O DIA: Quem apoiará em 2020 para sucedê-lo?
RODRIGO NEVES: A eleição está longe. Quem está governando tem que se concentrar em realizar as entregas para melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
Mas o senhor está indeciso entre sete pré-candidatos, certo?
Temos o Axel Grael (PV), que foi meu vice-prefeito e é secretário de Planejamento. A Giovanna Victer (sem partido), que hoje é a secretária de Fazenda. O Comte Bittencourt (Cidadania), meu candidato a vice-prefeito em 2016 e atual secretário municipal de Governo. O deputado estadual Waldeck Carneiro, presidente da comissão de Ciência e Tecnologia. O deputado estadual Paulo Bagueira (Solidariedade). O deputado federal Chico d'Ângelo (PDT).
E o ex-deputado federal Sergio Zveiter (DEM)?
Decidiu priorizar, nos próximos anos, o seu escritório de advocacia. Não se põe à disposição para a eventual missão no ano que vem.
Mas o que pesará na escolha? Quem estiver melhor nas pesquisas?
Além das pesquisas, consultas às lideranças da sociedade civil e às lideranças políticas da cidade.
São tantos pré-candidatos. Não é medo de perder?
Acredito que será uma eleição onde a sociedade vai expressar um reconhecimento das ações positivas da gestão municipal que fez a cidade superar a grave crise que herdamos. Realizamos projetos em todas as regiões da cidade, em todas as frentes e políticas públicas.
Mas existe um fato novo: o PSL, de Jair Bolsonaro. Provavelmente, deve ser o deputado federal Carlos Jordy. Como enfrentar?
Nossos principais adversários são a extrema-direita, com o filhote de Mussolini (refere-se a Jordy), e a extrema-esquerda, que, muitas das vezes, se equipara e que não tem um projeto de gestão para Niterói.
O governador Witzel (PSC) apoiará o seu candidato ou um adversário?
Temos um diálogo muito positivo com o governador Witzel e o vice-governador Claudio Castro, superando diferenças partidárias e ideológicas para o desenvolvimento de ações de cooperação, sobretudo na segurança pública. E isso é importante porque, em uma democracia, após a eleição, os governantes têm que deixar as diferenças partidárias de lado para o bem comum.
Mas o senhor corre o risco de enfrentar uma eleição sem o peso do apoio de um presidente da República e de um governador.
A eleição municipal tem menos peso ideológico e nacional. Assumimos Niterói com R$ 300 milhões de dívidas. Pagamos todas. Reservamos mais de R$ 1 bilhão para investimentos até o final de 2020. Estamos investindo pesado em segurança.
Não acredita na força eleitoral do Bolsonaro?
Ninguém ganha de véspera e não é razoável. Não podemos subestimar os adversários. Mas Niterói continuará seguindo em uma trajetória de gestão fiscal responsável, transparente e de indução do desenvolvimento local e de políticas sociais.
Como foram os três meses na prisão?
O que ocorreu é absolutamente inaceitável no estado democrático de direito. Nunca fui ouvido até hoje. Foram omitidos dados do Coaf, da quebra de sigilo que corroboram com a minha simplicidade e idoneidade. O meu governo contrariou os interesses de concessionárias ao unificar as três tarifas previstas no contrato feito pela administração anterior. O contrato previa oito aumentos de tarifa em seis anos. Só concedemos quatro.
E a rotina na prisão?
Tive oportunidade de ler mais de 43 livros de sociologia, de antropologia, de ciência política. Reli Machado de Assis. Virei especialista em África do Sul porque li a respeito do Apartheid e de Nelson Mandela, exemplo de resiliência. A leitura, a oração e o exercício físico são atividades indispensáveis para manter a lucidez. Sempre fui católico praticante. E a experiência dolorosa para mim, para minha família, foi a oportunidade de aumentar a intimidade com Deus. Sempre fui um homem de fé.
Se encontrou com o Cabral e outros presos da Lava Jato em Bangu 8?
Ocasionalmente.
Sobre o que vocês conversaram lá dentro?
Isso é um espaço de intimidade das pessoas.