Ministro da Economia, Paulo Guedes - Marcello Casal Jr / Agência Brasil
Ministro da Economia, Paulo GuedesMarcello Casal Jr / Agência Brasil
Por O Dia
A defesa recorrente do ministro da Economia, Paulo Guedes, da austeridade no serviço público já gerou reações de categorias da União este ano. Na verdade, as declarações feitas por Guedes em algumas ocasiões foram o verdadeiro motivo desse movimento. Em fevereiro, o titular da pasta chegou a comparar o servidor a um parasita - depois, ele se desculpou. Agora, o funcionalismo estadual também decidiu se mobilizar.
O Fórum Permanente dos Servidores Públicos do Estado do Rio (Fosperj) vai apresentar denúncia contra o ministro na Comissão de Ética da Presidência da República. O grupo diz que "ataques ao serviço público não serão tolerados". E estuda medidas judiciais por danos morais coletivos. Para isso, pretende recorrer ao Ministério Público Federal. 
Publicidade
Integrantes do Fosperj criticam sucessivas falas da equipe da Economia e a comparação do setor público à iniciativa privada. "Guedes já chamou os servidores públicos de marajás, preguiçosos, incompetentes, improdutivos, elites, corporativistas, sangues-azuis e de parasitas", afirmam. 
Eles ressaltam que, principalmente neste momento, o trabalho dos servidores se mostra ainda mais necessário para a população.
Publicidade
"A Constituição de 1988 desenhou um aparato de proteção social e de direitos a todos os cidadãos brasileiros. Na Carta Magna, são asseguradas garantias dos direitos humanos fundamentais, como Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia; entre outros. Todos estes direitos chegam ao cidadão brasileiro pelas mãos do servidor público", disse o fórum, por nota.
"Não valorizar os servidores públicos neste momento é também colocar o país em uma desgraça ainda maior", declarou o Fosperj, que mencionou uma fala recente de Guedes: "O ministro também afirmou que 'o servidor não pode ficar em casa trancado com a geladeira cheia assistindo à crise, enquanto milhões de brasileiros estão perdendo o emprego'. Contudo, os servidores não estão em casa sem fazer nada. Muitos já deram a sua própria vida nessa pandemia para salvar outras".
Publicidade
Exposição a riscos
Os servidores afirmam que há um "contingente enorme de servidores nas ruas, longe das suas famílias, expondo-se ao risco e dando tudo de si para proteger a população. E outros tantos continuam suas atividades trabalhando em casa, disponibilizando equipamentos e toda a estrutura própria para prestar serviços de educação e justiça, principalmente aos mais necessitados, no caso dos juizados especiais e varas previdenciárias, entre outros serviços que não podem parar".
Publicidade
Comparações com setor privado
Outro recente posicionamento da equipe econômica, comparando o fato de trabalhadores do setor privado estarem perdendo seus empregos, enquanto servidores não, também foi contestado. 
Publicidade
O Fosperj afirma que "não dá para comparar coisas que são diferentes: o crescimento de empregos no setor privado tem relação direta com a economia. Já a necessidade de servidores é relativa à quantidade e qualidade de demanda da sociedade".