Por PAULO CAPPELLI

Rio - Surpresa, o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC) conseguiu superar o favorito Eduardo Paes (DEM) em número de votos e duelará, com o ex-prefeito do Rio, pela preferência dos fluminenses. O apoio de Flávio Bolsonaro (PSL), eleito senador, foi essencial para Witzel. Romário (Podemos), que aparecia em primeiro nas pesquisas no período pré-eleitoral, derreteu após fracos desempenhos nos debates na televisão.

Economista e professor da UFRJ, Mauro Osório destaca quais temas para alavancar a economia do Rio deverão nortear os debates entre Witzel e Paes no segundo turno.

O DIA: Quais pontos deverão ser abordados por Witzel e Paes?

Divido em dois tópicos: discutir quais as razões da crise e como sair dela. O Rio de Janeiro é o lugar que mais sofre, há décadas, com a lógica do clientelismo. É o único que tem um ex-governador preso e também quase dos os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. Na história recente, a crise pegou em cheio a Petrobras, que tem sede no Rio. O preço do barril de petróleo caiu 50% entre 2013 e 2016. Uma queda de receita de R$ 12 bilhões para R$ 4 bilhões. A crise do estado é de receita, não de despesa. Os candidatos têm que discutir como ampliar a receita.

O futuro governador poderá rever pontos do acordo de recuperação fiscal com a União? O governador Pezão acertou ao assinar o pacto?

Nas condições dadas, foi importante. A folha já estava três meses atrasada, geraria uma crise social inimaginável. É necessário o novo governador rever esse acordo? Sim. Inclusive no contexto de injustiças tributárias fiscais. O governo federal arrecada do Rio R$ 145 bilhões por ano e só devolve para o estado e prefeituras R$ 25 bilhões.

A saída para aumentar a receita passa, necessariamente, pela capacidade do futuro governador de articular com Brasília?

Exatamente. Com a força de um governador eleito, fica mais fácil de se fazer isso. O acordo serviu pra estancar a crise, o assunto agora é como sair dela. Uma riqueza importante como o petróleo praticamente não gera impostos para o Rio. O ICMS do petróleo é cobrado onde o petróleo é consumido, e não extraído. Outro ponto que prejudica muito o estado.

No âmbito da administração estadual, o que pode ser discutido neste segundo turno?

A questão Previdenciária. É uma despesa que precisa ser discutida. Acho que deve ser tratada com mais clareza no segundo turno, no primeiro não ficou claro por parte dos candidatos como isso poderá ser feito.

De que forma a crise na Segurança afeta a economia e como isso pode ser debatido?

Ela atinge fortemente a nossa periferia. O índice é de quatro mortes por 100 mil habitantes em Botafogo, na Zona Sul, e de 140 em Queimados, na Baixada. Há de se buscar agências de fomento, como o Banco Interamericano, para investir em infraestrutura e atrair uma cadeia produtiva para a periferia. Atividades que gerem renda nova. A periferia tem apenas cidades-dormitório.

 

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