Lula - Daniel Castelo Branco / Agencia O Dia
LulaDaniel Castelo Branco / Agencia O Dia
Por O Dia

Centrais sindicais que participaram do movimento Lula Livre e líderes de partidos historicamente alinhados ao PT têm demonstrado descontentamento com a atuação política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que ele deixou a cadeia, em novembro de 2019.

Segundo eles, Lula tem feito uma política muito "estreita". O movimento é interpretado por petistas como uma tentativa de isolar Lula e o PT e levar a centro-esquerda para projetos mais amplos como os de Ciro Gomes (PDT) ou do apresentador de TV Luciano Huck (sem partido).

Força Sindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e União Geral dos Trabalhadores (UGT) não foram convidadas para reunião nacional da campanha Lula Livre marcada para hoje, em São Paulo. Em 2018 essas centrais (e outras quatro) aceitaram transferir o centro da comemoração do Dia do Trabalho de São Paulo para Curitiba em solidariedade a Lula. Alguns de seus dirigentes se engajaram pessoalmente na campanha pela libertação do petista.

Agora, reclamam que o ex-presidente, desde que saiu da cadeia, só recebe dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT). "Depois da saída da prisão Lula só se encontrou com CUT. Não recebeu nenhuma outra central. A política dele está estreita. Lula só chegou à Presidência quando se aplicou com empresários", disse o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

A Força é ligada ao Solidariedade. A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) tem na presidência Antonio Neto, do PDT, e a UGT é presidida por Ricardo Patah, do PSD. Até mesmo centrais que devem participar da reunião Lula Livre, como a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), que tem dirigentes ligados ao PCdoB e ao PSB, questionam a postura de Lula.

"Queremos ir lá para mostrar nossa opinião. O mundo não gira em torno do Lula. O PT e a esquerda foram derrotados e construir a possibilidade de um retorno terá que fazer um movimento mais amplo", disse o presidente da CTB, Adilson Araújo, do PCdoB.

Patah, da UGT, confirmou que não foi convidado para o evento, mas minimizou o fato de ainda não ter sido recebido por Lula. "Nós sabíamos que ele teria um período de quarentena para resolver problemas pessoais. No momento certo ele vai conversar com as centrais", disse ele.

 

Flávio Dino no centro da disputa
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O deputado Orlando Silva (PCdoB) publicou um texto anteontem no qual ataca Lula por ter dito que dificilmente alguém se elege presidente por um partido comunista e exaltado o tamanho do PT em comparação com outros partidos de esquerda. "Lula considerar difícil a eleição de um comunista para presidente não surpreende, afinal, ele considerava impossível uma vitória para o governo do Maranhão. Flávio Dino foi eleito e reeleito governador sem seu apoio", questionou o deputado que foi ministro dos Esportes no governo Lula.
Dino está no centro da disputa desde que se reuniu com Huck, abrindo margem para especulações sobre uma chapa Dino/Huck.
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Aliado explica a estratégia
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Segundo o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, as centrais não foram convidadas porque a reunião é restrita às entidades que participaram organicamente do movimento. "O objetivo é discutir o fato de que Lula está solto, mas não teve reconhecida sua inocência nem teve de volta seus direitos políticos", disse ele.
Okamotto rechaçou a possibilidade de antigos aliados estarem preocupados com a hipótese de Lula reaver seus direitos e ser candidato novamente em 2022: "Dou de barato que ninguém da esquerda tem um pensamento tão raso".
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No início do ano o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, criticou o fato de o petista ter dito em entrevistas que os EUA e a CIA estariam por trás dos protestos de junho de 2013.
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