Por daniela.lima

Rio - Pouca gente sabe disso, mas Roger Rocha Moreira, líder e único remanescente da formação original do Ultraje A Rigor, acaba de ter uma filha. "Se a banda já não ia a lugares distantes, como o Nordeste, agora é que não vai mais sair de casa mesmo", brinca Sérgio Serra, que tocou guitarra no Ultraje, entre idas e vindas, de 1986 a 2007. No que depender de Sérgio e de sua banda Os Elétricos (Hélio Ratis na bateria, Luciano Mendes no baixo e Lúcio Kropf na outra guitarra), o repertório clássico do grupo não vai deixar de ser executado. Nesta sexta-feira, a galera se apresenta na festa 'Tupiniquim', no Studio RJ (Arpoador), com o show 'Um Baile A Rigor'. 

Sérgio e sua banda Os Elétricos (Hélio Ratis na bateria, Luciano Mendes no baixo e Lúcio Kropf na outra guitarra)Divulgação


Mesmo atacando nas covers, Sérgio não deixa de ser crítico em relação ao assunto. "Fui percebendo que o mercado está quase fechado para trabalhos autorais. Queria fazer o meu som, mas o que eu queria mesmo era não ser o 'Sérgio, ex-Ultraje'. Só que tocar músicas dos outros é o que o mercado oferece para viver com dignidade", resigna-se. Ele chegou a gravar um CD instrumental, 'Labirinto Vertical', em 2010. "Eu falei com o Roger uma vez: 'Não consigo me livrar do Ultraje'. Para minha surpresa, ele me respondeu: 'Cara, se isso te consola, nem eu!'. Pra você ver!".

Morador de Teresópolis, Sérgio teve a ideia quando viu shows de rock e música pop num bar perto da sua casa. "Assisti lá a um tributo à Legião Urbana. Inicialmente, quis montar um set list com músicas das bandas pelas quais eu passei. Toquei com Cássia Eller, João Penca & Seus Miquinhos Amestrados, Leo Jaime, Legião Urbana e com o próprio Ultraje. Depois tivemos a ideia de homenagear o Ultraje e colocar um cantor, mas fiquei eu mesmo. O cantor que a gente chamou não apareceu no ensaio e tive que cantar!", brinca. "Vimos o 'Bailinho', do Rodrigo Penna e surgiu a ideia do 'Um Baile A Rigor'. O projeto é abençoado pelo Roger. Conseguimos até usar aquele periscópio do Ultraje, mas com um chapéu de pirata, para indicar que é cover". 


Os trabalhos solo de Rodrigo Santos, ex-baixista do Barão Vermelho, serviram também de inspiração para o projeto de Sérgio - tanto que o músico participa do show no Studio RJ. "Ele vai cantar 'Ciúme' e 'Sexo' com a gente. Frejat também ficou de participar em uma próxima edição. Voltei a ser um fã do Ultraje, o projeto me reconciliou com a banda", diz Sérgio.

O guitarrista deixou o grupo num período em que o Ultraje estava quase inativo. "O Roger nem compunha mais. Ele até falava que tudo o que ele tinha para dizer, já disse. Hoje, acho que o Gabriel Thomaz, do Autoramas, tem uma pegada parecida com a dele", diz Sérgio.

O músico via também muito de sua ex-banda nos Mamonas Assassinas. "No Hollywood Rock de 1996, eu estava na plateia assistindo ao show do Jimmy Page e do Robert Plant e me lembro que o Dinho, dos Mamonas, foi lá tentar conversar comigo", recorda. "Velho, o cara falou para mim: 'Somos seus fãs, queria que você soubesse que o Ultraje é tudo para a gente'. O pior foi que eu respondi: 'Pô, beleza, mas Led Zeppelin (banda fundada por Page e Plant) é tudo para mim também, quero ver o show. Depois a gente conversa sobre isso!'. Acabou que os Mamonas morreram pouco depois e nunca conversamos. Dá até um arrependimento".

O set list do show inclui 16 clássicos da banda. Entre eles 'Nós Vamos Invadir Sua Praia', 'Inútil', 'Filha da P...', 'Zoraide', 'Pelado' e 'Chiclete'. Logo após o show os DJs Lencinho e Tulio Baia - com o VJ Montano - comandam mais uma edição da Festa Tupiniquim com muita música brasileira.

STUDIO RJ. Av. Vieira Souto, 110, 1º andar, Ipanema (2523-1204). Sexta (4), às 22h (show) e 0h (festa). R$ 25 (feminino - apenas para a festa), R$ 30 (masculino - apenas para a festa), R$ 40 (show). 18 anos.

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