Luana Piovani - DECHELLES/DIVULGAÇÃO
Luana PiovaniDECHELLES/DIVULGAÇÃO
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Rio - Em mais de 20 anos de profissão, esta é a primeira vez que este colunista entrevista Luana Piovani. E a coluna se atreve a dizer que o índice de leitura deveria ser de cem por cento. Não por causa do entrevistador. Mas por essa mulher inteligente, que não teme a verdade e nem tem papas na língua. Luana fala de seus problemas com a TV Globo, Dado Dolabella, dos namorados anteriores a Pedro Scooby e também sobre o marido. Vale a pena conferir.

Com mais de 20 anos de profissão, eu nunca havia entrevistado Luana Piovani. Nós tivemos algumas rusgas mas eu acho que os humanos evoluem e eu evoluí como jornalista. Acho que ela também evoluiu.

Com certeza. Não é demais? Isso é muito legal! Eu vim feliz pra cá.

Você sempre disse que não gostava desse jornalismo de celebridades. Acho legal você falar a verdade. Quero falar sobre sua relação com a imprensa. Há uns anos, existia a cultura do paparazzi que hoje praticamente não existe. As redes sócias ganharam muita força e a imprensa perdeu, até por conta da internet. E a gente via uma Luana que se preservava demais e a com as redes sociais a gente vê uma Luana que expõe o que quer. O que mudou? O mundo ou a Luana?

Olha na verdade, é exatamente desse jeito, mas tem parenteses aí no meio. Eu me preservava, o que os paparazzi me tirava era um negócio que eu considero privacidade. Por isso que sempre me doeu o fato de você achar que eu me privava. Eu chamo que esse momento que eles queriam me tomar me era privado.

Mas houve algum episódio marcante?

Houve. Mas o que me incomodava muito foi o fato deles fazerem a foto e não se satisfazerem. Eu tô na praia o cara foi lá tirou a foto. Ele não vai embora. Eu poderia nem vê-lo. Mas ele fica até eu cair, até eu arrumar meu biquíni e o bico do meu peito aparecer, até eu tomar um caixote. Por isso eu sempre disse que eles procuram carniça e não notícia. E outra coisa que eles faziam que me deixava muito sem paciência era me seguir. A pessoa seguindo você é tipo filme.

E você é o tipo que anda na rua.

Eu não dirijo. Sempre fiz as coisas na rua. Sempre morei em bairros que me davam essa liberdade, e eu nunca me escondi do mundo. Eu gosto de gente.

Hoje, nas redes sociais, você mostra uma Luana que ninguém nem imaginava.

Outro parenteses! Eu sempre mostrei. As pessoas é que não tinham computador na mão. Quando a internet lançou, eu tinha um site eu botava todo mês ensaios bem produzidos. O bico do meu peito já estava na internet. É que as pessoas não estavam no site.

A Luana fala, num mundo em que ninguém tem opinião sobre nada. Por causa dessa sua verdade você acha que perdeu propaganda ou novela? Ou poderia estar mais rica?

É uma suposição, né? Mas com certeza comercialmente eu perdi muito dinheiro. Inclusive meus empresários comentavam comigo. As pessoas ficavam muito inseguras de trabalhar comigo, mas quando me conhecem se apaixonam. Porque eu sou muito correta eu sou muito gente como a gente.

Qual o medo delas?

Eu sou muito exigente e no Brasil exigência é tida como chatice.

Você olha pra trás e acha exagerou?

Eu não acho porque aprendi a ser justa comigo. Sempre procurei fazer meu melhor.

Então não há arrependimentos?

Não, só aprendizado.

Você levou muita pancada?

