A ex-delegada Martha Rocha é pré-candidata à prefeitura pelo PDT - Marcelo Camargo / Agência Brasil
A ex-delegada Martha Rocha é pré-candidata à prefeitura pelo PDTMarcelo Camargo / Agência Brasil
Por CÁSSIO BRUNO
A deputada estadual Martha Rocha, de 60 anos, confirmou à Coluna a sua intenção de disputar a Prefeitura do Rio no ano que vem. No entanto, já manda o recado: será cabeça de chapa ou não se fala mais nisso, contrariando a intenção de partidos de esquerda de criarem um bloco único para lançar o deputado federal Marcelo Freixo, do Psol. Em entrevista, a ex-chefe de Polícia Civil de Sérgio Cabral (MDB) critica ainda as administrações do prefeito Marcelo Crivella (PRB) e do governador Wilson Witzel (PSC). Alvo de tiros em 13 de janeiro, a parlamentar anda de carro blindado e com escolta. Católica, ela tem no gabinete 407 da Alerj mais de 50 imagens de santos - ganhou a maioria de presente.
O DIA: Será mesma candidata à Prefeitura do Rio?
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MARTHA ROCHA: Sim. Há uma decisão do PDT de ter uma candidatura própria. Não apenas no Rio. Mas é uma decisão da Executiva Nacional de que essas candidaturas estejam presentes em todo Brasil.
Como foi a negociação?
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Nas eleições passadas, houve um entendimento de que eu poderia estar na campanha majoritária. Senado e no governo. Mas eu tinha interesse pessoal de renovar o mandato. Agora, acho que é a oportunidade de pensar na cidade. Quero a minha cidade de volta!
O que quer dizer com "cidade de volta"?
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A cidade vive momentos muito difíceis. O cartão de visita é uma cracolândia no meio da Avenida Brasil. Há um aumento expressivo da população de rua. Isso tem que ser encarado. É questão que tem a ver com a dificuldade econômica, com o desemprego que assola o Estado do Rio. Mas o que está sendo feito? A gente vive um abandono que está retratado em várias situações.
A senhora pretende disputar a prefeitura por um partido de esquerda. O Psol lançará o Marcelo Freixo. Ele tem tentando conversar com todos os partidos de esquerda para tentar uma união. A senhora chegou a conversar com ele? Há alguma possibilidade disso?
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Estou no mundo para construir as pontes. Faz parte da nossa estratégia política a conversa. Agora, eu não serei vice de ninguém. Não quero nem nominar as pessoas. Mas eu não serei candidata a vice de ninguém.
Por quê?
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Hoje, eu só submeto o meu nome à Prefeitura do Rio se for em uma candidatura própria. Mas se mais adiante houver um entendimento de construir uma candidatura única (da esquerda), o PDT teria de encontrar uma outra pessoa para ocupar o cargo de vice na chapa.
A turma brizolistas tem resistência ao seu nome.
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Não há possibilidade de alguém ser do PDT e não ser brizolista. Não sei quem é o grupo. Formalmente, não existe. Existem pessoas que entendem que eu não sou o melhor nome. Eu as respeito. Só irei para a candidatura se houver consenso. Não baterei chapa com ninguém.
Já conversa com partidos para fazer alianças?
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É natural. Não só eu. Mas o partido também.
Com quem?
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Prefiro não citar. O partido como um todo tem conversado. O presidente (nacional do PDT, Carlos) Lupi sempre me mantém atualizada.
A senhora foi chefe de polícia do governador Sérgio Cabral (MDB). Pode prejudicá-la?
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A minha indicação foi feita pelo (ex) secretário (de Segurança Pública) José Mariano Beltrame. Eu tinha 28 anos de polícia. Trabalhei como subchefe e corregedora. Com todo respeito aos meus pares, construí uma carreira. Com muita humildade, quero te dizer que, quando assumi a chefia, estava preparada para exercer o cargo.
Como avalia a investigação da morte da vereadora Mariele Franco (Psol)?
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A Polícia Civil e o Governo do Estado devem ainda algumas respostas para a população. Para a família da Marielle, então, nem se fala. É preciso que se diga quem são os mandantes.
Como vê a política de segurança do governador Wilson Witzel (PSC)?
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Tenho muita preocupação com os policiais. Inclusive, pedi uma audiência pública na Comissão de Segurança. Na hora da decisão, quem vai ser submetido ao crivo da Justiça não será o governador. Será o policial civil.
A senhora fala em relação aos snipers?
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Exatamente. É preciso rever. Segurança se faz com tecnologia, análise e discrição. O bom policial é aquele que consegue proceder, seja o patrulhamento ou a investigação, com discrição.
E o episódio de Angra dos Reis, com o Witzel no helicóptero?
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Desnecessário. Acho que é um estilo de governar. Não vi necessidade.
A senhora foi alvo de tiros. A polícia concluiu como tentativa de assalto. Acredita na versão?
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Não podemos achar natural que um carro seja abordado e alvejado por alguém de touca ninja, roupa preta e de fuzil. Não interferi na investigação. Naquele momento, achei ter sido vítima de atentado. Foi em janeiro e, em novembro (de 2018), recebi duas ameaças de morte.