Kayke Nicolay, de 14 anos, está desaparecido há 1 semana, após sair de casa, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense
Kayke Nicolay, de 14 anos, está desaparecido há 1 semana, após sair de casa, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense Arquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
Há uma semana, familiares realizam buscas ao menino kayke Nicolay, de 14 anos, que desapareceu ao sair de casa, no bairro Química, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense, após suposto desentendimento por uso de um aparelho celular.
De acordo com a família, Kayke saiu pelos fundos do prédio, na tarde do último dia 17, em sua bicicleta, com uma mochila, usando capote de frio cinza com capuz, blusa com inscrição do personagem de anime ‘Naruto’ e bermuda preta. O adolescente não levou o aparelho celular e estaria sem dinheiro.
Publicidade
Considerado um menino tranquilo e estudioso, Kayky, conforme relato de familiares, não tinha motivos para fugir, não usava drogas e, tampouco, apresentava mudanças de comportamentos ou problemas de saúde. A briga pelo uso do celular pode ter motivado o sumiço, contudo, a possibilidade de aliciamento não foi descartada.
“É um menino tranquilo, educado e carinhoso. Assim como todos adolescentes, passa por momentos de rebeldia e gosta de ficar por longos períodos navegando na Internet ou participando de jogos pelo aparelho celular. No dia do sumiço, brigou com a irmã por causa do carregador do celular e foi repreendido pela mãe. Não sabemos se foi isso que desencadeou o desaparecimento. Nosso receio é de ele ter sido aliciado por algum estranho e estar em situação de risco”, disse o padrasto, André Luis da Silva, de 41 anos.
Publicidade
'Estamos abalados e com medo' 
Abalada, a dona de casa Andreza da Silva Nicolay, de 32 anos, acredita que o filho possa ter sofrido algum tipo de aliciamento e, em tom de desabafo, conta a dificuldade para dormir e se alimentar, após a ausência do filho.
Publicidade
“Estamos abalados e com medo. Como mãe, ficamos pensando como está dormindo, onde está comendo. Isso dói muito! Tudo indica que o Kayke possa ter sido influenciado por alguém. Nosso apelo é por notícias e, caso alguém esteja com ele, que comunique à polícia e o deixe vir embora”, desabafa a mãe do adolescente.
Adolescente pode estar em São Paulo, segundo denúncia anônima  
Publicidade
Após a demora no retorno e a falta de contato, familiares comunicaram o sumiço de Kayky na 88ª (Barra do Piraí). As possibilidades de o desaparecimento ter sido motivado por conflitos familiares, um possível aliciamento ou uma fuga premeditada serão investigadas. Há dois meses, familiares relataram que Kayky sumiu, temporariamente, após marcar encontro com uma menina pelas redes sociais, mas retornou para casa.
Informações sobre a rotina do menino e as conversas nas redes sociais estão sendo analisadas pelos agentes, que já ouviram familiares e testemunhas. Após divulgação do caso nas redes sociais, familiares relataram que estão recebendo trotes telefônicos e ameaças. Uma denúncia sobre a possível ida do adolescente para São Paulo está sendo averiguada. Informações sobre o caso podem ser repassadas para o 190, (24) 2445-4342 (88ª DP) ou para o 2253-1177 (Disque-Denúncia), todos com sigilo totalmente garantido.

Inexperiência e aliciamentos pelas redes sociais elevam os riscos das ‘aventuras’, dizem especialistas
Publicidade
Aventuras envolvendo adolescentes são comuns, contudo, a inexperiência faz elevar os iminentes riscos, sobretudo, quando são aliciados, por estranhos, em redes sociais. Portanto, o imaginário coletivo da aventura bem sucedida e o ‘prazer’ momentâneo pela ausência da ‘lei’, representada pelos pais, colocam os adolescentes em um limbo, entre o lazer e a tragédia, conforme, explicam os especialistas.
“Quando o imaginário ganha forma, os adolescentes não medem as consequências e preferem a aventura. Nesses casos, os pais devem ficar sob alerta, sobretudo, quando os filhos ficam muito tempo na Internet ou introspectivos. O diálogo sempre é a melhor forma de prevenção para essas aventuras e desaparecimentos”, alerta Luiz Henrique Oliveira, gerente do Programa SOS Crianças Desaparecidas, da Fundação para Infância e Adolescência (FIA).
Publicidade
‘É preciso estar atento a esses sinais”
Para a psicóloga Alessandra Alves Soares, a adolescência é uma fase de transição, novas descobertas, mudanças físicas e emocionais, que precisa de acompanhamento e diálogo.
Publicidade
“Talvez seja mais difícil para os pais lidarem com essa fase que o próprio adolescente. É um período em que o convite para desfazer velhos conceitos e rever posturas seja bastante contundente. Nem toda família está preparada para isso. Manter o canal de diálogo aberto, a escuta apurada são caminhos interessantes para evitar o distanciamento e a ruptura da relação. O adolescente sempre emite sinal quando algum incômodo está ocorrendo. É preciso estar atento a esses sinais”, explica a psicóloga, que orienta a pais e responsáveis a procurarem apoio às instituições públicas e particulares que oferecem auxílio psicossocial.
Casos de desaparecimentos de adolescentes têm maior número de registros, segundo Ministério Público
Publicidade
De acordo com dados do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o desaparecimentos de adolescentes, entre 12 a 17 anos, correspondem a cerca de 29% dos casos registrados, sendo o maior índice relativo no universo da pesquisa, que abrange cerca de 27 mil casos relatados. Em janeiro e fevereiro deste ano, foram registrados 676 desaparecidos no Estado do Rio de janeiro, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP).