Fernanda Sixel e Rodrigo Neves - Reprodução/Facebook
Fernanda Sixel e Rodrigo NevesReprodução/Facebook
Por Maria Luisa de Melo
Rio - A antiga relação política entre o deputado Waldeck Carneiro (PT) e o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (hoje no PDT) já rendeu frutos para ambos. Em 2012, quando se elegeu prefeito, Neves entregou o comando da Secretaria de Educação da cidade, uma das mais importantes da administração municipal, para Waldeck. Em junho de 2017, já como deputado estadual, Waldeck nomeou a mulher de Rodrigo Neves, a pedagoga Fernanda Sixel, para trabalhar em seu gabinete. O problema é que a moça não é encontrada no trabalho. Desde março, uma equipe do DIA vem fazendo contatos com o gabinete do parlamentar. Só no primeiro mês, foram 14 ligações. "A Fernanda Sixel está?" "A Fernanda?... Não está no momento".

MULHER DE RODRIGO NEVES NÃO É ENCONTRADA NA ALERJ

Os contatos com o gabinete foram feitos antes e depois de Rodrigo Neves ser solto da prisão. Apenas uma vez a equipe recebeu retorno de uma chamada feita por Fernanda, do fixo do gabinete. Em dezembro do ano passado, o prefeito foi preso na Operação Alameda, um desdobramento da Lava-Jato. Foi acusado de liderar um esquema que teria desviado mais de R$ 10 milhões dos cofres da Prefeitura. Segundo a denúncia do Ministério Público, ele receberia 20% sobre os valores do reembolso da gratuidade de passagens aos empresários de ônibus dos consórcios Transit e Transoceânico. Solto em março por um habeas corpus, reassumiu a prefeitura. Mas o processo continua.

WALDECK: 'ELA ME AUXILIA NAS COMISSÕES'

Procurado, Waldeck informou que Fernanda compõe sua assessoria parlamentar e é servidora concursada da Prefeitura de Niterói cedida à Alerj. "Ela me auxilia nas Comissões de Ciência e Tecnologia e de Educação, através da análise de projetos, organização e acompanhamento das audiências públicas e reuniões externas", diz trecho de nota enviada à redação. Ele não comentou, no entanto, o fato de Fernanda não ser encontrada na Assembleia.
O QUE DIZ A ASSESSORA

"Como é de conhecimento público, sou servidora concursada da Prefeitura de Niterói e estou cedida à ALERJ para assessorar o Deputado Waldeck Carneiro - trabalho que tenho desempenhado com dedicação.
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(...) Sou uma assessora parlamentar atuante, com trabalho desenvolvido e reconhecido na militância das causas sociais e democráticas. (...) Auxilio o deputado principalmente nas Comissões de Educação e de Ciência e Tecnologia, o que inclui, além da análise de projetos e acompanhamento de audiências públicas, organização de atividades externas e participação de reuniões com entidades e representantes ligados aos temas das duas comissões.
A minha atuação como assessora parlamentar não se restringe ao trabalho dentro do gabinete. Na verdade, uma das minhas atribuições é estabelecer a interlocução entre o mandato do deputado e diversas entidades da sociedade civil, em especial aquelas voltadas para a assistência social e benemerência."
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PAULO BAGUEIRA DE MALAS PRONTAS

Segundo suplente do deputado Marcos Vinícius Neskau (PTB), o vereador de Niterói, Paulo Bagueira, será convocado esta semana para assumir uma vaga na Alerj. Neskau está preso pela Operação Furna da Onça, assim como seu primeiro suplente, Coronel Jairo (SDD). Eles teriam recebido vantagens do ex-governador Sérgio Cabral para apoiá-lo em troca de votações favoráveis ao governo. Após a convocação, Bagueira terá 30 dias para se apresentar.

PRESIDENTE DA AGLO É AFASTADO

Indicado pelo ex-deputado Jorge Picciani (MDB) para a presidência da Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO), ainda em março de 2017, Paulo Márcio Dias foi afastado pelo secretário Especial do Esporte de Bolsonaro, Décio Brasil.

NADA PUBLICADO NO DIÁRIO OFICIAL

Paulo Márcio conta que foi dispensado através de um telefonema de Décio, no último dia 25. Mas até agora não teve seu desligamento publicado em D.O. Entre as suas atribuições estava a de levar eventos para as arenas cariocas 1 e 2, o Velódromo e o Centro Olímpico de Tênis.

DESDOBRAMENTO DA RACHADINHA

Com a quebra de sigilo de servidores da Alerj, o Ministério Público detectou que funcionários do quadro efetivo também estão participando de "rachadinha" - como foi batizada a prática de embolsar salários de assessores.

PENTE FINO NOS DEPARTAMENTOS

A suspeita começou durante a investigação de um servidor de uma comissão. Diante de sua quebra de sigilo, o MP detectou depósitos feitos de servidor para servidor. Pediram, então, a quebra de sigilo de vários que atuam no departamento das comissões.