Por Luarlindo Ernesto

A crise financeira que assola o país - que crise? - deixa o Brasil no 29º lugar no consumo per capita entre os 35 países consumidores da velha bebida. O estudo foi feito em 2004 e apontou a República Checa como a campeã, com quase 160 litros por ano. Eu, particularmente, apesar de não ser um consumidor habitual, achei pouco. No Brasil Tropical, abençoado por Deus, são quase 56 litros por cabeça (baseado no estudo de 2004). Mas, em 2017, estudo aponta que houve queda do consumo...logo após o aumento. Então, o brasileiro esta bebendo menos enquanto as cervejarias faturam mais. Concordam? Pô, sou da época que faltava cerveja, nos bares, em períodos que antecediam o Carnaval. Nos ensaios das escolas de samba, não. Também a bebida era vendida com um ágio da melhor qualidade. Mas, os estoques, acabavam rapidinho diante de tanta sede dos foliões. Já durante os festejos de Momo, os bares de Norte ao Sul da cidade, ficavam abastecidos normalmente e, alguns, tinham promoções.

Foi nessa época, início dos anos 2000, que os postos de gasolina começaram a vender cervejas. Lembram? As mais vendidas, conhecidas como "baixa renda", abarrotavam os estoques de conhecidos, em suas casas, é claro. Nos bares, esses mesmos conhecidos, se gabavam de não beberem a mais baratas. Em um estudo particular, que eu mesmo fiz, ficou patenteado que esses mesmos bebedores, somente pediam chopes "sem espuma". E vociferavam que, a espuma que corôa as canecas, ou tulipas, "somente servem para roubarem o líquido". Não são "chopeiros". Nem imaginam que o "colarinho", - a espuma, para eles - é que dá o sabor inigualável do chope. Quando eu era um bebedor militante, de chope, pedia a tulipa dupla com o chope pequeno, carregado de colarinho, ou o shinit para os íntimos. Bons tempos... Eu tinha cabelos pretos.

Considerada a mais popular bebida alcoólica consumida no mundo - não precisam me ofender: tem o vinho, também - a cerveja foi inventada 6000 AC! Sem espuma, é claro. Sem malte, sem o lúpulo, deveria ser uma inhaca danada. Mas já era uma pedida e tanto. Ah, tem o chá, o terceiro líquido consumido no mundo (tem gente que bebe água, pura). Fiquei imaginando, bem antes dos 6000 anos, os homens das cavernas, com os cotovelos apoiados em uma pedra, pedindo uma cervejinha antes de ir lutar com um dinossauro. Ah, e as mulheres, bebendo uma cervejinha enquanto preparavam o jantar da família. E os jovens, da época, nas rodinhas de papos, no ambiente enfumaçado pelos vulcões, bebendo escondido dos pais. Caramba, mais já bebiam água, também. Nem só de cerveja vive o homem. A minha dúvida: será que "desperdiçavam" a água para preparar uma sopa?

Voltando à cerveja, ela era bebida pelos antigos egípcios, mesopotâmios, iberos e sumérios, já que a agricultura surgiu na Mesopotâmia entre os períodos Neolítico e a Idade dos Metais. Mas, pouco tempo depois (o tempo nessa época é considerado um espaço pequeno diante da distancia que nos separa) o consumo já era regido por Lei - bem rígida - que regulava a fabricação e o consumo, E determinava até a pena de morte para quem ludibriasse o que estava escrito. O Código de Hamurábi, a tal Lei, também estabelecia uma ração diária de cerveja para o povo da Babilônia: 2 litros para os boias- frias, 3 litros para os uns pouquinho mais abastados (funcionários públicos, incluídos) e 5 para os administradores (os políticos) e, claro,para os sumos sacerdotes (que agiam como juízes).

A Lei não esqueceu os comerciantes (taberneiros) e determinava punições seríssimas para os que tentassem enganar, ou ludibriar,- roubar na conta? - os clientes. Mas, está na hora de parar por cá. Já estou ficando com sede e tenho que respeitar uma dieta draconiana. Ih, lembrei que, no início dos anos 70, estive internado no Hospital Pedro Ernesto, ali no Boulevard 28 de Setembro. Eu conseguia contrabandear duas latas de cervejas, por noite, para acompanhar ovos cozidos - ilegais no hospital, também - Sou da época que água servia para o banho, para lavar a roupa e para fazer a sopa. - Desce mais um chope aí, ô ilustre taberneiro!

 

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