Por O Dia

Celebrado esta semana (3 de maio), o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa foi criado em 1993 pela ONU, como um desdobramento do artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O artigo estabelece que "todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras".

Poucas atividades profissionais são tão incompreendidas e atacadas hoje em dia quanto o jornalismo. E poucas são tão importantes. No ambiente politicamente polarizado em que vivemos, há muitas pessoas que não concordam com as críticas e denúncias da imprensa. Têm uma dificuldade de entender que a missão de informar é diferente da função de fazer propaganda.

Pessoas públicas, em geral, políticos e governantes, em particular, historicamente não gostam de ter suas falas, ações e decisões escrutinadas por repórteres em busca de falhas, inconsistências, irregularidades ou crimes. É incômodo, para dizer o mínimo.

No caso dos políticos, esse incômodo atinge todos os matizes ideológicos, da esquerda à direita. Alguns lidam melhor com essa pressão, outros bem menos. Há quem acredite que, se não for para dar notícia favorável, seria preferível que a imprensa se calasse.

Mas, como definiu certa vez o escritor, dramaturgo, tradutor, humorista e jornalista brasileiro Millôr Fernandes (1923-2012): "Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados". Deixou claro, assim, que o DNA da imprensa é o de fiscalizar, procurar o incomum e o que está fora da ordem, da lei, e o que pode contrariar interesses da sociedade.

Não é uma atividade à prova de falhas, como qualquer atividade humana, nem isenta a críticas. Mas, nos casos mais graves, há leis que punem e temos a Justiça para arbitrar.

O que não é admissível é reagir a matérias incômodas constrangendo e atacando a imprensa e seus representantes. Essa sinalização pode incentivar a disseminação de violência física ou moral contra seus profissionais. E isso tem ocorrido nos últimos anos, infelizmente.

Em 2019, foram 208 ataques, segundo a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). Um aumento de 54% em relação ao ano anterior. E isso inclui dois assassinatos no Rio de Janeiro, em Maricá.

A pressão contra a imprensa não é algo novo. Ela ressurge com força em todos os momentos em que a democracia também é pressionada. Por isso, vale lembrar as palavras de um dos advogados mais importantes da história do Brasil, Rui Barbosa (1849-1923), autor de uma das mais famosas e contundentes defesas da liberdade de imprensa.

"A imprensa é a vista da Nação. Por ela é que a Nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que a ameaça".