Rio, 03/06/2020, Rio - 02/06/2020 - ESPECIAL ANIVERSARIO de 69 anos do O DIA - na foto Luarlindo Ernesto, foto de Gilvan de Souza / Agencia O DiaGilvan de Souza / Agencia O Dia
Por Luarlindo Ernesto
Publicado 15/05/2021 06:00
A China vive o Ano do Boi. O Rio de Janeiro vive o Ano do Jacaré. Aliás, o bicho é o animal mais badalado atualmente em nossas bandas. Querem me acompanhar no raciocínio, por favor ? Vamos lá. Tem o que surgiu na contramão da vacina para imunizar o povo da covid-19, tem o da marca de famosa grife francesa de roupas, temos, o que surgiu, em diminutivo, nos últimos dias no noticiário policial da cidade. E tem, ainda, o bairro.
É muito palpite para um bicho só. Será que os bicheiros estão cotando (diminuindo) o prêmio de possíveis ganhadores da loteria clandestina? Só falta mesmo o Ibama entrar na jogada e proibir alguma coisa. Ou mesmo nem dar bola, como tem acontecido ultimamente. Detalhe para aumentar a lista do bicho: o bairro, que pegou emprestado o nome do Rio Jacaré, que nasce no Maciço da Tijuca e deságua na Baía da Guanabara.
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Daí, faltou nadinha para emprestar o nome da favela que nasceu pouquíssimo tempo depois, ali bem ao lado. Somente queria lembrar um detalhe que, parece, caiu no esquecimento: o povo não tem memória. Pelo menos, a frase é lembrada a todo instante por aí. O esquecido nisso tudo foi o Paulo Roberto de Moura Lima, tristemente famoso nos anos 1980 no submundo do crime. O
cara era mais conhecido pelo vulgo de Meio Quilo, considerado um bandido cruel com traidores do bando que chefiava mas, endeusado por grande parte de moradores da comunidade, quase um Robin Wood para os súditos naquela ocasião.
Quando morreu, em 1988, durante tentativa de fuga, tipo cinematográfica (igual ao do parceiro de crimes Escadinha), de helicóptero, foi homenageado no Jacarezinho com festa de inauguração de um busto. Alguém lembra? Meio Quilo estava preso no complexo penitenciário da Rua Frei Caneca (demolido) e a tentativa de resgate foi frustrada com reação, a tiros, dos guardas do presídio. O helicóptero caiu e morreram o piloto, o traficante que estava pendurado no estribo da aeronave e feriu outro bandido que sequestrou o piloto e o aparelho.
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Ih, o caso foi notícia em todo o país. Principalmente porque foi nos mesmos moldes do resgate do Escadinha, da Ilha Grande. Mesmo dando zebra. Um segredo foi revelado, na ocasião, e deixou a política carioca um tanto quanto abalada: Meio Quilo mantinha romance com uma jovem, filha do vice-governador do estado...Vejam a salada que surgiu: misturaram o traficante, a polícia, a tentativa de fuga e um político. Prato feito para jornais, revistas, emissoras de rádios e televisões.

Entre o inquérito policial que apurou o sequestro do helicóptero, e o piloto, os tiros dos guardas do presídio que derrubaram o aparelho, e as mortes, ainda restou um prejudicado. Calma, gente. O banco que financiou a compra da aeronave destruída na queda sobre o presídio, ficou sem receber as prestações devidas. Outra encrenca. O banco entrou na Justiça exigindo o pagamento dos papagaios restantes e o caso rolou nas prateleiras de tribunais por longo tempo. Nem lembro se a instituição financeira recebeu o que deveria receber.
Mas, o caso não terminou aí. E o busto do bandido, erguido na principal praça do Jacarezinho? Bem, a nossa Polícia Civil foi incumbida de entrar na favela e derrubar e apreender a peça. Sob apupos e vaias. Não se sabe, até hoje, quem financiou a confecção da estátua. Mas eu tenho uns palpites.
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