Fachada do empreendimento no Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, que foi 100% vendido no lançamento - Divulgação
Fachada do empreendimento no Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, que foi 100% vendido no lançamentoDivulgação
Por Cristiane Campos
As vendas de imóveis estão surpreendendo o mercado neste ano atípico. Segundo o indicador mensal da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e da Fipe, foram comercializadas 13.156 unidades em agosto. O resultado representa crescimento de 58,9% na comparação com o mesmo mês de 2019 e é o maior já registrado pelo índice desde maio de 2014 (14.116 unidades). E quando se refere ao volume do trimestre móvel, encerrado em agosto, as vendas chegaram a 38.886 unidades, alta de 45,7% ante o período de 2019.

Para o presidente da Abrainc, Luiz Antonio França, os resultados mostram que a incerteza gerada pela pandemia está sendo colocada de lado pelo consumidor. Ele lembra ainda que os juros mais baixos também contribuem para este cenário. “Vale destacar o segmento de Médio e Alto Padrão (MAP) voltando a crescer em agosto (4,8%), consolidando movimento verificado no último trimestre (8%). Isso significa que a parcela da população de maior poder aquisitivo ou está trocando de imóvel ou realizando investimento com uma nova aquisição, o que mantém as incorporadoras otimistas para realizar investimentos", afirma França.

O cenário pode ser visto, por exemplo, na JB Andrade Imóveis que vendeu 100% das unidades de um residencial lançado no Jardim Oceânico, considerado área nobre da Barra da Tijuca. As 22 unidades comercializadas tinham preços entre R$ 900 mil e R$ 1,2 milhão. Já na Martinelli Imóveis, braço de vendas da Martinelli Construtora, observou um aumento de 30% nas vendas. “Foi realmente um agosto fora da curva. Vendemos imóveis na planta como o Reference Life Resort, no Recreio dos Bandeirantes, e o Be Happy, na Taquara, além das unidades prontas via agente financeiro. As taxas de juros mais baixas impulsionaram esses resultados, dando mais oportunidades de compra para quem deseja morar ou investir”, avalia André Moreira, diretor da Martinelli Imóveis.

Na Fernandes Araujo, o crescimento foi de 20% nas vendas do Art’e Tijuca, na Zona Norte, e do Guess, na Zona Oeste, ambos prontos para morar. “São famílias querendo fazer um upgrade de moradia, ainda mais depois da experiência do isolamento social, para condomínios com apartamentos mais amplos, além de lazer completo e segurança”, afirma Flavia Katz, gerente de Marketing da empresa. Já a Concal identificou dois movimentos: em um deles são clientes comprando imóvel como forma de investimento no empreendimento Reserva do Conde, na Tijuca. “Nesse cenário de baixa de juros, o imóvel volta a aparecer forte para as pessoas que buscam investimentos mais seguros e com potencial de valorização e rentabilidade muito maior do que um investimento em renda fixa. Outra ponta que notamos foi o consumidor final. Com a maior oferta de crédito imobiliário com taxas mais atrativas, as parcelas ficam menores aumentando a base de clientes que podem comprar”, comenta Paulo Araújo, diretor de Incorporação da construtora.
Segmento econômico mostra força
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Os empreendimentos pelo programa Minha Casa Minha Vida, hoje Casa Verde e Amarela, também se destacaram de acordo com os Indicadores Abrainc-Fipe: foram lançadas 29,5% mais unidades em agosto, com elevação de 8,7% nos últimos três meses e 9,4% no acumulado em 12 meses. Já com relação às vendas, o segmento econômico apresentou alta de 87,9% em agosto, 61,8% nos últimos três meses e 26,5% nos últimos 12 meses. Vale lembrar que o programa habitacional representou 83,8% dos lançamentos residenciais e 75,9% das vendas de imóveis residenciais novos nos últimos 12 meses. “A taxa Selic em 2%, que foi a mínima histórica, impulsionou as vendas na Riviera Construtora que já vinham em crescimento durante a pandemia. Comparando com agosto de 2018, por exemplo, quase quadruplicamos o VGV (Valor Geral de Vendas) em agosto deste ano”, conta Jamille Cavalcante Dias, gerente de Vendas e de Marketing da Riviera Construtora.

Para a Riooito, o período marcou o fechamento das vendas do Cenário da Montanha, em Itaipava. “Vendemos as últimas 23 unidades e estamos com fila de espera para esse empreendimento, caso haja desistência de algum cliente. Já no Cenário dos Pássaros, em Teresópolis, temos poucas unidades à venda com valores a partir de R$ 180 mil. Em ambos os projetos sempre tivemos uma grande procura, mas com a pandemia ficou ainda maior”, conta Sheila Ferreira, gerente de vendas da construtora.

Já a CAC Engenharia alcançou no penúltimo trimestre R$ 100 milhões de Valor Geral de Vendas (VGV). O resultado foi considerado o melhor da história da empresa. De acordo com Cristiano Coluccini, CEO da construtora, até dezembro estão previstos oito lançamentos. Já para o ano que vem, a CAC pretende lançar 15 empreendimentos. As unidades serão construídas no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. A expectativa com os 23 projetos é alcançar um Valor de Geral de Vendas total de R$ 520 milhões.