Decisão de Marcelo Freixo pode dar novo rumo à corrida eleitoral  - Thiago Lontra / Alerj
Decisão de Marcelo Freixo pode dar novo rumo à corrida eleitoral Thiago Lontra / Alerj
Por Maria Luisa de Melo
De olho - mais uma vez - na cadeira de prefeito, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) diz que vai apostar suas fichas em uma campanha pautada por uma grande aliança entre os partidos de esquerda. Diz que já começou a conversa com o PDT de Lupi e Ciro, e também com PT, PCdoB e PSB. Quando o assunto é a escolha de seu vice, ele admite os nomes de Benedita da Silva (PT) e Martha Rocha (PDT). Mas garante que isso não é prioridade. Já para evitar uma nova derrota como a de 2016, quando a cidade elegeu Marcelo Crivella (PRB), o psolista acredita que a aliança da esquerda o garantirá no páreo. Atribui a derrota da ocasião às dificuldades enfrentadas pela esquerda por conta do impeachment de Dilma Rousseff.
Você virá candidato à Prefeitura no ano que vem e a dúvida é sobre quem será o seu vice. Como ficaram suas conversas com a deputada federal Benedita da Silva (PT)?
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A gente não faz uma política a partir do nome da vice. Isso é uma especulação que nos atrapalha. Nunca tive nenhuma reunião com nome de vice com ninguém. E não vai acontecer este ano. A aliança na qual tenho muita esperança é naquela com vários partidos progressistas. Em agosto, a gente quer fazer um grande seminário no Rio. Talvez aconteça também em outros estados. O PT é importante. A Benedita é um figura extraordinária, tem uma história linda, é minha amiga de muitos anos, mas você não pode começar uma política pelo nome. Nem da Benedita, nem da Martha. A construção da aliança é programática, com muito diálogo com vários setores dos partidos. O Ciro foi jantar na minha casa, ficamos duas horas conversando sobre a cidade, a aliança e sobre 2020 e 2022.
Você fala de uma grande aliança progressista, diferente do que aconteceu na última eleição. Mas a própria Martha Rocha já disse que não será vice na chapa de ninguém. Como estão suas conversas com o PDT?
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Essa grande aliança progressista nunca aconteceu. Mas eu tenho conversado. Jantei com o Ciro, tenho conversado com o Lupi. A candidatura da Martha é uma candidatura importante, é muito legítima. Conheço a Martha há muitos anos, muito antes de a gente ser deputado, a Martha é um nome importantíssimo. Tem o desejo de ser candidata. É legítimo. Mas, se a gente puder caminhar junto, vai ser muito melhor para todos nós. É o meu desejo e acho que não desrespeita o desejo da Martha. Pelo contrário. Mas, se a gente puder caminhar junto com o PDT, PT, PSB, PCdoB e discutindo com os setores mais amplos da sociedade, será ótimo. Não necessariamente por partidos, mas centros de estudo, especialistas, intelectuais e associações.
Mais de dez anos depois da CPI das Milícias, a atuação desses grupos cresceu. Como acha que um prefeito poderia contribuir na solução do problema?
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Lamentavelmente, o relatório da CPI das Milícias, feito em 2018, é atual. Ali tem um diagnóstico. É preciso combater o poder econômico e territorial. Na época, conseguimos prender mais de 240 milicianos, inclusive deputados e vereadores. Mas o poder público não teve a coragem de enfrentar a milícia no seu domínio territorial. Tem que tirar deles a fonte de dinheiro. Se não fizer isso, a milícia cresce. Mais uma vez eu insisto que o Rio precisa de um prefeito que tenha coragem de enfrentar os problemas. E o dinheiro das milícias vem de onde? Das vans alternativas, da grilagem de terra. Isso deve ser combatido pela Prefeitura. A Muzema é um exemplo disso: construção irregular, grilagem de terras, especulação imobiliária. Tudo isso é responsabilidade da Prefeitura. Está na hora de a Prefeitura enfrentar as milícias. Não faz porque não tem coragem.
Em 2016, você perdeu para o Crivella por uma grande diferença de votos. O que você faria de diferente para não nadar, nadar e morrer na praia de novo?
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Aquela eleição de 2016 foi quando a esquerda teve o seu pior momento, tanto é que ela perdeu no Brasil inteiro. Eu fui um dos poucos candidatos da esquerda que chegou no segundo turno. Era um momento difícil. Mas a situação mudou muito.Sem contar que naquela eleição a gente não conseguiu fazer uma aliança mais ampla que a gente vai conseguir fazer esse ano. Isso tudo vai fazer com que a gente chegue no segundo turno e possa ganhar a eleição. São dois elementos muito importantes pra gente não repetir o erro. Havia uma conjuntura desfavorável à esquerda naquele momento. Mesmo que a gente não tivesse nenhuma responsabilidade com o governo do PT, porque não fui do governo. Toda a esquerda, naquele momento, pagou um preço muito grande. Perdeu no Brasil inteiro.
Houve uma mudança de estratégia da sua parte? Dizem que você está menos radical...
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Eu nunca fui esse radical. Se pegarem o meu mandato na Alerj, sempre foi de muito diálogo. O que chamam de radical é porque eu sempre fui o principal opositor do Cabral e do MDB. Eu defendia a prisão do Cabral desde 2009, quando ele era o querido de muita gente. Hoje, consigo ter uma capacidade de diálogo com setores mais amplos por estar em Brasília, um cenário mais nacional e vamos precisar de muita gente para governar o Rio.