Luiz Ainbinder  - Divulgação
Luiz Ainbinder Divulgação
Por O Dia

Nesta última semana, esse colunista praticamente parou o Brasil para que a atenção fosse voltada para a separação do ano e, quem sabe, da década. Po- demos dizer até que o fim do casamento de seis anos de Débora Nascimento e José Loreto foi um dos mais midiáticos dos últimos tempos. A internet foi à loucura, mas não necessariamente por conta da separação, e sim por ter uma traição envolvida (da parte de Loreto). A busca pela verdade sobre o que de fato fez Débora colocar o ex-marido para fora de casa fez com que o nome de Marina Ruy Barbosa fosse colocado na fogueira. A partir daí, esqueceu-se até que o grande responsável por tudo isso chama-se José Loreto. Ao longo dos últimos dias, a história foi ganhando novas vertentes que jamais imagi- naríamos: o número de envolvidos cresceu a partir do momento que outras atrizes que nada tinham a ver decidiram tomar partido da história. E por fim, a treta toda virou até fantasia para o Carnaval 2019. Para entender porque essa separação gerou tanta comoção, procuramos o renomado psicólogo Luiz Ainbinder, famoso por integrar as principais rodas de debate da Rádio Tupi.

Separação de Débora Nascimento e José Loreto vira fantasia para o Carnaval 2019 - fotos Reprodução internet

O que o senhor acha que gerou essa comoção nacional e fez tanta gente comentar esse assunto durante toda a semana passada?

Porque são pessoas de projeção nacional. É uma fofoca quente, que envolve traição, onde foi criada uma vítima e uma vilã. Isso chama muito a atenção. Seria o rito de uma novela à parte: uma novela dentro da novela.

Essa é uma das - senão a - separação mais midiática que a gente já teve aqui no país. Por que tomou essa proporção?

Existe uma maldade intrínseca contra as pessoas célebres, ricas ou famosas. Quando uma pessoa dessas pisa na bola, o cidadão comum ou a cidadã comum se sente superior. Ela pensa: viu? Não é tão melhor do que eu. Então é uma espécie de torcida contra. Você pode ver como se dá a repercussão de uma falha qualquer de comportamento normal numa celebridade. Há uma inveja embutida. E essa inveja é maldosa porque toda inveja é maldosa. A inveja quer que o outro perca aquilo que tem, ainda que eu não ganhe. Se o cara perde a fama, ou perde o dinheiro ou a beleza, ele perde e eu não ganho, mas isso é suficiente para me dar prazer.

Existe uma distinção entre mulher ou homem que procuram saber mais a fundo sobre essa história?

Analisando somente pela genética sexual, não. Agora, a mulher por ser dona de casa e ter mais tempo e acesso às informações, ela se envolve mais nisso. O homem, que teoricamente trabalha o tempo todo - ou a maior parte do tempo - tem outras preocupações e por isso não dá a mesma importância. Essa é uma questão social e não sexual.

Mas mesmo os homens trabalhando e por mais que estejam fora, alguma coisa eles ouviram falar essa semana. Isso aponta que foi algo grande?

Sim, mas eles não valorizam tão intensamente o assunto como uma dona de casa, por exemplo.

O fato de terem nomes não revelados na história - duas atrizes - aguça ainda mais a curiosidade das pessoas?

Aguça e isso também mostra que pode haver uma certa conspiração invejosa contra a Marina Ruy Barbosa. A Marina faz muito sucesso, faz muito comercial e é muito bonita. Ela se destaca. E isso deve despertar a inveja das colegas que não têm o mesmo prestígio. Na inveja, elas pensam em puxar o tapete da Marina.

O senhor acha que falta empatia por parte das mulheres em geral em relação a Marina, que foi tão julgada sem sequer haver alguma prova contra ela?

Falta empatia e sobra uma pseudo moralidade. A pessoa se sente moralmente superior porque a Marina está sendo acusada e a pessoa que não tem empatia fica arrotando santidade do lado de cá.

Sobra sororidade, por conta das que apoiam a Débora, que tentam arranjar um culpado além do José Loreto? Muita gente sente pena porque ela está com uma bebê de 10 meses em casa para cuidar.

Ela não é uma coitadinha nem uma vítima. Débora é uma pessoa saudável, que pode lutar pela própria vida e tomar as próprias decisões. Ela não precisa da misericórdia das pessoas. O que aconteceu com ela pode acontecer com qualquer um, mas ela não é uma pobre coitada ou infeliz. Estão colocando a coisa muito radicalmente dramática. Estão transformando em uma história da bruxa malvada e da princesa boazinha. Estão puxando as cordas para os dois lados.

Débora e Loreto tinham outros parceiros quando se envolveram. Há quem diga que eles traíram os antigos parceiros quando começaram o relacionamento deles.

A palavra 'traíram' fica muito pesada. Eles não podem ter se apaixonado saudavelmente? Todo mundo pode se apaixonar saudavelmente. Traíram é uma palavra inadequada para certas situações.

Quando eles se apaixonaram, os dois estavam em outros relacionamentos.

Sim. E qual é o problema? As pessoas não se desapaixonam também?

Sim, mas o senhor não acha que pode ser o retorno do que eles fizeram lá atrás?

