Publicado 17/12/2021 06:00
A diplomacia bolsonarista enfrenta uma crise cada vez maior com a União Europeia. Depois da França, a Alemanha se soma aos pontos de resistência a Brasília. O eixo Berlim e Paris, matriz da União Europeia, agora tem ainda mais pontos em comum, contra o Brasil, com o governo de Olaf Scholz. O motivo dessa insatisfação conosco é a destruição ambiental da Amazônia.
A expectativa diplomática é que o novo governo alemão aumente a pressão ambiental e que a situação piore com o tempo enquanto este governo durar no Planalto. A nova coalizão alemã, mais à esquerda, do que Angela Merkel, ficou decepcionada com a delegação brasileira na COP 26, em Glasgow, que deixou de apresentar propositadamente dados mais recentes sobre o desmatamento na Amazônia, um recorde de 13 mil quilômetros quadrados destruídos.
Essa política de má fé e da mentira não engana ninguém e prejudica a credibilidade brasileira enganando importantes e históricos parceiros na Europa. A confiança conosco foi definitivamente perdida, na Escócia, visto que os compromissos anunciados pelo Brasil no Cúpula do Clima foram só palavras vazias. O descrédito na capacidade de Brasília cumprir meta de zerar o desmatamento ilegal até 2028 é total e assim não há nenhuma possibilidade, em 2022, de Berlim retomar as contribuições, com Oslo, ao Fundo de Amazônia.
Também há preocupações na União Europeia, com a violação de direitos humanos, ameaças à liberdade de imprensa e às instituições democráticas e com o desmonte de órgãos ambientais brasileiros pelo atual grupo no poder em Brasília. A pauta climática tem hoje prioridade máxima, em Berlim, com o novo governo e virou grande preocupação de toda a sociedade da Alemanha. A nova ministra das Relações Exteriores é Annalena Baerbock, uma das líderes do Partido Verde, e favorável ao aumento da pressão global sobre a diplomacia bolsonarista, inclusive com impacto nas relações comerciais.
Robert Habeck, do mesmo partido, chefia agora o Ministério da Economia e do Clima. Os verdes da Alemanha ocupam também o Ministério da Agricultura. A França vai assumir a presidência, de turno, do Conselho da União Europeia, afastando ainda mais, para o futuro, as possibilidades de um acordo comercial com o Mercosul.
É constrangedor usar a mentira na diplomacia como os dados escondidos durante a COP 26 e esse vai continuar a ser um problema do Brasil com a Europa e os Estados Unidos. Só uma mudança de governo em Brasília vai possibilitar a reconstrução das nossas relações com esses importantes parceiros. A recente autorização para mais operações do garimpo ilegal em rios amazônicos demonstra de que lado está a atual administração federal.
O nosso caudilho bananeiro insiste em marginalizar o Brasil do cenário internacional apoiando os grileiros, garimpeiros e fazendeiros ilegais que destroem o patrimônio natural na Amazônia e no Pantanal. Esse crime de lesa majestade contra interesses nacionais vai seguir em 2022, com apoio de Brasília, assegurando posto, no próximo ano, de ecocriminoso do Brasil como pária ambiental no sistema internacional.
O nosso caudilho bananeiro insiste em marginalizar o Brasil do cenário internacional apoiando os grileiros, garimpeiros e fazendeiros ilegais que destroem o patrimônio natural na Amazônia e no Pantanal. Esse crime de lesa majestade contra interesses nacionais vai seguir em 2022, com apoio de Brasília, assegurando posto, no próximo ano, de ecocriminoso do Brasil como pária ambiental no sistema internacional.
Mentira tem perna curta, mas o caudilho bananeiro insiste em enganar os principais parceiros internacionais brasileiros. A destruição irreversível de biomas como a Amazônia detona o futuro ambiental brasileiro e nos transforma em inimigo do planeta. Nos últimos dois anos, a ocupação irregular de terras públicas amazônicas deu um salto de 56%, pois Brasília dá guarida aos invasores desses terrenos.
O Brasil virou o paraíso dos grileiros, pois o Estado federal montou uma rede de proteção para os ladrões de terras. Essa aliança espúria de funcionários públicos, políticos, fazendeiros pecuaristas e grileiros funciona como um dos braços de sustentação política e financeira da filhocrocia instalada no Planalto. Esses grupos insistem na criminalização de povos originários e quilombolas enquanto estimulam a posse de armas.
O resultado é o maior aumento da violência no campo em 35 anos, 2.504 ocorrências em 2020, segundo a Comissão Pastoral da Terra. Esses dados conspurcam a nossa imagem internacional com sérios prejuízos para o relacionamento internacional com os países europeus e com outras nações de diferentes continentes.
A banalização desse ambiente político de violência e de vale tudo faz parte do projeto em curso de destruição do Brasil.
A banalização desse ambiente político de violência e de vale tudo faz parte do projeto em curso de destruição do Brasil.
Neste Brasil em que cada vez existe menos Estado e políticas públicas para preservar o nosso enorme patrimônio ambiental só resta aos homens e mulheres de bem o projeto de resistir aos desmandos federais com apoio da comunidade internacional. Não devemos esquecer a lição de Maquiavel, de que aquele que quer enganar sempre encontrará alguém que queira ser enganado.
Cesário Melantonio Neto
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