Publicado 25/10/2021 18:10
A evolução do preço dos imóveis está impactando de forma substancial o patrimônio dos brasileiros. De acordo com o indicador IGMI-R (Índice Geral de Preços do Mercado Imobiliário Residencial) da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), nos últimos 12 meses foi registrada uma elevação de 12,5% nos preços praticados. Em cidades como São Paulo, a alta foi ainda maior: 19,3%. Já no Rio de Janeiro, o aumento foi de 10%. Luiz França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) observa que, ao aplicar esse ganho sobre o valor patrimonial dos imóveis, é possível chegar a uma valorização estimada de R$ 1,5 trilhão.
“São muitos os fatores que impactaram essa realidade. De um lado, uma combinação econômica composta por juros mais baixos - a Selic chegou a 2% ao ano em 2020 -, e, mesmo com sua recente elevação, segue em um baixo patamar histórico. Quando avaliamos na ótica do juro real (taxa menos inflação), os dados são ainda mais expressivos. Com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) chegando a 9% ao ano, os juros reais estão em patamar negativo, chegando à marca de -3% ao mês”, explica França.
Ele diz ainda que, do ponto de vista econômico, os ativos reais ganham cada vez mais força, pois deixar o dinheiro aplicado em ativos indexados a CDI (Certificado de Depósito Interbancário) pode significar um rendimento abaixo do custo da inflação. “O imóvel surge então como um investimento seguro e que consegue proteger o capital do investidor dessa forte oscilação. Por outro lado, temos mudanças sociais e de comportamento muito relevantes e que ganharam outras dimensões com a pandemia”, destaca o presidente da Abrainc.
Segundo estudos divulgados recentemente pela Abrainc, a pessoa que investiu em imóveis no Brasil entre 2010 e 2019 teve rendimento anual médio de 15,3% ao ano, considerando tanto o ganho com valorização quanto receita proveniente de aluguel. “Esse retorno é 56% superior ao CDI médio do período. Com a forte queda nos juros ocorrida em 2020, a atratividade dos investimentos em imóvel cresceu ainda mais. O alto déficit habitacional que obriga milhares de famílias a buscarem seu primeiro imóvel para saírem do aluguel, surge como mais um fator que contribui para o aquecimento da demanda”, lembra França.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.