Mas não tem problema! É tão natural. Quantas pessoas se desapaixonam e se apaixonam novamente por outras? A gente não dá ordem para o coração.

O senhor acha que o relacionamento que começa 'errado' tem muitas chances de terminar 'errado'?

Não sei se começou errado. Começou por amor. Será que é errado?

Acha que o mundo está tão machista a ponto de apontar uma terceira pessoa, que no caso é uma mulher, como principal culpada e o traidor, que é o José Loreto, ficar pouco sendo julgado?

Concordo com isso. O foco mudou de objetivo. Ele que fez a coisa. Foi ele que se interessou por outra mulher e se envolveu com outra mulher. Ou teria se envolvido. Mas ela não é culpada. Ele tinha o compromisso. Quem tomou a iniciativa de ação foi o José Loreto. Essa outra mulher, seja a Marina ou não, não é a vilã da história. Só que, como eu disse anteriormente, nós não damos ordens ao coração. E tem outra coisa: a programação genética faz com que os homens serão mais promíscuos do que as mulheres. É da natureza. O homem pode ter um número indeterminado de filhos por ano. A mulher só pode ter um. A biologia vai contra a fidelidade masculina. Mas a cultura impede a infidelidade masculina. Se alguém pode ser apontado como vilão, ou causador do sofrimento alheio, é ele. Porque embora ele possa se apaixonar por outra mulher, quem emite o comportamento é responsável pelo próprio comportamento.

E quanto as atrizes que deixaram de seguir a Marina? Elas têm motivos para se virar contra a Marina?

O motivo é a inveja. Elas podem formar no Carnaval o bloco das invejosas e sair por aí.

A Giovanna Ewbank é madrinha de casamento da Marina. O fato de ela ter deixado de seguir a Marina quer dizer alguma coisa?

Quer dizer o seguinte: quando for fazer a sua lista de amigos ou amigas, faça a lápis porque dá pra apagar.

Como o senhor interpreta o silêncio da Débora?

Silêncio é silêncio. Pode ser uma forma de se posicionar. Pode ser uma forma medrosa ou raivosa de se posicionar. Não dá pra interpretar o silêncio. Ele pode ser inteligente, raivoso ou medroso. E ela não está jogando gasolina na fogueira.

Mas o senhor não acha que diante dessa situação, a Débora não poderia se abrir e dizer que não foi a Marina?

Quem tem a experiência de vida da Débora é a Débora. Ninguém está no lugar dela para achar o que ela deveria fazer. Não existe um consenso. Cada um tem uma opinião diferente. Ela faz o que acha que deve fazer. Ponto. Agora, o que ela deveria fazer é não ouvir a opinião dos outros. Ela tem que ser ela mesma. Eu fico impressionado em como as pessoas gostam de julgar. Como essa gente tem a vida perfeita, não é mesmo?

Mas esse silêncio não é entendido como se a Marina realmente fosse a causadora do fim do casamento de alguma forma?

Mas também é uma não confirmação. Silêncio não compromete ninguém.

O fato de o Loreto ter se desculpado publicamente sem citar o nome da Marina sugere algo?

Sugere que ele é inteligente. Quanto menos se falar, melhor se sai. Se falar muito, vai dando margem a desdobramentos e suposições equivocadas. Quanto menos falar, melhor. O silêncio é um amigo que nunca trai.

Por que o senhor acha que a TV Globo mandou ele vir a público se desculpar?

Para apagar o incêndio e virar a página.

Toda essa confusão acaba sendo bom para o Ibope de 'O Sétimo Guardião', já que José Loreto e Marina Ruy Barbosa são colegas de cena?

Com certeza! Para a novela é uma maravilha.

Será que a Globo não fez isso para alavancar a novela?

Cada um age por um motivo particular. A intenção eu não sei, mas o fato é que a novela está chamando mais atenção.

Algumas dessas atrizes que deixaram de seguir a Marina já foram apontadas como pivô de separações.

E elas têm moral para jogar pedra na vidraça dos outros?

Como o senhor acredita que essa história vai terminar?

Em pizza. A vida segue. Quem separou, separou... A vida continua.

No texto do Loreto, ele pede perdão e tenta voltar com a Débora...

É válido. Muitos casais voltam. Alguns não dão certo casados e outros não dão certo separados. Não sei qual é o caso ali. Só o futuro dirá.

Por serem pessoas públicas, acha que eles têm chance de voltar?

Se eles fossem meus clientes, eu diria: não ligue para a opinião do público. Liguem para os seus corações.

E se a Marina fosse sua cliente, o que o senhor diria para ela?

Você é muito bonita (risos). As coisas só têm a importância que você dá. Se você não valorizar esse assunto, ele não te toca. Se supervalorizar, pode te machucar.

Ela se posicionou. Isso atrapalhou ou ajudou?

Ela está fazendo o papel dela e se colocando como não culpada nessa situação. Está esclarecendo algum mal entendido. É uma defesa legítima. Ela não tem porque atacar. A raiva só cria mais problemas. Não tem sentido partir para o ataque.

O que o senhor tem a dizer para o público?

Olha para o Brasil: tem Bumadinho, reforma da previdência... Vamos olhar para o Brasil. A gente precisa ter um olhar cívico e não para a vida alheia.

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