Muita! Quando comecei, eu fui para o Japão sozinha com 15 anos. Não falava inglês. Sem mãe e nem pai e eu estava no Japão! Tive depressão sozinha, e daí com 16 anos eu fui jogada a cova dos leões: fazer uma minissérie na Globo. Fiquei 3 meses e meio no Rio e não fiz um amigo! Não coloquei o pé na praia! Eu trabalhava de segunda a sábado, de 10h da manhã às 10h da noite. Eu ficava decorando na frente do espelho sozinha uma personagem que tinha sofrido uma tentativa de abuso do padrasto, que era dopada de drogas pela mãe... Eu só tomei porrada! Depois eu voltei para São Paulo, continuei a trabalhar como modelo, fui viajar para fora e quando voltei para o Rio, já começou a porrada de novo, porque eu cheguei em 'Hollywood', mas não fazia parte do circo. Mas daí eu já estava mais esperta, fui morar na minha casa e foi quando eu assinei o contrato. Foi a minha primeira cagada.

Por que?

Porque eu sempre prezei pela liberdade, e quando você assina um contrato...

Hoje você não assina contrato mais? Por que?

Não assino mais! Eu também me dei mal com o GNT. Só fazia o 'Superbonita' por obra.

Ah, eu achava bom!

Mas era bom! Eu só fazia o 'Superbonita' por temporada. Depois de três temporadas me ligaram para assinar um contrato maior. Assinei porque me identifico com GNT. Em seis meses eles quiseram romper!

Por que?

Quando nossas ideias estavam batendo, estava tudo ótimo. Aí chegou a temporada de verão e eu fiz uma pelo Brasil conversando com gente na rua. Eu me comunico muito bem. E aí queriam fazer isso. Não tenho mais idade pra mochilar! Eu tenho filho! Quando você está na externa, o cara passa, buzina e fala 'ô mulher gostosa'. Você perde ali seis horas para gravar uma coisa que no estúdio você faz em duas. Aí falaram que assim não queriam mais o programa. Então tudo bem, mas paga a multa. Eles não queriam pagar a multa.

E por que é ruim ter contrato com a Globo?

Não é que é ruim. Pra mim foi ruim porque eles me obrigaram a fazer algum trabalho que eu não queria.

Qual?

'Malhação'. Eles tinham me tirado da novela das seis! Nesse caso há duas vertentes: o que eles alegam e o que eu suponho. Teve um caso que a gente teve uma prova de figurino às 11h30 da manhã. Quando estava saindo, uma assistente pediu que eu esperasse até 15h para fazer foto com o ator que eu ia fazer par. Eu tinha compromisso, então pedi para remarcar que eu voltaria outro dia para a foto e fui embora. Oito dias depois eu cheguei na minha aula de voz e a Maria Padilha me disse que eu havia sido tirada da novela. Ninguém da emissora me ligou. Eu tinha 21 anos e me senti humilhada. Se tivesse marcado eu estava lá, mas não marcou. Daí Boninho me ligou. Disse que agradecia, mas eu havia ficado abalada com a substituição. Dois dias depois chegou um telegrama na minha casa confirmando a minha presença em 'Malhação'. Fui e bombei, porque a gente triplicou o Ibope. Eu fiz uma dupla bacana com o Pedrinho Vasconcelos.

E agora você ia fazer 'O Sétimo Guardião'?

A mesma pessoa que me convidou que me disse que eu não ia fazer. Me ligaram pra dizer que a Globo não tinha topado meu nome porque deram o argumento que tinha que ser contratada. O que eu acho bastante coerente.

É um custo extra.

E alto!

Você é cara, Luana?

Sim, bastante.

Agora você tem um reality show, o 'Luana é de Lua', e nesse reality você vai definir temas e assuntos.

A gente tem que falar do que o povo fica em cima do muro. Tem os temas ousados e os simples também. Serão dez episódios de 30 minutos. Deve ser de maio até junho.

Na época em que você foi agredida pelo Dado Dolabella, lembro que você nunca veio a público, por mais que tenha querido fazer justiça. Você não acha que faltou vir a público?

