Por O Dia
O primeiro-ministro Winston Churchill comandou o Reino Unido na luta contra o nazismo na Segunda Guerra Mundial. Foi considerado o maior britânico de todos os tempos por uma pesquisa da BBC em 2002, quase 60 anos após o fim do conflito. Com seus discursos, com sua capacidade de liderança e de motivação, manteve o moral da população mesmo no momento mais difícil, em 1940, quando a Inglaterra era bombardeada noite e dia pela aviação alemã e EUA e Rússia ainda não tinham entrado na guerra.

Debaixo de bomba e sem perspectiva de vitória, Churchill foi capaz de elevar o ânimo de milhões de concidadãos. Mas tinha problemas para manter o seu próprio. Ele ajudou a ganhar a guerra contra Hitler, mas durante toda a vida enfrentou dificuldades com seu inimigo interno, a depressão, que segundo ele tirava as cores da vida. Ele chamava a doença de “black dog” (cachorro preto).

Churchill é um exemplo de como a depressão pode atingir qualquer pessoa, mesmo aquelas com imensas contribuições para a humanidade. O compositor alemão Ludwig van Beethoven sofreu com ela. O presidente norte-americano Abraham Lincoln também. Nenhum dos dois se matou. Mas o inventor Santos Dumont chegou ao suicídio. O mesmo caminho extremado foi encontrado por muitos, famosos ou não, para aplacar o sofrimento e a dor.

A depressão é a principal causa para o suicídio. Outros distúrbios psiquiátricos como o transtorno bipolar, o alcoolismo, o abuso ou dependência de outras drogas e a esquizofrenia também são fatores relevantes. As tentativas de suicídio são bem mais frequentes em mulheres, mas os óbitos são mais comuns entre homens. Cerca de um milhão de pessoas se suicidam em todo o mundo a cada ano. No Brasil, são cerca de 13 mil. Três pessoas a cada duas horas.

Alguns dos gatilhos importantes são causados pelo isolamento e pela solidão. São dois sentimentos comuns nesses tempos pandemia. Devemos redobrar a atenção e o cuidado. E a depressão não pode ser estigmatizada como fraqueza pessoal, falta de fé ou de vontade. Nem diminuída, ao ser confundida com tristeza, que é um estado emocional transitório ligado a circunstâncias específicas.

Suicidas em potencial devem ser acolhidos e encaminhados para ajuda. Em geral, pessoas que enfrentam problemas tão graves se sentem envergonhadas, excluídas e discriminadas, segundo os especialistas em saúde mental, que salientam que cerca de 90% dos casos são evitáveis.

Desde 2014 que setembro é o mês de prevenção ao suicídio. A cor amarela foi escolhida para representar essa luta, que nasceu de uma iniciativa que envolve entidades como o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Psiquiatria. A campanha é importante para tirar o estigma do problema e dar informações. Um dos lugares onde é possível buscar ajuda é o Centro de Valorização da Vida (https://www.cvv.org.br e pelo telefone 188). A OABRJ apoia essa causa.