O ex-deputado federal Leonardo Picciani - Arquivo/O Dia
O ex-deputado federal Leonardo PiccianiArquivo/O Dia
Por CÁSSIO BRUNO
RIO - Bacharel em Direito, Leonardo Picciani, de 39 anos, teve o pai, Jorge, e o irmão, Felipe, presos na Operação Cadeia Velha, braço da Lava Jato. Ex-ministro dos Esportes no governo Michel Temer, ele perdeu a reeleição para deputado federal no ano passado. Hoje, dedica o tempo para cuidar dos negócios da família, principalmente na área da pecuária, e presidir o combalido MDB estadual, cujos caciques (Sérgio Cabral, Eduardo Cunha e Paulo Melo) estão atrás das grades. Em entrevista à Coluna, Leonardo fala sobre o seu futuro e o da legenda. Revela ainda a rotina do ex-presidente da Alerj, que teve câncer na bexiga e se trata em prisão domiciliar. "Ele está afastado em definitivo da política".

O DIA: Depois da Lava Jato, das prisões, o MDB tem condições de lançar uma candidatura própria para prefeito do Rio?

LEONARDO PICCIANI: O MDB, evidentemente, se tiver um nome competitivo e que deseje disputar a eleição de prefeito, pode vir a lançar candidatura própria.

Você está à procura?

O partido tem grande número de filiados e lideranças. Se houver a possibilidade, estará de portas abertas. Mas não estamos em uma busca. Queremos ter bons quadros, formar jovens e fazer um trabalho amplo na questão da militância feminina. Se a partir daí surgir uma liderança que deseje e o partido julgue positivo, é possível. Mas não é uma obsessão.

A tendência é aliança?

Não diria tendência. É uma possibilidade.

O partido apoiaria o Eduardo Paes (DEM) a prefeito, como na campanha dele ao governo em 2018?

Não há restrição. Não sei se o Eduardo é candidato. Mas pode ser um nome. Até porque fez um grande governo. Com resultados expressivos na gestão. Mas nem sei se o Eduardo será candidato. Ele não procurou o partido.

Mas você recebeu algum sinal do Paes de que não seria candidato?

Não.

O MDB lançará candidatos a prefeito em quantos municípios?

Na maioria. Existem municípios que os nossos prefeitos disputam a reeleição e serão prioridade. E há cidades que nós temos candidatos competitivos. Aliás, na última eleição de prefeito que teve no estado, fora de época, agora, em Paraty, quem ganhou foi o MDB.

Em quantas cidades?

Em dois terços dos (92) municípios. E, no restante, teremos alianças ou candidatos a vice-prefeitos.

Onde será prioridade?

Temos cidades importantes que disputam a reeleição, como Duque de Caxias, Petrópolis e Belford Roxo.

Os vereadores do MDB do Rio preparam saída em massa para a próxima eleição. A legenda tem 10 vereadores. Como avalia?

O partido tem a porta aberta. Não acredito em saída em massa. Um ou outro pode sair, como alguns podem entrar. Será uma eleição com regra nova: o fim das coligações nas chapas proporcionais. Os partidos terão de fazer chapas próprias. O MDB, tenho certeza, terá nominata própria e competitiva. Atrairá novas lideranças interessadas em disputar eleição.

Mesmo com os escândalos de corrupção?

Escândalo de corrupção está em todos os partidos. Pessoas que respondem a uma ou outra questão na Justiça. O partido hoje tem gente que não responde a nada e disputará a eleição.

Há um grupo dentro do MDB insatisfeito com a sua permanência na presidência. Querem renovação.

Tivemos convenção em novembro. Foi chapa única. Ninguém apresentou chapa para disputar comigo. Não vejo essa insatisfação. Tenho apoio do diretório.

Disputará algo em 2020?

Não. Vou cumprir o papel de presidente do partido.

E em 2022?

Vou decidir mais à frente. Ainda está longe.

Como está seu pai?

Continua o tratamento, que é permanente. Se desfiliou do MDB. Está afastado em definitivo da política. Cuida da saúde e da defesa.

Como é a rotina dele?

Teve complicação. Precisa fazer seis vezes ao dia um cateterismo vesical para esvaziar a bexiga porque, por consequência de não ter feito o tratamento na prisão, perdeu um dos rins. Para não perder o outro, faz diariamente o tratamento. Tem a assistência do enfermeiro.

Não recebe a visita de nenhum político?

Nenhum. Ele se afastou completamente da política.

Fará delação premiada?

Não.

Por quê?

Ele não tem o que falar.

Seu pai está preso. Seu irmão foi preso. Você perdeu a reeleição para deputado federal. Tem algum arrependimento?

Nenhum. No caso do meu pai e do meu irmão, tenho a convicção de que eles foram presos de forma absolutamente injusta e vão comprovar a inocência. No meu caso, quem disputa eleição pode ganhar e perder. Disputei cinco. Ganhei quatro e perdi uma. O povo decide. É natural na democracia.