Por O Dia

Rio - Se o acordo com caminhoneiros for cumprido, em poucos dias o abastecimento deve se normalizar e os preços, praticados por espertalhões, devem cair. Mas o cidadão fica em dúvida e se submete a preços escorchantes. Enfrenta fila no posto, sacrifica a qualidade e desembolsa absurdos R$ 10 por quilo de batata feia.

Hospitais, escolas e até tratamento de água foram atingidos. A demora do governo em perceber a gravidade fez com que o Estado ficasse refém de chantagem organizada por caminhoneiros e engrossada por empresas de transportes.

A questão a ser enfrentada é que esse prazo de 15 dias de trégua talvez seja insuficiente para se encontrar solução. A crise do petróleo é internacional. O preço do barril sobe por conta da mudança da política externa do governo Trump. Os EUA romperam o acordo nuclear com Irã. Assim como tem mudado posições diplomáticas no Oriente Médio, com as maiores reservas. Há temor de escaramuça bélica que afete a extração do óleo. Por isso, os preços sobem.

Por conta dos EUA, que sobem juros com medo de inflação, há movimento que leva investidores globais a transferirem dólares para comprar títulos do Tesouro americano. Os países emergentes são os que mais sofrem. A política de paridade de preços da Petrobras reflete isso: petróleo mais caro lá fora, que tem ser pago com dólares.

Uma resposta é diminuir tributos. Na gasolina, por exemplo, o ICMS, de competência estadual, varia entre 25% a 35%. No diesel, entre 12% e 25%. Ainda tem PIS/Cofins e Cide, que somados, valem R$ 1 em cada litro, R$ 0,50 no diesel e R$0,14 no etanol.

Mas ninguém quer abrir mão de receita. O governo federal para reduzir, aumentará encargos sobre a folha de pagamento. É improvável que estados consigam chegar a acordo para baixar o ICMS, nem em ano eleitoral. A certeza é: a população paga a conta. Seja do combustível, dos alimentos ou com alta do desemprego. A bomba explodiu no nosso colo.

Gilberto Braga é professor de Finanças do IBMEC e da Fundação Dom Cabral

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