Por daniela.lima

Rio -Moçambicano radicado em Portugal, o escritor e novelista Manoel Arouca, 58 anos, veio ao Brasil há dois anos para filmar parte do documentário ‘Fátima e o Mundo’, que aborda a devoção a Nossa Senhora de Fátima pelos quatro continentes. Um contato com o Padre Omar Raposo, reitor do Cristo Redentor do Corcovado, o levou à história do médico e seminarista Guido Schäffer — morto afogado enquanto surfava em maio de 2009, aos 34 anos —, que Arouca relata no livro ‘O Anjo Surfista’ (ed. LeYa, 178 págs., R$ 19,90). E levou também ao clamor popular para o processo de canonização de Schäffer. 

‘O Anjo Surfista’ conta a história de um jovem que largou a medicina para tentar ser padrearquivo pessoal


Criado na Zona Sul carioca, Guido era um jovem ligado ao surfe — o livro o descreve como ousado e destemido no esporte. Na infância, relatam seus pais, teve visões de Jesus Cristo. Passou a convencer seus amigos, desde bem cedo, a ir à igreja. Permaneceu ligado à religião a ponto de, já formado médico, resolver fazer seminário. No decorrer da vida profissional, realizou diversos trabalhos com moradores de rua.

“Acredito que o Guido seja o testemunho vivo de tudo aquilo que o Papa Francisco está pregando sobre a necessidade do envolvimento dos jovens no cristianismo”, diz o escritor, que está no Rio para a produção de um documentário sobre Guido, com o mesmo nome do livro. “Ele já era um exemplo de médico e tornou-se, depois, um modelo de desprendimento, de entrega. A história dele é a de um rapaz que quis se parecer um pouco mais com Jesus Cristo. E é um cara com uma aura de santidade vindo de um bairro cosmopolita, repleto de tentações”.

Autor do prefácio do livro, o Padre Jorjão, da Igreja Matriz Nossa Senhora da Paz (Ipanema), conheceu Guido ainda adolescente e foi uma das mais próximas fontes de Manuel em ‘O Anjo Surfista’. Ele prepara outro livro sobre o jovem, com o escritor Alexandre Pinheiro. E afirma que fala-se de sua beatificação desde maio de 2009.

“A Igreja é muito prudente em relação a isso. Apenas no ano que vem é que os testemunhos vão poder ser analisados. O impressionante é ver como pessoas que nunca o conheceram montam grupos para orar por ele e pedir sua intercessão. E isso até em países como a Suíça”, relata Jorjão. “O Papa João Paulo II costumava dizer que precisamos de santos vestidos de calças jeans. E o Guido é um exemplo disso, de um rapaz que vivia sua juventude”.

“Meu filho era uma pessoa de enorme bondade. Mas ainda assim me espanto em ver tudo isso que está acontecendo”, diz a mãe de Guido, Nazareth Schäffer, afirmando que ainda há outros dois livros para sair: ‘Guido Schäffer — Apóstolo da Palavra e da Paz’, escrito pelo monge beneditino Dom Justino de Almeida Bueno, e um assinado pelo padre francês Daniel Ange, falando de jovens que mudam a vida ao se entregarem para Deus. “Ver um filho partir é duro, mas é lindo ver que ele fazia tanto bem a todos”.

Graças e testemunhos

‘O Anjo Surfista’ — que será lançado dia 1º de julho, na Livraria Argumento do Leblon, às 19h — encerra com relatos de graças que, afirmam os entrevistados, tiveram a intercessão de Guido Schäffer. As primeiras delas teriam acontecido logo após a morte do médico, com uma criança desenganada por “um grande neurologista do Rio de Janeiro”, que chegou às mãos de Padre Jorjão. E a dona de casa Miriam Ferreira, 56, moradora de Madureira, também relata que seu filho Leandro Ferreira , 28, recebeu duas graças.

“Ele foi diagnosticado com água na pleura, sentia dor, tinha febre. Peguei o retrato do Guido e pedi a ele que intercedesse para que conseguíssemos um hospital para o tratamento. E conseguimos”, afirma. “Depois, o médico viu que ele não precisava operar e não tinha nada. Foi uma bênção”.

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