Ex-governador Sérgio Cabral - Rodrigo Felix Leal
Ex-governador Sérgio CabralRodrigo Felix Leal
Por ADRIANA CRUZ

Rio - Mesmo condenado a 183 anos de prisão, o ex-governador Sérgio Cabral não quer saber de ficar dentro da lei. Ele foi flagrado com R$ 570, quando o máximo permitido são R$ 100, em inspeção ontem agentes da Corregedoria da Secretaria de Administração Penitenciária e do Ministério Público, Pedrolino Werling de Oliveira, Bangu 8. Os dois órgãos prometem apertar ainda mais a fiscalização. A unidade é monitorada por câmeras.

Mas Cabral vive sendo alvo certo. Sozinho em uma cela neste terça-feira, ao receber o flagrante abaixou a cabeça e ficou bem manso. Como punição ficará sem TV e terá as visitas suspensas por dez dias. Além disso, vai responder a uma Comissão Técnica de Classificação (CTC) pelo encontro da quantia. Por enquanto, o dinheiro fica no 'cofre' da Seap. Segundo o Ministério Público Federal, Cabral mandou para conta no exterior 100 milhões de dólares, o equivalente a R$ 372 milhões, dos quais R$ 290 milhões foram para o bolso do político.

Se Cabral recebesse daqui a 28 anos anos e um mês os R$ 570 - quando completaria 30 anos de prisão, máximo de tempo para ficar na cadeia apesar da pena centenária - o dinheiro chegaria a pouco mais de R$ 3 mil. O rendimento seria com base na poupança a meio por cento ao mês. "Mas se não houver correção, cai para R$ 165,83, em função da inflação projeta de 4,5 atual do Banco Central", afirmou o economista Gilberto Braga.

A trajetória de Cabral na cadeia é marcada pelo desrespeito as regras. Preso em novembro de 2016, ele foi para a Cadeia Pública Frederico Marques, em Benfica. A 'estadia' foi marcada por regalias como direito a degustar camarões, queijo e iguarias que o levaram, por ordem judicial, para a sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná. Mas a temporada de festa caiu desde de que ele voltou ao Rio em abril e todos presos da Lava Jato foram transferidos para o Complexo de Gericinó, em Bangu. Bangu 8 e monitorado 24 horas por câmeras e as imagens são vistas na Seap e no MP.

Punição exagerada

Para o advogado do ex-governador Rodrigo Roca, a punição é desmedida. "O ex-governador dispunha do dinheiro certo para o pagamento do seu consumo na cantina da unidade, a qual ficou fechada por determinado período. O seu único erro foi não ter acautelado o valor excedente no setor próprio, mas, daí a ser conduzido ao isolamento há uma grande desproporção", protestou Roca.

Ele alegou que vai pedir ao juiz da Vara de Execuções Penais para cassar as medidas punitivas da direção do presídio. Também durante a inspeção, a Corregedoria e o MP encontraram com R$ 462 com o preso Aurenildo Campos Casanova. Ele também ficará em uma cela sozinho, sem direito a visita e tv durante dez dias.  

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