Calebe dos Santos, de 12 anos, foi localizado pela família, no fim da manhã desta sexta-feira, após ampla mobilização nas redes sociais e no DIA Online Arquivo Pessoal

Por Charles Rodrigues
Foram quase 24 horas de angústia, mobilização e buscas, até a localização do menino Calebe dos Santos Ferreira, de 12 anos, que havia desaparecido, na manhã da última quinta-feira, após sair, em sua bicicleta, do condomínio onde mora, em Icaraí, na Zona Sul de Niterói.
O adolescente foi localizado, no fim da manhã de sexta-feira. Ele alegou ter saído de casa e seguido em uma suposta ‘aventura’, após não aceitar a repreensão do pai, que impôs limites dos acessos à Internet e exigido rigor nos estudos.
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De acordo com familiares, Calebe teria ido de bicicleta para São Gonçalo e retornado ao centro de Niterói, onde disse ter dormido na rua, entre carros estacionados, atrás de um shopping da cidade.
As circunstâncias do desaparecimento serão apuradas pela polícia. A possibilidade de o adolescente ter sido aliciado, por um estranho, não foi descartada.
Aliviado, o funcionário público Elói dos Santos Ferreira, de 53 anos, se emocionou ao rever o filho e fez um alerta sobre os excessos das crianças e adolescentes na Internet, onde, segundo ele, quando não orientadas, podem ser aliciadas, pois, ficam expostas a pessoas estranhas e iminentes riscos.
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“Todos os dias converso sobre os excessos nas redes sociais e nos acessos aos jogos. Tentamos orientar sobre os limites e a necessidade de equilíbrio do tempo com os estudos. Portanto, faço um alerta aos pais sobre os perigos dessa exposição excessiva na Internet, que pode levar nossas crianças a iminentes perigos. Meu filho dormiu na rua e correu riscos que não precisava. Graças a Deus, tudo terminou bem!”, disse, emocionado, o funcionário público.
Relembrando – Na última quarta-feira, as adolescentes Lauane kristine, de 14 anos, e a amiga Letícia Lima, 12, foram localizadas pelas famílias, após ficarem cinco dias desaparecidas, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De acordo com familiares, as meninas teriam saído para uma ‘aventura’ e correram riscos.

Adolescência: inexperiência e aliciamentos pelas redes sociais elevam os riscos das ‘aventuras’, dizem especialistas
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Aventuras envolvendo adolescentes são comuns, contudo, a inexperiência faz elevar os iminentes riscos, sobretudo, quando são aliciados, por estranhos, em redes sociais.
Portanto, o imaginário coletivo da aventura bem sucedida e o ‘prazer’ momentâneo pela ausência da ‘lei’, representada pelos pais, colocam os adolescentes em um limbo, entre o lazer e a tragédia, conforme, explicam os especialistas.
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“Quando o imaginário ganha forma, os adolescentes não medem as consequências e preferem a aventura. Nesses casos, os pais devem ficar sob alerta, sobretudo, quando os filhos ficam muito tempo na Internet ou introspectivos. O diálogo sempre é a melhor forma de prevenção para essas aventuras e desaparecimentos”, alerta Luiz Henrique Oliveira, gerente do Programa SOS Crianças Desaparecidas, da Fundação para Infância e Adolescência (FIA).
‘É preciso estar atento a esses sinais”
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Para a psicóloga Alessandra Alves Soares, a adolescência é uma fase de transição, novas descobertas, mudanças físicas e emocionais, que precisa de acompanhamento e diálogo.
“Talvez seja mais difícil para os pais lidarem com essa fase que o próprio adolescente. É um período em que o convite para desfazer velhos conceitos e rever posturas seja bastante contundente. Nem toda família está preparada para isso. Manter o canal de diálogo aberto, a escuta apurada são caminhos interessantes para evitar o distanciamento e a ruptura da relação. O adolescente sempre emite sinal quando algum incômodo está ocorrendo. É preciso estar atento a esses sinais”, explica a psicóloga, que orienta a pais e responsáveis a procurarem apoio às instituições públicas e particulares que oferecem auxílio psicossocial.
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Casos de desaparecimentos de adolescentes têm maior número de registros, segundo Ministério Público
De acordo com dados do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o desaparecimentos de adolescentes, entre 12 a 17 anos, correspondem a cerca de 29% dos casos registrados, sendo o maior índice relativo no universo da pesquisa, que abrange cerca de 27 mil casos relatados. Em janeiro deste ano, foram registrados 383 desaparecidos no Estado do Rio de janeiro, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP).