Marco San, secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Tecnologia - Divulgação
Marco San, secretário municipal da Pessoa com Deficiência e TecnologiaDivulgação
Por CÁSSIO BRUNO
RIO - O cientista político Marcos Antônio Teixeira, de 47 anos, ganhou o apelido de Marco San quando entrou na política ainda adolescente. À época, lutava karatê. Hoje, é braço-direito do amigo e senador Romário no Podemos, partido onde é secretário-geral. Recentemente, San assumiu o comando da Secretaria municipal da Pessoa com Deficiência e Tecnologia. A pasta foi criada pelo prefeito Marcelo Crivella (PRB) especialmente para o ex-jogador de futebol. Em troca, Romário o apoiará na tentativa de reeleição no ano que vem. No acordo, a bola ficou com Marco San. "Ele (Romário) acha que a cidade precisa de unidade", diz o secretário, que, em outubro, inaugura um centro de tratamento para os deficientes.

O DIA:O Romário já descartou disputar a prefeitura do Rio em 2020?

MARCO SAN: O partido (Podemos) trabalha no sentido de compor com o prefeito Crivella. Até porque estamos participando do governo.

Não há chances de o Romário concorrer?

Neste momento, caminhamos para efetivar a aliança.

Pode mudar?

Creio que não.

O que ficou acertado entre o Romário e o Crivella para a eleição?

Na verdade, não tem nenhum tipo de acordo específico. Já era para estarmos
participando do governo desde o início. Ocorreram alguns conflitos de informação e de entendimento quanto ao espaço político. Mas, agora, por exemplo, com a secretaria da Pessoa com Deficiência e Tecnologia, é o espaço que a gente está tendo para dar visibilidade aos quadros do partido.

Por que não teve acordo no início do governo?

Havia uma expectativa já que o Romário foi um dos primeiros a apoiá-lo logo no primeiro turno. Mas perdemos a direção do partido em função da escolha. E, na época, o prefeito também estava com a política de enxugar secretarias. No fim, ocuparíamos uma subsecretaria e não uma secretaria. Então, não teve um acordo.

Quantas pessoas do grupo do Romário trabalham hoje na prefeitura?

Eu.

Mais ninguém?

O senador Romário não me pediu absolutamente nada. Só para que eu fizesse um trabalho de visibilidade com a pessoa com deficiência. Inclusive, para olhar a questão das doenças raras, que é um tema que ele mais trabalha.

Por que o Romário decidiu se aliar ao Crivella?

Porque ele acha que a cidade precisa de unidade. O tecido político foi todo rasgado no Rio de Janeiro e desunião entre as instituições tende a rasgar mais ainda. Como cidadão da cidade do Rio, o Romário entende que é preciso hoje um momento de união, de canalizar recursos e torcer para que os dirigentes que estejam à frente façam o melhor possível.

Mas o Romário xingou o Crivella publicamente. Fez duras críticas e disse que ele não era o prefeito adequado para o Rio. Por que mudou de opinião?

Águas passadas. O Romário hoje é uma pessoa muito mais madura na política e tende a olhar o coletivo de uma forma mais objetiva.

O Romário vai pedir votos para o Crivella na rua? Como ficou acertado?

Será natural, principalmente, na medida que a política pública na área da tecnologia e da pessoa com deficiência começar a inaugurar ações. Vão se encontrar em inaugurações, em eventos. Quando a política pública dá certo na ponta, não há problema nenhum.

Digo na campanha.

É uma coisa pensada lá na frente. Não é o momento. Depois de junho (de 2020), quando se efetivam as candidaturas, traçaremos as estratégias, os planejamentos e as agendas. O senador está preocupado agora que a cidade dê certo.

O que deu errado na campanha para governador?

Não tínhamos estrutura partidária ainda. Tivemos dificuldades em fazer alianças, de dar corpo à candidatura. Além disso, fomos pegos pelo fenômeno Jair Bolsonaro. O (governador Wilson) Witzel conseguiu canalizar esse perfil de voto, a onda Bolsonaro.

A gestão Crivella acaba em 2020, podendo ou não ser reeleito. Dará tempo de fazer um trabalho relevante na secretaria? Quais são os planos?

Vamos inaugurar em outubro o Centro de Referência do Tratamento da Pessoa com Deficiência, principalmente do autismo. Já lancei edital e a gente inaugura na segunda quinzena de outubro, na altura da Praça Seca.

Como será a fiscalização das leis voltadas para os deficientes?

Vou pôr nas ruas, em 10 dias, no máximo, blitzes em parceria com a Secretaria municipal de Transportes, que poderão multar as empresas de ônibus que não estão com o equipamento adequado. Faremos todo um trabalho de educação, de sensibilização.

As fiscalizações das empresas de ônibus, por exemplo, serão rotina?

Permanente. Não precisarei de muitos recursos para fazer isso. É mais atitude.