Edson celulari
 - Globo/João Miguel Júnior
Edson celulari Globo/João Miguel Júnior
Por BRUNNA CONDINI | brunna.condini@odia.com.br

Rio - Um ano especial. É assim que Edson Celulari define 2018. O ator, de 60 anos, vibra com seu personagem em 'O Tempo não Para', congelado por mais de um século, que após passar pelo choque com o presente, vem se adaptando às mudanças. "Dom Sabino chegou como um presente, e eu o encarei com alegria. Os desafios sempre chegam na hora certa e exigem muita entrega. Mas acredito naquele ditado que diz: 'Se você está precisando de energia, doe energia ao universo'. A melhor forma de adquirir energia é 'queimando' energia", constata.

"Se você está cansado, vá à academia malhar, que é de lá que você vai retirar resistência. E isso se espelha em tudo na vida, eu acredito! Está sendo muito bom viver o sucesso da novela e desse personagem tão querido. Fico feliz em saber que vou começar 2019 ainda contando essa história ao lado desses colegas maravilhosos. Isso me deixa muito fortalecido".

Assim como Dom Sabino, Edson demonstra resiliência ao lidar com as experiências mais difíceis. Como no episódio de superação de um câncer linfático, descoberto em 2016, e do qual o ator obteve sucesso com o tratamento. 

APRENDIZADOS

O ator lembra exatamente do que sentiu no momento da notícia. "Foi um impacto muito grande. A finitude é inevitável, mas a gente tenta evitar o assunto", diz.

"Não sabemos quando vai ser o nosso momento, mas é preciso encarar isso de frente. Acho que, quando você está mais velho, se prepara naturalmente para isso. Mas, quando você recebe a notícia de uma doença, parece que aquilo se antecipa. No meu caso, tinha 58 anos e falei 'Caramba! Chegou minha vez? Me dá um tempo, pelo menos, para arrumar um pouquinho as coisas, para me organizar'".

E o que mudou na forma de viver depois de tudo?

"Mudei o entendimento de algumas questões da vida. Se eu tivesse uma lista de prioridades, acho que teria mudado a posição de algumas, que estavam em terceiro ou quarto lugar, para o primeiro", revela, aos risos.

E continua: "Você foca no que é realmente importante. Hoje, percebo que um fator que fez diferença na minha boa recuperação foi manter a fé, além, é claro, do ótimo tratamento médico e o apoio das pessoas que torceram por mim. Agradeço a todos e vou agradecer sempre. Acho que, mesmo aqueles que não passam por uma situação como essa, devem sempre repensar sua lista de prioridades. Não deixar para fazer amanhã o que você pode fazer hoje, não deixar de pedir desculpa a quem você deve pedir. Agradecer a quem você deve agradecer, amar quem tem que ser amado, perdoar quem tem que ser perdoado. Faça hoje, faça logo. Acho que me tornei um ser humano melhor".

FAMÍLIA E AMOR

Com 40 anos de carreira e 60 de idade, o paulista de Bauru vê muito do que é seu em Dom Sabino, apesar da diferença temporal. "Ele é um homem que acredita na palavra, no fio do bigode, e tem seus valores. Protege sua família, é um provedor. Ao mesmo tempo, muito teimoso. Acho que tenho algumas coisas parecidas com ele. Me considero um bom pai, sou um homem determinado e, quando decido fazer alguma coisa, é difícil tirar da minha cabeça", diz.

Muito ligado à família, Edson define o tipo de paternidade que exerce na relação com os filhos Sophia, 15 anos, e Enzo, de 21. "Sou um pai dedicado, atento e, obviamente, imperfeito porque ninguém é perfeito", analisa. "O fato de indicar caminhos e, ao mesmo tempo, dar o espaço para que seu filho ocupe o espaço dele é um ciclo gratificante. Sempre cuidei para que eles tivessem um pensamento livre para enfrentar a vida".

Casado com Karin Roepke, ele não descarta uma nova paternidade. "Está presente essa possibilidade. Seria lindo, mas nada urgente", revela, sobre a união com a atriz, oficializada há um ano, apesar de o casal estar junto desde 2011.

Mudou algo com o casamento?

"Sim. Estamos juntos há sete anos e, durante meu tratamento no hospital, disse a ela: 'se eu sair dessa, a gente vai se casar na Toscana'. Tudo deu certo e então cumprimos a nossa promessa. Nos casamos lá, numa cerimônia linda, só com os familiares. Éramos 12 pessoas numa pequena igreja. A bênção recebida nessa celebração veio somar e harmonizar ainda mais a nossa história".

RECONHECIMENTO E EQUILÍBRIO

O ator constata que foi muito feliz nestas quatro décadas de trabalho. "Fazer o que faço é meu grande prazer. Ter o privilégio de conviver com pessoas diferentes e inteligentes, poder contar histórias que me levam a lugares incríveis, poder atingir os mais diversos públicos e as mais diversas sensibilidades em um país como o nosso é maravilhoso", comemora. "Tudo o que fiz me alimentou. É uma alegria ter convivido com colegas talentosos que me ensinaram, inspiraram e continuam me inspirando. Claro que ficam os aplausos, o carinho do público, mas também ficam as tentativas que não deram certo. Isso é humano e faz parte".

Ele revela o que curte fazer fora da rotina profissional. "A vida é maior do que o nosso trabalho e assim deve ser. Tento me equilibrar na minha vida espiritual e física", comenta. "Depois do susto que levei, cuido mais ainda da minha saúde, estou sempre atento à minha alimentação. Fora isso, gosto de viajar, conhecer novos lugares. Sempre vejo o lado positivo da vida. Gosto de ouvir boa música, ler livros que inspirem, ver filmes e conversar boas conversas. E adoro ir à feira de domingo comer o pastel da barraca do japonês, rir com os amigos, estar com meus cachorros, minha família e com o meu amor, a Karin".

PLANOS

A trama das sete entra em sua reta final (termina em 28 de janeiro), e o ator faz planos. "Vou descansar. Ainda não sei se consigo viajar logo em seguida porque tenho compromisso com um filme. Será a minha primeira direção, mas ainda estamos aguardando a confirmação. Também tenho projetos de teatro que preciso equalizar. Ou seja, estarei entre projetos profissionais e um merecido descanso", diz.

Ele conta como vai passar a virada do ano. "Com minha família no Rio, sintonizado com as melhores energias do universo. São cerimônias que celebram a vida de forma leve e divertida. É um momento para agradecer as bênçãos recebidas, comer, brindar e desejar muita harmonia e prosperidade", completa, animado.

E o ator revela seus desejos para 2019: "Estamos aguardando um Brasil melhor, não só no meu setor cultural, mas no da educação, saúde. Sabemos que não basta apenas desejar e esperar, quem tem que fazer somos nós também. Acredito que é esse o espaço que nos cabe como sociedade e só conseguiremos mudanças cobrando de quem tem que ser cobrado e com unidade. Se eu desejo uma coisa para o mundo e para o meu país é que possamos ter unidade e compromisso para chegarmos aonde queremos e termos aquilo que merecemos".

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