Por O Dia

Que poluição é essa que não é gerada pelo aquecimento global? E nem mesmo chegou da China. É triste, doloroso e impossível de não lembrar do Guandu, de quarenta e tantos anos passados. Em 1962, logo no início, um jornal carioca denunciou matança de gente nas águas daquele rio. No ano seguinte, a coisa piorou com a comprovação das informações. Moradores do Rio de Janeiro e de alguns municípios vizinhos da Baixada Fluminense já bebiam água poluída e não venham com xurumelas. Lembram do caso do "Mata mendigos"? Lembram do nome da sobrevivente Olindina Alves Japiassu? Ela foi jogada no rio. Então, Guandu - e o afluente Rio da Guarda - entrou para a história e ficou conhecido em quase todo o mundo. Entrar para a história é a mesma coisa que ser esquecido logo em seguida. Não temos memória. Então, lembrem-se! Inventaram uma maneira de "limpar" a cidade. Os mendigos foram os alvos iniciais. Eram recolhidos, embarcados em camburões, levados para outros municípios e largados bem distantes. Olha a encrenca aí: os caras simplesmente voltavam para as ruas do Rio de Janeiro! Bolas, então, nada melhor do que a solução final (essa foi forte): sumir, de fato, com os caras. Mas, como? Jogando nos rios! Formidável a saída. Mas não esperavam que Olindina Alves Japiassu, uma mulher de uns 40 anos de idade, escapasse da morte. Na "viagem" em em que ela foi de passageira, outros cinco morreram. Como imaginar um mendigo que soubesse nadar? Bem, não existe o crime perfeito. Houve CPI na Assembleia Legislativa, deu inquérito policial - não existia nenhum órgão de Direitos Humanos e só faltou a ONU entrar na jogada. Por fim, uns funcionários perderam o emprego e logo tudo terminou em pizza!

Bem, em outra ocasião, um policial civil - ele chegou a ser eleito deputado estadual - me contou uma história cavernosa envolvendo o Rio Guandu. O agente da lei tinha cargo de chefia em delegacia de Santa Cruz, no limite com Itaguaí, município vizinho onde a colônia japonesa mantém sítios com plantações de tomates, cocos e outros gêneros. Quase todo dia um imigrante chegava na delegacia para reclamar que cadáveres, geralmente masculinos, vinham boiando pelas águas do Guandu e ficavam presos nas margens do seu sítio. Mas, um belo dia, o "japonês", nem bateu na porta da sala do policial. O agente contou: "o cara foi entrando no meu gabinete, apontou o dedo na minha cara e disse que tinha visto carro da polícia jogando gente no rio". Bem, no dia seguinte, a mulher do japonês bateu na porta da minha sala e se queixou que o corpo do marido estava boiando no rio, "preso na margem da nossa plantação". Que coisa... Naquela região, além dos Rios da Guarda e Guandu, ainda existe o Canal de São Francisco. Área bem grande, com sítios e pouco habitado, típico local ideal para "desovas" de mortos. Bem, há casos em que os corpos são de bois, cavalos, cabras, galinhas, alienígenas...

Desde janeiro, deste ano da Graça de 2020, que somente vejo poluição de geosmina e resíduos industriais e coliformes. A última - será a última? - é de detergente que jogaram na já poluída água do rio. Deu até polícia no caso da água que é enviada para a população consumir. Atentado? Sabotagem? Manobra para dificultar a venda da empresa que cuida da água? Isso me fez pensar em tentar achar saída para ajudar a resolver o problema do abastecimento. A Região Serrana é rica em nascentes. Mangaratiba, idem. Até mesmo temos um município, aqui pertinho, o Cachoeiras de Macacu, cujo nome já diz tudo. O aquífero da Serra dos Pretos Forros pode ajudar e ainda temos nascentes no Alto da Boa Vista e Jacarepaguá. Mas é difícil trazer a água para se tratada por aqui no Rio de Janeiro. Bem, no Império, chegaram a construir o Aqueduto da Carioca para trazer água para o Centro. Ih, na Ilha Grande tem outro aqueduto perto da Praia Preta pertinho das ruínas do Lazareto. Enquanto isso, meu amigos, vamos ver o que a polícia descobre. Polícia? Isso é para deter... gente.

 

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