Rio - Os olhos da pequena Nicolle Marinho, moradora do Cantagalo, de 8 anos, brilharam ao ver o malabarista Alan Soares usar três motosserras ligadas em seu truque. O número, inédito no Brasil, faz parte do espetáculo ‘Gênesis’, o primeiro profissional do AfroCirco, projeto do AfroReggae que reúne jovens artistas de diversas comunidades do Rio. A estreia acontece neste fim de semana, no Anfiteatro Benjamim de Oliveira, que fica no Morro do Cantagalo, em Ipanema, local onde a trupe ensaia e muitos deles moram. Para quem quiser curtir um aperitivo, o grupo executa intervenções na praia de Ipanema amanhã, das 10h ao meio-dia.
O AfroCirco já existia há mais de dez anos como projeto social no Cantagalo, realizando oficinas de circo, percussão e dança. Agora, com apresentações até o fim de julho, debuta como companhia de circo, fato raro em uma comunidade carioca. “Poucas pessoas sabem que o AfroReggae exporta mais talento do circo do que da música”, diz José Junior, o fundador da ONG.
Dividido em dois atos, ‘Gênesis’ tem 30 artistas em cena que unem acrobacias, malabares, pernas de pau e palhaçadas tradicionais do circo com passos do funk (com direito até ao quadradinho de oito), hip hop, capoeira e dança de salão, além de percussão corporal e instrumentos rítmicos do samba.
“Há muito tempo nossos artistas fazem apresentações imitando circos estrangeiros. ‘Gênesis’ tem a cara do circo brasileiro, com estética própria, repleta de misturas. Nossa ideia é encenar um espetáculo criativo com base em nosso folclore e cultura popular”, afirma o diretor, Marcelo Silveira.
“Já pedi dinheiro na rua, vendi bala... Me descobriram fazendo malabares no sinal. Hoje, minha missão é fazer graça, divertir o público. O circo é um mundo de magia”, diz Alex Baião, 24, um dos artistas da trupe.
Anfiteatro Benjamim de Oliveira. Ciep de Ipanema. Morro do Cantagalo, Ipanema. Sáb, às 19h. Dom, às 18h. Grátis. 180 lugares (distribuição das senhas 1h antes do espetáculo). Livre.