Thiago Fragoso está em alta. Na pele do advogado Patrick em 'O Outro Lado do Paraíso', o ator tem recebido elogios dos telespectadores que, nas redes sociais, torcem pelo casal #Clarick - uma junção dos nomes Clara (Bianca Bin) e Patrick. Morador do Rio, nascido e criado na zona norte, Thiago conta que já foi assaltado nove vezes. "Nossa cidade vive o apogeu de uma história política viciada. Já voltei pra casa quando morava no Engenho Novo contando balas traçantes que eram disparadas entre a comunidade dos Macacos e a do Morro dos Pretos Forros. Já tivemos bala perdida na varanda de casa", lembra. Na entrevista a seguir, o ator fala da carreira, da família e relembra o acidente sofrido em 2013 quando fazia a peça 'Xanadu'.
As pessoas shippam o casal #Clarick mesmo sem ser um casal (ainda). O que você ouve nas ruas?
Tem muita gente que vem me dizer que a mãe, avó amam o Patrick. Acho muito fofo. Sempre nesse sentido... Me pedem muito pra Patrick ficar com Clara! Sempre digo que eu também torço mas só o Walcyr (Carrasco, o autor) tem as respostas.
Você gostou da temática da novela ser sobre o empoderamento feminino?
Acho a maior sacada da novela. Esse tema é fundamental nos nossos tempos e é triste perceber o tamanho da desigualdade que impera em todo mundo relacionada a questões de gênero. A novela em geral é algo muito enraizado em nossa cultura e proporciona toda sorte de discussões na sociedade. Torço pra que nossa novela proporcione um amplo debate com relação, não só a violência doméstica, mas também com relação a disparidade salarial e representação política da mulher.
Na sua opinião, as mulheres deveriam ganhar mais ou igual aos homens?
A remuneração deve ser adequada ao serviço prestado. O que eu acho é que nós vemos muitas mulheres mais capacitadas que homens recebem menos pra exercer a mesma função. Isso tem que acabar. Levando em conta a realidade brasileira onde tantas mulheres são chefes da família, muitas vezes sem participação de um parceiro (a), fica evidente a injustiça da situação.
Você participou do 'Popstar' e quer investir em um projeto musical assim que a novela terminar. Que projeto novo é esse? O que dá pra adiantar?
Eu tenho muitas músicas compostas, há anos. Nunca interrompi minha relação com a música. Hoje em dia, a vontade de fazer algo próprio é enorme. A própria tecnologia digital permite que a gente tenha mais mobilidade e possa viabilizar um disco sem necessidade de uma gravadora. A ideia é fazer um disco bonito após a novela. Ainda não fechei repertório mas tô nesse caminho.
Você já fez dezenas de musicais. É sua paixão?
Eu sou apaixonado pela minha profissão. Tenho muito prazer em fazer musicais mas não me considero um especialista no gênero. Gosto de transitar. O desafio é que me move.
Em 2013, você sofreu um acidente em que quase morreu durante a peça 'Xanadú'. Você superou esse acidente? De vez em quando lembra?
Virou parte da minha vida, né? Eu sempre busquei ser discreto a respeito. Minha maior preocupação sempre foi de aparecer através de meus personagens, não da minha vida pessoal. Nesse caso, uma tragédia pessoal. Tenho uma cicatriz grande, e não posso descuidar dos exercícios pra não ficar com dor.
Qual foi o momento mais difícil da sua carreira?
Certamente, o acidente. Não sabia se iria me recuperar nem como ficaria após uma melhora. Eu devo muito ao (diretor) Dennis Carvalho que havia me escalado pra 'Lado a Lado' e não desistiu de mim, mesmo nos piores momentos. Ele ligava pra Mari (minha esposa) todos os dias pra saber como eu estava e dizer que estava me esperando. Se não tivesse essa confiança e esse apoio dele, não sei como teria sido. Foi fundamental voltar a trabalhar naquele momento que eu voltei.
Você está casado há 13 anos com a atriz Mariana Vaz e tem um filho. Tem vontade de aumentar a família?
Sim, temos. Somos muito sortudos em ter um filho amoroso e inteligente como o Benjamin. Ele sempre pede uma irmã.
Como está o tempo em família com as gravações da novela? O que vocês gostam de fazer juntos nas horas vagas?
Gostamos de ficar juntos... A gente assiste a filmes, passeia com o garoto. Coisas de família... Agora que ele voltou as aulas fica mais concentrado no fim de semana. Mas também faço questão de ficar com ele pela manhã.
Você nasceu e foi criado na Tijuca, perto do Morro dos Macacos. Fala um pouco dessa violência do Rio? O que você já vivenciou? Já foi assaltado?
Já fui assaltado nove vezes (entre tentativas e assaltos de fato), inclusive à mão armada. Nossa cidade vive o apogeu de uma história política viciada. Quem paga o preço da desonestidade e falta de competência é a população. Principalmente a mais pobre. Já voltei pra casa quando morava no Engenho Novo (já morei no Grajaú, Tijuca a maior parte da vida, Campo Grande... Mudávamos muito de casa) contando balas traçantes que eram disparadas entre a comunidade dos Macacos e a do Morro dos Pretos Forros. Já tivemos bala perdida na varanda de casa. É a realidade carioca.
Atualmente você mora na Barra. Foi a violência que te afastou na zona norte?
Foi a proximidade dos Estúdios Globo (risos)...
Como você lida com a fama?
Eu gosto de gente, gosto de conversar, de fazer amigos. Acho muito legal quando as pessoas falam do trabalho. Procuro responder a todas as mensagens que recebo no Instagram (a rede que eu mais uso) mas, hoje em dia, tem sido mais difícil. A novela tem feito muito sucesso e fica difícil dar conta, mas eu tento.
Qual é o limite entre você e os fãs?
O limite é físico, somente. Geralmente tem uma distância grande entre mim e a maioria dos fãs. É bonito ver o movimento dos fã-clubes no Brasil inteiro. Fico emocionado. Acho que a abordagem faz parte e é bem-vinda quando há respeito.
Você tem mais de um milhão de seguidores no Instagram. Viveria sem redes sociais?
Com certeza (risos). Eu faço um esforço consciente pra estar presente. Acho que é sinal dos nossos tempos, não quero ser um cara anacrônico. Além disso eu acho um canal importante com o público que gosta de mim e me acompanha.
Você gosta de estudar sobre fé e religiões. Tem alguma religião? Em que você acredita?
Não tenho nenhuma religião específica. Isso é um caminho constante na minha vida, de fé e questionamento. Acho os ensinamentos mais importantes que os dogmas.
Você é um dos galãs da novela. O assédio feminino aumentou? Como você lida com isso?
Aumentou, mas acho que é normal pelo personagem e o sucesso da novela. Eu tenho plena consciência do poder da televisão e que esse poder não é meu. Pra existir o Patrick tem uma porção de gente envolvida.
Já levou cantada de homens? Como reagiu?
Já, claro. Recebo comumente. Eu fico sem graça... Sou tímido. Cantada me deixa embaraçado sendo homem ou mulher.
Se você estivesse no lugar da Clara também planejaria uma bela vingança?
Não. Acho importante distinguir a justiça da vingança. Por coincidência, acho que o Patrick também pensa como eu.
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