Adepto de uma política de austeridade para a recuperação das finanças do Rio, o postulante ao governo do Rio pelo PSD, Indio da Costa, afasta a possibilidade de reajuste para o funcionalismo. O candidato também faz críticas ao atual governo, chamando de "desrespeito" o pagamento no 10º dia útil.
O DIA: O sr. pretende manter o Regime de Recuperação Fiscal do Rio?
INDIO DA COSTA: Pretendo prorrogá-lo por mais dez anos. Então, assim eu tenho um alívio nas contas do estado, e em paralelo a isso temos a volta (da arrecadação) do petróleo. Então há algum dinheiro para dar um alívio por um momento. (...) A situação dos estados é muito grave. O pacto federativo concentra muita arrecadação. O impacto da arrecadação concentrada é muito ruim para os estados, e o plano que o Paulo Guedes (economista de Jair Bolsonaro, candidato do PSL que Índio apoia) tem é de descentralizar.
A retomada do pagamento até o 2º dia útil é reivindicação do funcionalismo, que hoje recebe no 10º dia útil. O sr. atenderá?
Tenho o compromisso de pagar servidores ativos, aposentados e pensionistas no 1º dia útil do mês. É um desrespeito do governante pagá-los no 10º dia útil, sabendo que as contas básicas vencem no dia 5. Em relação ao servidor, quero falar que hoje o estado tem 8.467 cargos em comissão, sendo a maior parte ocupada pelo mundo político. Não vou aceitar indicação política. Vou priorizar os servidores do estado nesses cargos. Os funcionários que querem fazer um estado melhor, que querem dar sua contribuição. O outro ponto é que pelo menos metade desses cargos em comissão eu vou extinguir, e outra metade de encargos especiais também.
O regime de recuperação veta aumento salarial (reajuste acima da inflação), mas permite a recomposição salarial. O sr. concederá?
Olha só, a função do estado é prestar serviço para a sociedade. Não está prestando, 80% do que se arrecada hoje vai para pagar servidores. Se você não equilibrar esse valor de acordo com o que existe, vai continuar com um estado onde se utiliza a maior parte da arrecadação para pagar salários. Hoje, basicamente o estado paga pessoal e os esquemas do PMDB. Não tem serviço nos hospitais e postos de saúde. As polícias foram abandonadas à própria sorte. Para fazer os serviços funcionarem, tem que ter dinheiro. Só consigo falar em reposição se eu tiver arrecadação proporcional. Se eu não tiver arrecadação proporcional, não tem como.
O sr. tem política de antecipação do 13º salário?
Quando fui secretário (de Administração) na Prefeitura do Rio, entre 2001 e 2006, eu paguei sempre a antecipação da primeira parcela em julho e agosto, e a segunda parte em dezembro. Tendo dinheiro no caixa, sim, mas tem que ser responsável.
O sr. disse que Segurança é prioridade. Há planos para os servidores da área, como em relação ao valor pago de RAS?
O ideal era que eu conseguisse pagar muito mais do que pagam hoje, mas não tem condição para isso. Mas vou perseguir a possibilidade de dar um salário maior do que o policial recebe, para que ele não faça bico.
Quais são as suas medidas para a economia?
Segurança pública, desburocratização, criar ambiente favorável de negócios que tem como base a segurança e infraestrutura. Cumprir os contratos que o estado tem, aqueles que foram feitos à luz do dia, transparentes, e não os feitos para o ex-governador e para meia dúzia de empresários se beneficiarem disso. E sem dúvida nenhuma tudo que eu puder fazer para incentivar os estaleiros eu farei, porque é um grande gerador de empregos. Só em Angra dos Reis havia 10 mil empregos. A região do Porto do Açu também é grande gerador de empregos.
O sr. pretende cortar secretarias?
A espinha dorsal é Segurança, Desenvolvimento Econômico, Saúde e Educação, então teoricamente eu estou extinguindo 75 (órgãos), entre secretarias, fundações e empresas públicas. Vai ser a maior redução da Historia do estado.
E a Cedae?
Vou privatizá-la.
E como ficarão os funcionários da companhia?
Tem que sentar com os funcionários da companhia. Mas quando se privatizou a Light, houve um problema enorme. E quem entende é quem está hoje na Cedae. E não é por culpa deles que a Cedae não funciona adequadamente. É por falta de capacidade de investimento do estado e pela roubalheira que tivemos nos últimos governos. Então, abre-se uma licitação internacional. E, na verdade, a Cedae já foi entregue (pelo estado), porque foi dada em garantia (para empréstimo de R$ 2,9 bilhões). Qual é a ideia? Licita e executa a dívida, paga os R$ 2,9 bi e a diferença disso vai direto para investimento nas áreas mais pobres, onde falta esgoto e as pessoas estão aí adoecendo por conta da falta de esgoto.
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