Por O Dia
Publicado 16/02/2020 00:00
Embarcar na folia durante cinco dias é a grande missão realizada por milhares de cariocas e turistas, seja nas ruas movimentadas por purpurina e marchinhas clássicas, seja na exuberante e exclusiva Sapucaí. Com a farra, o álcool e os charmosos brilhos do Carnaval, os foliões ficam embriagados pela liberdade que o feriado permite, mas esquecem de tomar cuidado com as Doenças Sexualmente Transmissíveis, os vilões invisíveis que também inventam de pular Carnaval.

O Ministério da Saúde identifica herpes genital, cancro mole, HPV, gonorreia e infecção por Clamídia Linfogranuloma venéreo (LGV), sífilis, tricomoníase e HIV como os tipos mais comuns. A contaminação por vias sexuais acontece durante todo o ano, e os números brasileiros são alarmantes. O cuidado especial no Carnaval se dá porque "a festa é um momento em que as pessoas bebem, se divertem, se liberam, e acabam tendo relação sexual sem prevenção", segundo o ginecologista Paulo Gallo. Quando o assunto é cuidado, a proteção recomendada é a tradicional camisinha, muitas vezes esquecida no calor do momento.

O urologista José Alexandre Araújo observa um aumento dessas doenças nos últimos dez anos devido a um fenômeno: as pessoas estão usando menos preservativos. "Depois da redução das taxas de morte por Aids por conta da distribuição dos coquetéis contra a doença, ninguém mais usa camisinha. As gerações entre 40 e 50 anos pegaram o 'boom' da Aids e usavam muita proteção, mas agora poucas pessoas usam camisinha. A Aids não está curada, e sim está cada vez mais resistente", explicou. No primeiro semestre de 2019, foram 1.552 casos de contaminação por HIV, o vírus da Aids, apenas no estado do Rio. 

A doença é temida por sua letalidade, mas não é a única que acomete os brasileiros durante a folia. A hepatite B, alerta Gallo, também é muito grave, mas a prevenção pode ser feita com a vacina pentavalente, disponível em três doses, aos 2, 4 e 6 meses. Já Araújo alerta para o vírus HPV, também tratável com vacinas para meninas entre 9 e 14 anos, e meninos, entre 11 e 14 anos, com duas doses com intervalo de seis meses. 

O tratamento e a vacinação contra todas as doenças sexualmente transmissíveis pode ser feito no Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive a distribuição do coquetel utilizado no tratamento da Aids.

Sem mistério

Este ano, a prefeitura do Rio vai disponibilizar 3,5 milhões de preservativos femininos e masculinos, além de gel lubrificante. Mas, para o cuidado efetivo, a camisinha deve ser colocada corretamente. O urologista José Alexandre Araújo explica que o ideal é colocar apenas uma camisinha por vez, sempre com as mãos, e não utilizar nada além de gel lubrificante. Ele reforça, ainda, que as camisinhas distribuídas em postos de saúde são de boa qualidade.

 

Sífilis ressurge na surdina
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Além da Aids, que continua assustando brasileiros, agora é preciso tomar cuidado com uma velha conhecida. Nos últimos anos, aumentaram muito os casos de sífilis no Brasil. Em 2018, a secretaria de estado de Saúde notificou 32.051 casos da doença e, no primeiro semestre de 2019, foram identificados 11.877 casos da doença. 
A sífilis tem um período de incubação que vai de duas semanas a dois meses. Depois, a lesão aparece espontaneamente, a chamada sífilis primária. Se não houver o tratamento com penicilina, pode haver reincidência.
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Mas o real problema da sífilis está no caso de gestantes infectadas. Quando grávidas contraem a doença, podem passar para o feto, e quanto mais adiantada for a gravidez, maiores as chances de deixar sequelas no filho, a chamada sífilis congênita. Se atingir o bebê, as principais consequências são má formação do crânio, a microcefalia, e até alterações neurológicas.
Para o ginecologista Paulo Gallo, a preocupação com a Aids está deixando a sífilis 'descoberta'.
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"As pessoas estão se preocupando muito com a Aids, mas esquecem da sífilis, que pode passar para o filho. Depois do quarto mês, os riscos são maiores, por isso é muito importante fazer os exames de pré-natal", explicou o médico. 
Durante o período de Carnaval, além de preservativos, a secretaria municipal de Saúde vai disponibilizar folhetos informativos para todo mundo se divertir sabendo as melhores formas de evitar os males e só ficar com o melhor da folia.
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