David Miranda (Psol) - Andressa Núbia/Facebook
David Miranda (Psol)Andressa Núbia/Facebook
Por CÁSSIO BRUNO

Rio - Casado com o jornalista Glenn Greenwald, que revelou o esquema de espionagem dos Estados Unidos denunciado por Edward Snowden, o vereador David Miranda (PSOL), de 33 anos, assumirá no mês que vem o lugar do deputado federal reeleito Jean Wyllys, do mesmo partido. O ex-BBB decidiu sair do Brasil após receber ameaças de morte.

Em entrevista à Coluna, David conta que, por enquanto, não pedirá segurança, mas analisará mensagens suspeitas recebidas após a notícia de que ocupará uma vaga no Congresso. Ele promete manter o trabalho do colega em Brasília.

O DIA: Você também teme ser ameaçado?

DAVID MIRANDA: Já fui ameaçado na rua, xingado. Logo depois da eleição do primeiro turno, diziam que eu merecia morrer. Nas redes sociais, muita gente tem falado coisas. Disseram que eu seria a próxima Marielle (Franco, vereadora do PSOL assassinada em março do ano passado). Mas as ameaças não vão me paralisar, não. Depois da morte dela, continuamos seguindo em frente. Queremos saber quem matou e quem mandou matar.

Você fez o registro na polícia sobre as ameaças nas redes sociais?

Estou analisando as ameaças que recebi por mensagens no Facebook. Se for o caso, vou registrar como crime cibernético.

Quando assumir como deputado federal, pedirá seguranças?

Não penso em pedir segurança agora. Vamos avaliar com o partido. Já tomei medidas quando a Marielle foi assassinada. Mas acho que estou bem por hora.

Como será a sua atuação na Câmara dos Deputados?

Será parecida com a atuação na Câmara de Vereadores. Tentando sempre o diálogo com todos. A configuração no Congresso não é muito bizarra, apesar de haver muitos parlamentares novos. Farei o que sempre fiz como vereador: explicar os projetos que vou apresentar. As minhas pautas serão Direitos Humanos, LGBTs, genocídio da juventude negra, descriminalização das drogas e proteção aos animais.

Mas existe um projeto específico?

Precisamos aprovar a criminalização da LGBTfobia. Mas é um projeto que ainda precisa ser organizado com a sociedade civil, principalmente com a comunidade LGBT. Não vou apresentá-lo sem ouvir antes o que a população quer. Mas quero aplicar os mesmos aspectos da Lei Maria da Penha. A ideia também é buscar transparência nas redes sociais.

O que achou da decisão do Jean Wyllys?

Jean foi eleito pela terceira vez consecutiva. Fez trabalho belíssimo como representante da população LGBT e dos direitos humanos. Vejo toda essa situação como algo ruim. Um parlamentar ter de sair do país. É uma fraqueza da democracia. É um momento delicado, mas também é uma decisão pessoal. Temos que respeitar o limite de cada um. O Jean passa o bastão para mim como um grande guerreiro que é, e vou continuar com o legado dele.

 

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