Wisllen Gripp era servidor da Vigilância Sanitária e faleceu aos 49 anos, em 29 de maio de 2020
Wisllen Gripp era servidor da Vigilância Sanitária e faleceu aos 49 anos, em 29 de maio de 2020 Arquivo pessoal
Por PALOMA SAVEDRA
Eles estão na linha de frente do combate à covid-19 e têm uma missão em comum: servir à população e lutar contra os dramáticos números que vêm se impondo à realidade brasileira. Seja nos hospitais, ruas ou delegacias, são servidoras e servidores públicos que acabam se arriscando e, em algumas situações, também se tornando vítimas do vírus.
Hoje, familiares, amigos, pacientes e pessoas que foram assistidas por muitos desses profissionais lamentam suas ausências. Wisllen Gripp é um desses exemplos. Ele era servidor da Vigilância Sanitária do Estado do Rio e faleceu aos 49 anos, no dia 29 de maio, depois de ficar um mês internado.
Publicidade
A viúva, Lucelena Gripp, 45, lembra que o marido estava trabalhando no aeroporto e relata que a perda de Wisllen para o coronavírus até hoje gera reflexos em toda sua família. "Ele era muito preocupado com a saúde, muito cuidadoso. Não sabemos como ele pegou a doença", conta.
"Me sinto no olho do furacão ainda, meu marido era tudo na minha vida e dos nossos três filhos, era administrador da minha casa, da casa da mãe dele. Sentimos diariamente essa falta", diz ela, revelando que, hoje, seu filho Lucas faz 13 anos, e que será mais um dia em que a ausência de Wisllen se fará presente. Agora, ela só faz um pedido: "Que a vacina chegue com força".

Enfermeiro Mauro Cataldi atuava na linha de frente e foi mais uma das vítimas do vírus - Arquivo pessoal
Enfermeiro Mauro Cataldi atuava na linha de frente e foi mais uma das vítimas do vírusArquivo pessoal

Publicidade
O enfermeiro Mauro Cataldi também lutou contra a covid: ficou 25 dias internado e, aos 63 anos, deixou esposa e filhas no dia 15 de abril de 2020.
Gilma Cataldi, 62, lembra do marido, com quem estava casada há 20 anos, como um homem lutador. Ele buscava melhorias para a categoria e para a saúde pública.
Publicidade
Mauro trabalhava no Hospital Federal de Ipanema e na Secretaria de Saúde do Estado. E — relata Gilma — mesmo sendo cuidadoso ao extremo, se tornou mais uma vítima.
"Ele veio a falecer assim, ninguém esperava. A gente não acredita ainda que ele partiu. Era um ótimo pai, marido e servidor. Lutava muito pelas causas dos servidores de enfermagem".
Publicidade
AUSÊNCIA DE DADOS PELO PODER PÚBLICO
Servidores do país também chamam atenção para a forma como o poder público — em todas as esferas — vem lidando com os casos: a falta de divulgação permanente do número de óbitos e de infectados é um exemplo. A coluna solicitou os dados à Prefeitura do Rio, Estado do Rio e governo federal, mas, até o fechamento desta edição, não obteve resposta.
Publicidade
Os casos estão sendo registrados por associações e sindicatos de diversas categorias.
'A SITUAÇÃO DESSAS FAMÍLIAS ESTÁ SENDO INVISIBILIZADA'
Publicidade
"A situação dessas famílias está sendo invisibilizada. O que estamos percebendo também é que não há assistência adequada para essas famílias”, diz o diretor da Associação de servidores da Vigilância Sanitária (Asservisa), André Ferraz.
“Isso somado à ausência do PCCS da Saúde mostra que não há prioridade para a valorização do servidor”, afirma.