foi designado pelo governo de Boris Johnson para presidir os trabalhos dessa conferência e tem status de ministro.
A resistência em receber Alok Sharma contrasta com a disponibilidade para encontrar a deputada Beatrix Von Storch, vice-líder do partido de extrema direita alemão, AFD (Alternativa para a Alemanha) e neta do ministro das finanças da Alemanha Nazista. Esse espetáculo deplorável do Executivo Federal nos envergonha no Brasil e no exterior. Entre todas as coisas que estão entrando em extinção atualmente, no nosso país, a que mais me preocupa é o caráter.
Cesário Melantonio Neto
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