Funcionários dos Correios reclamam da falta de acordo com a empresa - Maíra Coelho/ Agência O DIA
Funcionários dos Correios reclamam da falta de acordo com a empresaMaíra Coelho/ Agência O DIA
Por PALOMA SAVEDRA
Em greve por tempo indeterminado, os trabalhadores dos Correios (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) vão aguardar, agora, a solução do conflito com a estatal na Justiça. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) instaurou, no fim da tarde desta quarta-feira, o dissídio dos funcionários da empresa, que pedem a reposição inflacionária de cerca de 3% e o pagamento de alguns benefícios.
Segundo representantes dos trabalhadores, a empresa abandonou as negociações, e propôs um reajuste de 0,8%, equivalente a um quarto da inflação do período apurado (de julho de 2018 a julho de 2019). 
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Vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP), Marcos César Alves Silva alega que o governo vem tratando a classe com "injustiça". "A reposição inflacionária de 3% e manutenção de benefícios, eu diria que são o mínimo que se espera numa negociação", disse. 
Foi a empresa que entrou, nesta quarta-feira, com dissídio coletivo no TST. O Tribunal irá avaliar o processo de negociação e ouvir as partes. O relator apresentará seu voto, que será analisado depois por um colegiado do tribunal.
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Em nota, os Correios informaram que, desde o início de julho, a empresa participa de reuniões com os representantes dos empregados, "nas quais foram apresentadas a real situação econômica da estatal e propostas para o acordo dentro das condições possíveis, considerando o prejuízo acumulado, atualmente na ordem de R$ 3 bilhões".
A empresa acrescentou que as federações, no entanto, "apresentaram reivindicações que superam até mesmo o faturamento anual da empresa".
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Privatização no contexto
Para Silva, o discurso da estatal desvaloriza a categoria, que tem contribuído para que os Correios apresentem resultados positivos. Ele ressalta que a intenção do governo federal de privatizar a empresa é mais um motivo de insatisfação dos trabalhadores.
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"A questão da privatização também está no contexto. Essa é uma grande preocupação dos trabalhadores , principalmente pela forma como o governo está tratando o assunto. Querem fazer a toque de caixa, em vez de valorizar os Correios, pois, quem quer vender algo, valoriza o que se quer vender, mas só falam mal", declarou Silva.
O vice-presidente da associação citou dados para reforçar os resultados da empresa. "Estamos com mais de 99% de regularidade na entrega de encomendas. Só no Rio há exceções pela questão da violência em umas regiões". 
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Ele acrescentou que 90% das lojas virtuais usam os Correios. "Não se trata de monopólio, aí é uma predominância da empresa pela competência e pelo preço". 
'Funcionários ficaram sem saída' 
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Sobre as reivindicações dos trabalhadores, Silva explicou que, desde o ano passado, a estatal passou a cobrar uma mensalidade para os planos de saúde. "Isso onerou o pessoal", afirmou. 

"Nessas negociações, a empresa queria reduzir benefícios e dar um reajuste de um quarto referente à inflação do período (de julho a julho). Os funcionários ficaram sem saída, a greve foi o único caminho", disse ele, que acrescentou: "Agora, vamos para o dissídio. E o TST em outros dissídios, de outras empresas, normalmente determina a reposição da inflação aos trabalhadores".