O Procurador-Geral de Justiça, Eduardo Gussem. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia - Daniel Castelo Branco
O Procurador-Geral de Justiça, Eduardo Gussem. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O DiaDaniel Castelo Branco
Por ADRIANA CRUZ

RIO - O procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, chefe do Ministério Público do estado, mesmo fora do Brasil, prestou solidariedade ao chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, e mais sete denunciados pelos promotores Cláudio Calo e André Guilherme Freitas por crimes contra a Lei de Licitação à 38ª Vara Criminal. Em mensagem por WhatsApp, Gussem, que alega em estar na Argentina, lamenta o episódio no qual o grupo é colocado em xeque por fraudar três contratos emergenciais para a contratação de mão de obra para Tecnologia da Informação de mais de R$ 19 milhões.

Gussem esclarece que só soube da propositura da ação pela imprensa e através de dois telefonemas de Rivaldo.

"Lamento, sobretudo, pelo fato de você e seus colegas não terem sido ouvidos para justificar as contratações. Atitudes como essa estão dissociadas da postura que o Ministério Público deve ter na defesa do estado democratico (sic..), diz um dos trechos.

Em outro, Gussem a afirma que a medida, principalmente, em tempos de intervenção federal ultrapassa as instituições. O procurador-geral informa ainda ao chefe da Polícia Civil que também enviou mensagem ao interventor Walter Braga Netto e ao secretário de Segurança, general Richard Nunes, que a chefia do Ministério Público não participou ou colaborou com a denúncia. "Saiba que assim como eu, inúmeros colegas estão desconfortáveis com as circunstâncias em que tudo ocorreu", escreveu o procurador em outro trecho, lembrando que a Polícia Civil trabalha irmanada com o Ministério Público. Gussem esclarece que falará com Rivaldo pessoalmente na próxima quinta-feira, quando retorna ao Rio.

O procurador-geral afirma que não há um racha no Ministério Público. "Nosso objetivo maior tem que ser o enfrentamento ao crime organizado, às milícias e aos autores do atentado à Marielle e ao seu motorista, Anderson", ressaltou Gussem. 

Procurado pelo DIA, Eduardo Gussem confirmou que a mensagem é verdadeira. Leia abaixo a íntegra: 

"Prezado Rivaldo, boa tarde !!!

Acabo de chegar a Bariloche para umas pequenas férias. Passei o dia de ontem viajando. Só tenho conexão no hotel.

Reitero o que lhe falei na quinta-feira, 12/07, quando lhe disse da minha surpresa com a propositura da Ação Penal contra você, o Leba e seus colegas. Como todo cidadão desse Estado, tomei conhecimento da mesma pela imprensa e, em seguida, por você, através de dois telefonemas.

Lamento, sobretudo, pelo fato de você e seus colegas não terem sido ouvidos para justificar as contratações. Atitudes como essa estão dissociadas da postura que o Ministério Público deve ter na defesa do estado democratico.

Lamento, também, por estarmos sob intervenção federal na área de segurança pública e, por óbvio, uma medida dessa magnitude transpassa as instituições.

Ontem à noite, tão logo tive oportunidade, enviei mensagem ao General Braga Netto e ao General Richard esclarecendo que as ações foram propostas na esfera da promotoria de justiça, sem qualquer participação ou colaboração da chefia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Saiba que assim como eu, inúmeros colegas estão desconfortáveis com as circunstâncias em que tudo ocorreu.

Peço que você faça esses esclarecimentos à corporação que sempre atuou irmanada com o Parquet fluminense. O MPRJ e a PCERJ tem inúmeros projetos em conjunto e espero, sinceramente, que nossas Instituições superem esse momento adverso com a devida serenidade e equilíbrio.

Retornarei minhas atividades na quinta-feira, dia 19/07, quando farei contato pessoal com todos os integrantes da estrutura de segurança do Estado.

Abs,

Gussem"

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