Chicão Bulhões, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e SimplificaçãoReprodução/Instagram
Por Sidney Rezende
Publicado 11/07/2021 06:00
Uma das principais críticas à atuação do poder público é o atraso burocrático em uma época em que a tecnologia agiliza os processos e a comunicação entre as pessoas. Para diminuir o empecilho na esfera pública do município do Rio, o prefeito Eduardo Paes criou, assim que assumiu, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, comandada por Chicão Bulhões, que era deputado estadual pelo Partido Novo. Na pasta, Bulhões tem agido para atrair novos negócios para a capital fluminense. "Temos colocado muita energia em tornar o Rio mais simples, mais seguro para investimentos e para mostrar nossas potencialidades. Queremos abraçar nossa vocação empreendedora no quesito tecnologia e inovação", disse em entrevista ao jornal O DIA. "Nós, cariocas, precisamos cuidar muito bem do quintal de casa para prosperarmos e continuarmos a potência que fomos e continuamos tendo o potencial de ser. Uma cidade global, mais inclusiva e com mais oportunidades. É tempo de olhar pro Rio", completa.
A Alerj instaurou ano passado a CPI para investigar as obras da estação Gávea do metrô do Rio. O senhor foi o autor do requerimento enquanto era deputado. Os trabalhos foram paralisados por conta da pandemia. O senhor acredita que voltarão esse ano ainda?
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Espero que sim. O que aconteceu no caso da Estação Gávea é um absurdo e objeto de ações e investigações sobre corrupção. Ao que parece, o Estado do Rio tinha previsão de ao menos finalizar as obras e impedir que um desastre ali aconteça. Espero que o faça o quanto antes. Acho que há muitas coisas a serem esclarecidas para a sociedade sobre esse tema, em especial aos moradores, universidade, alunos e empreendedores que estão ali na Gávea.
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Desburocratização é nova. Quais foram os resultados práticos desde quando assumiu?
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Nesses primeiros 6 meses, remontamos a Secretaria, lançamos um amplo programa de simplificação e digitalização, ações de atração de investimentos e medidas para aliviar os impactos da pandemia na economia. Merecem destaque o LICIN, que altera os métodos de análise dos licenciamentos de obras, transformando mais de 90% dos itens analisados em responsabilidade dos técnicos que assinam os projetos. Com isso, o compromisso é emitir licenças, com segurança, em até 30 dias (antes eram mais ou menos 270 dias). Integramos os licenciamentos ambiental e urbanístico e migramos para o ambiente digital. Apresentamos um projeto de Lei da Liberdade Econômica, que acaba com a necessidade de alvará para atividades de baixo risco, se aprovada pela Câmara. Fizemos, em parceria com a Câmara dos Vereadores, o programa Auxílio Empresa Carioca, para aliviar os impactos da Pandemia. Junto com a Invest Rio e parceiros privados, lançamos o Crédito Carioca, que disponibiliza microcrédito às empresas que buscam capital para crescer e sobreviver à crise. Elaboramos o Observatório Econômico do Rio, com o intuito de organizar dados e dar transparência aos cenários econômicos da cidade, com um boletim mensal. E, por fim, no início do ano, provocamos atores privados a mostrarem que o Rio continua de pé e com muitas oportunidades, com a campanha #InvistaNoRio.
Um estudo técnico da secretaria divulgado recentemente mostrou que a falta de coordenação e concorrência entre os dois aeroportos da cidade - Antonio Carlos Jobim/Galeão e Santos Dumont - podem prejudicar a retomada da economia. Qual a solução para resolver isso?
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Os estudos feitos pela Secretaria com base em dados econômicos e outros casos no Brasil, como o de Minas Gerais, mostraram que o SDU precisa se concentrar apenas nas ponte aéreas e voos executivos para não esvaziar o Galeão. Isso porque, para ser um aeroporto internacional relevante, é preciso ter voos domésticos suficientes para que a demanda de passageiros se justifique. O SDU é pequeno e tem limitações geográficas. Ou seja, ele nunca conseguirá receber grandes aeronaves que fazem voos internacionais. Porém, ele esvazia os voos regionais do Galeão, por ter uma localização que agrada mais uma parte do mercado de passageiros. Sem os voos regionais, o Galeão se esvazia, e perde competitividade. O resultado é que fica menos atrativo para receber voos estrangeiros diretamente, o que prejudica não só o turismo de lazer e negócios, mas também as importações e exportações, já que muitos desses aviões são responsáveis pelo transporte de cargas. Somente com um mercado acima de 30 milhões de passageiros é que seria possível aumentar o fluxo regional do SDU sem prejudicar a competitividade do GIG. O Rio precisa de um aeroporto internacional viável e competitivo.
O que tem sido feito para atrair novos negócios para a cidade e na geração de empregos?
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Temos colocado muita energia em tornar o Rio mais simples, mais seguro para investimentos e para mostrar nossas potencialidades. Queremos abraçar nossa vocação empreendedora no quesito tecnologia e inovação. Em breve, anunciaremos o primeiro marco nesse sentido, que se chamará Porto Maravalley. Ele terá uma série de ações e eventos para mostrar que o Rio quer ser a Capital da Inovação do país.
Alguns hotéis, como o Hotel Glória, estão se preparando para se tornarem prédios de apartamentos e escritórios. Quantos pedidos semelhantes já foram feitos e que benefícios trazem para a cidade?
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Já temos mais de 5 pedidos, salvo engano. Alguns já aprovados, como o do Hotel Glória. É uma excelente forma de dar vida a marcos históricos importantes da cidade, porém com atratividade econômica adequada aos novos tempos. O Rio preserva sua história, sem deixar de gerar empregos e atividades que pagam impostos, investem e geram valor para a cidade.
Ano que vem tem eleições para governo do estado e para presidente. O que isso pode impactar no município?
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O Rio sempre foi o rosto e o coração do país. Somos a capa da revista quando vai bem e quando vai mal. Fomos capital por quase 200 anos. É natural que estejamos sempre nos grandes debates nacionais. Porém, é hora do Rio olhar para o Rio. Nós, cariocas, precisamos cuidar muito bem do quintal de casa para prosperarmos e continuarmos a potência que fomos e continuamos tendo o potencial de ser. Uma cidade global, mais inclusiva e com mais oportunidades. É tempo de olhar pro Rio.
Como a disputa presidencial mais acirrada poderá influenciar a eleição estadual?
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Ainda não estamos na disputa eleitoral. Portanto, difícil prever o que acontecerá em 2022. O que sabemos agora é que ainda temos uma pandemia para vencer, uma população para vacinar e uma economia para retomar. Vamos deixar as eleições para quando elas chegarem. Agora é arregaçar as mangas e trabalhar. Tenho certeza que, quando chegar a hora, cada um colherá o que plantou e a população saberá escolher.
As milícias exercem grande influência, principalmente na Zona Oeste da cidade. O quanto isso impacta no desenvolvimento econômico e como resolver esse problema?
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O problema do crime organizado é da União, do Estado e deve contar com o suporte dos Municípios. Claro que possui efeitos econômicos e sociais negativos. O Prefeito já deu um recado claro: "milícia não vai mais construir porcaria nenhuma nessa cidade". Nossas ações de simplificação ajudam quem quer estar certo a se formalizar. Tem que ser fácil para quem quer ganhar dinheiro honestamente e difícil para quem está de má-fé e comete crimes. A digitalização também ajuda a jogar luz nas irregularidades. Além, é claro, de apertar o cerco na fiscalização, que tem sido feito pelos órgãos da Prefeitura. 
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