Lembro que a etimologia da palavra, sua origem, é o latim. Deriva de "conhecimento". E, como sabemos, conhecimento e sua aplicação são chaves para o desenvolvimento da humanidade.
A data de 8 de julho é uma homenagem à fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, criada nesse dia. A SBPC é uma entidade civil apartidária, sem fins lucrativos, criada em 1948 para lutar pelo desenvolvimento científico, tecnológico, educacional e cultural do país.
É uma luta inglória muitas vezes. Basta lembrar que, segundo o Portal da Transparência, no ano passado o país gastou em desenvolvimento científico cerca de R$ 1,8 bilhão, ou 1/4 do valor gasto em 2014. Com a recessão econômica e a reorganização orçamentária, a perspectiva este ano não é muito melhor.
Apesar de contarem com menos estímulos e verbas do que seria necessário, cientistas brasileiros da área médica têm uma tradição respeitada mundo afora e estão na linha de frente do combate ao coronavírus. Foram dos primeiros a sequenciar o genoma do vírus, por exemplo. Também anunciaram terem descoberto como o "fogo amigo" do próprio organismo funciona agravando a Covid-19. São contribuições importantes.
Com o trabalho de divulgação de feitos como esses, o papel da ciência e de seus divulgadores ganha maior visibilidade. Não à toa, cientistas ocuparam as páginas de jornais com colunas e espaço nas TVs com entrevistas. Na hora do aperto, a ciência e o conhecimento são antídotos contra o medo e a ignorância.
Essa valorização da ciência veio em boa hora. Surgiu como um contraponto a uma onda obscurantista de negação de fatos científicos. Talvez o exemplo mais acabado disso seja o movimento terraplanista que, contra o bom senso, insiste em contrariar fatos e descobertas científicas estabelecidos há séculos.
Há também quem veja viés político ou ideológico na atividade científica. Vale ressaltar que a boa ciência não trabalha sob essa ótica.
Um dos cientistas mais importantes do século 20, o norte-americano Linus Pauling foi a única pessoa a ter ganho sozinha dois prêmios Nobel: o de Química (em 1954) e o da Paz (em 1962), por sua campanha contra os testes nucleares. Uma de suas frases mais conhecidas diz que “a ciência é a procura da verdade; não é um jogo no qual uma pessoa tenta bater seus oponentes, prejudicar outras pessoas”.