Não, porque eu já tinha dito que tinha sido agredida. Eu não preciso dizer para as pessoas se ele me deu um soco, um tapa, se tinha saído sangue ou se rasgou minha boca. Eu só preciso que todos saibam que eu sou mulher e fui agredida por um indivíduo. E que também todas as pessoas que se relacionam com ele saibam desse caráter dele.

Você não tem rancor pelo Dado Dolabella?

Não. Tenho pena dele. Eu vejo ele saudável, que é a coisa mais incrível que a gente pode ter na vida, e ele tem filhos saudáveis também e não tem uma relação bacana com todas as pessoas que ele teve filho. Ele tem acusações de todas essas mães. Como é que ele vai explicar isso para as crianças? Na infância, eu tive dificuldade de lidar com a separação dos meus pais. E eu levei anos pra perdoar meu pai e pra me livrar dessa dor.

Ele nunca procurou você para pedir perdão?

Não. Ele não precisa me pedir perdão. Eu só queria que fosse feita a Justiça para que a sociedade entenda que isso é inadmissível. Queria que isso servisse de exemplo para as pessoas saberem que isso não é tolerável.

Então vamos falar das coisas boas da vida. Quando você começou a se relacionar com Pedro Scooby? Ficou com medo por ele ser muito novo?

Tive um momento de medo.

Mas o Scooby é muito seguro, né?

Cara, você está com uma mulher 12 anos mais velha, considerada dona do mundo, porque eu tenho dinheiro pra ir aonde eu quiser. Quem eu quiser me come. E ele nunca, nunca me perguntou onde eu estava.

Eu sei que é chato falar de coisas antes do Pedro, mas homens temiam ou gostavam da Luana Piovani?

Sempre gostava. Quando eu escolhia a pessoa, ela sempre gostava. Eu era o troféu pra eles, mas não eram eles que me pegavam. Eu que sempre escolhi o sorteado da noite. Ou dos três meses, ou dos três anos.

Então o Pedro é o cara que você sabe que é pro resto da sua vida?

O resto da minha vida eu não sei, mas a nossa proposta é de todo dia se olhar se escolher, e todo dia essa escolha ser a certa.

Você sofreu quando separou do Pedro?

Não.

Você não ama o Pedro?

Amo, mas eu sou muito organizada.

Quem terminou?

Eu que pedi pra ele sair.

Por que?

Ele sempre saiu bastante e isso sempre foi normal pra gente. Só que teve uma época que ele passou um pouquinho do limite que na verdade sempre foi o nosso combinado, porque eu acho que casamento é contrato. O que é bom pra você e o que não? O que é não a gente encaixa e fechou o contrato. Daí ele trouxe esse elemento novo, que era um pouco mais do combinado. Daí aquilo começou a me incomodar porque eu estava com gêmeos pequenos em casa. E aí eu comecei a chamar ele mais pra perto e ele sempre pedindo desculpa. Isso se estendeu por um tempinho: chamava e ele pedia desculpa. Aí eu chamei ele para uma DR séria: "Eu tenho uma coisa séria pra dizer pra você que eu não estou gostando desse seu comportamento e pra mim tá custoso. Se você não quiser mudar o seu comportamento e voltar a ter o de antes não dá porque eu não estou querendo esse marido que eu está dentro de casa". Eu achei que ele ia botar a mão na consciência, pedir desculpas e mudar. Só que ele olhou pra mim, deu um suspiro e disse que também estava cansado. Falei "então você faz o seguinte: aqui está sua malinha'. Aí ele pegou a mala e foi embora.

Quem pediu pra voltar?

Ele.

Você não pediria?

Não, porque ele que fez a cagada.

E quando ele voltou as regras continuaram as mesmas?

Sim, ele melhorou muito.

Você falou diversas vezes que vai se mudar do Brasil pra Portugal por causa da violência. Mas tem várias cidades aqui do Brasil que não tem violência, como Curitiba.

Todas as cidades do mundo tem violência. A questão é qual é o nível.

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