Sheila e o tio foram à delegacia após o reencontro      - Arquivo Pessoal
Sheila e o tio foram à delegacia após o reencontro Arquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
 O rastreamento da última ligação telefônica ajudou a polícia a desvendar o desaparecimento de Sheila Guimarães Viana, de 37 anos, que havia sumido há uma semana, após sair da manicure, a poucos metros de casa, no bairro Porto Novo, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Sheila foi encontrada, nesta quinta-feira, em Itaguaí, na casa de um suposto namorado, que havia conhecido pelas redes sociais. De acordo com os investigadores, cerca de duas horas antes do desaparecimento, foi registrado um contato oriundo do aparelho celular do suspeito, que trabalha como servente de pedreiro.
Segundo familiares, Sheila conheceu o rapaz pelas redes sociais, há cerca de duas semanas. Eles se apaixonaram e resolveram marcar encontro em um depósito de gás, próximo à residência da manicure, em São Gonçalo, onde ela foi vista pela última vez, no dia 24 de setembro. À revelia da família, Sheila seguiu para casa do servente de pedreiro, em Itaguaí, onde foi encontrada. Em depoimento à polícia, o servente de pedreiro negou ter aliciado a vítima. Ele contou ter se apaixonado e agido de forma consensual. Responsáveis pelas investigações, policiais do setor de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios de Niterói/São Gonçalo pretendem ouvir todos os envolvidos para encerrar o caso.
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Aliviados, familiares celebraram o reencontro com Sheila. “Ela tem deficiência intelectual. É muito inocente e não mediu as consequências e os riscos de um encontro pela Web. Quando nos relacionamos pela Internet, não sabemos quem está por trás da tela do computador ou aparelho celular. Graças a Deus, nada de ruim aconteceu. A polícia agiu com rapidez e conseguiu encontrar o paradeiro da minha irmã”, disse, emocionada, a especialista em Recursos Humanos Cristiane Guimarães Viana, 40 anos. Após prestar depoimento e se colocar à disposição da Justiça, o servente de pedreiro foi liberado.  
Redes sociais: riscos e fragilidades emocionais
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Com o avanço das redes sociais, os relacionamentos virtuais ganharam destaque e, no mundo globalizado, atingem pessoas em todo o mundo. Especialistas alertam, no entanto, que a Internet ainda é um “campo minado”, sobretudo, em casos envolvendo relacionamentos pessoais e movimentações financeiras.
“Têm sido comum, desaparecimentos após relações pela internet. As vítimas ficam à mercê de iminentes perigos e deixam as famílias desesperadas. O diálogo é a melhor prevenção. Quando os pais perceberem mudanças de hábito dos filhos ou algum relacionamento abusivo devem intervir com uma conversa franca. Os abusadores, geralmente, são permissivos e não demonstram suas reais intenções ”, disse Jovita Belfort, coordenadora do setor de Prevenção e Enfretamento ao Desaparecimento de Pessoas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.
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Para a psicóloga Alessandra Alves Soares, a instabilidade emocional é um dos gatilhos para o aumento da incidência de casos de golpes e aliciamentos nas redes sociais.
“O problema não é a Internet. Os desiquilíbrios emocionais e as carências, na maioria dos casos, determinam a vulnerabilidade das vítimas. Os criminosos, que estão por trás das telas, se aproveitam dessas fragilidades. Ainda que não exista uma hegemonia de gênero, as mulheres acabam sendo mais suscetíveis, por conta, sobretudo, das carências afetivas e das relações amorosas idealizadas. Isso ocorre tanto no mundo virtual, quanto no real. Portanto, os filtros de defesa devem partir do fortalecimento emocional, das prevenções e do diálogo”, esclarece a psicóloga.