Professor foi encontrado por amigos em Niterói
Professor foi encontrado por amigos em Niterói Arquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
Após dois dias de ampla mobilização nas redes sociais, o professor Bruno de Lima Alves, de 32 anos, foi encontrado, na tarde desta segunda-feira, atrás do terminal rodoviário João Goulart, no centro de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Desorientado, Bruno foi visto por amigos, que estavam realizando buscas ao seu paradeiro. Ele foi acolhido por familiares e levado para casa. O professor desapareceu no último sábado, após sair de casa, em São Gonçalo. “Estamos felizes e agradecemos a todos que fizeram essa corrente para encontrar o Bruno”, disse o tio do professor, Alan do Nascimento Lima, de 46 anos. 
De acordo com a família, após o reencontro, Bruno admitiu ter ficado desorientado. Ele contou que, ao deixar a bicicleta no estacionamento público, seguiu para Rio de Janeiro, mas retornou a Niterói. A partir daí, fez baldeação, em ônibus intermunicipais, até chegar a Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. “Ele vagou por 48 horas, entre viagens em ônibus e caminhando pelas ruas. Tudo indica que estava em surto. Disse que não queria ser encontrado. Desligou o aparelho celular e passou a andar sem rumo. Arrumava comida e fazia as necessidades em locais públicos. Graças a Deus, nada de ruim aconteceu”, contou a ex-namorada, a professora Ingrid Santos de Carvalho, de 31 anos.
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Bruno resolveu retornar para Niterói, na manhã de ontem. Ele foi reconhecido, quando chegou ao bicicletário. “Um funcionário fez contato com a família. Contudo, devido à mobilização, nas redes sociais, ficou muito conhecido. Amigos o encontraram atrás da rodoviária, em Niterói. Foi uma felicidade geral”, disse Ingrid. 
 
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Na manhã desta segunda-feira, policiais da Delegacia de Homicídios (Niterói/SG) encontraram a bicicleta do professor, no estacionamento público de Niterói, ao lado da estação da concessionária CCR Barcas, na Praça Araribóia, no Centro. O registro de entrada, no bicletário, foi feito às 9h38 do último sábado, cerca de duas horas após o professor sair de casa, no bairro Neves, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O aparelho celular do professor estava desligado.
Sumiço - Em tratamento, após diagnosticado em quadro de depressão, o professor avisou a mãe, a dona de casa Mônica Olímpia de Lima, de 52 anos, que daria um passeio para espairecer. “Ele acordou bem cedo. Disse que iria sair de bicicleta. Contudo, sempre que demorava, avisava. Nunca ficou tanto tempo sem fazer contato. Isso nos deixou preocupados e procuramos a polícia. Ele tem muitos amigos e é querido pelos colegas. Essa mobilização nas redes sociais é prova disso”, disse a mãe, feliz com a notícia. 
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Formado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Bruno, apesar dos tratamentos médicos, estava seguindo rotina profissional e trabalhando em duas escolas. Há cerca de 1 mês, Bruno escreveu uma carta para ex-namorada, se despedindo dela e agradecendo pelo relacionamento. “Foram várias cartas, mas essa chamou a atenção. Era como se fosse uma despedida. Era o jeito dele. Às vezes dizia que estava deprimido. Pedia para reatar o namoro", contou Ingrid.

Sumiços são comuns em casos de depressão, segundo psicóloga
Com 27 anos de experiência, a psicóloga Alessandra Alves Soares diz ser comum casos de desaparecimentos relacionados a pacientes em quadro de depressão, sobretudo em transtornos psiquiátricos. Ela ressalta, no entanto, a importância do tratamento preventivo, com ajuda da família. “É comum, pacientes com diagnóstico de depressão falarem em sumir. Na verdade, eles querem desaparecer com a dor, mas pensam que, se isolando, os problemas serão resolvidos. Isso fica no inconsciente coletivo. Nesses casos, o apoio da família é fundamental. Pois, em caso de surto, eles saem de casa e ficam à mercê de iminentes perigos, que podem colocar a vida deles em risco”, esclarece Alessandra, que indica, em alguns casos, a internação para preservar a vida da pessoa.