Por daniela.lima
Rio - Ao contrário de sua personagem na comédia romântica ‘Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com Minha Vida’, Clarice Falcão sabe bem o que quer. Em cartaz como a protagonista do filme de Matheus Souza, a partir de amanhã, ela, que aos 24 anos já é cantora, compositora, atriz, roteirista e comediante do ‘Porta dos Fundos’, diz que morreria de tédio fazendo uma coisa só, mas que tem certeza que seu caminho é a arte. “O bom de fazer tudo isso é poder revezar o tipo de trabalho quando bater uma crise”, diz Clarice. 
Na trama, Rodrigo Pandolfo é um amigo que tenta ajudar Clara a descobrir do que realmente gosta Divulgação


É mais ou menos isso o que Clara, personagem interpretada por ela, decide fazer. Após perceber que foi um erro entrar para a faculdade de Medicina, a jovem passa os dias se reinventando em outras profissões, ao lado do amigo interpretado por Rodrigo Pandolfo. “Quando temos opção, precisamos aproveitar. Eu mesma, que não era do ramo da música, tive a cara de pau de colocar minhas canções aí, para as pessoas verem”, diz ela, que divulgou vídeos das faixas de seu disco na internet.

Aliás, foi também na internet que Clarice se popularizou de vez, ao lado de seu namorado, Gregório Duvivier, e de outros amigos, criadores do canal de humor ‘Porta dos Fundos’. “Gosto de trabalhar com pessoas próximas. Acho que o clima fica mais legal”, comenta ela, assumindo ser um pouco tímida.
O mesmo acontece em ‘Eu Não Faço...’. Matheus é amigo de longa data da atriz, que, assim como todo o elenco, topou participar do filme sem nenhum cachê. Na trama, ela contracena com o namorado, que é um dos tios de Clara — Leandro Hassum é o outro. O avô da personagem é Daniel Filho, casado com a mãe de Gregório, Olivia Byington, que por sua vez, é irmã de Bianca Byington, intérprete da mãe de Clara.
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“Estou muito feliz, porque é a minha primeira protagonista em um longa. Mas, como já filmamos há dois anos e meio, dá uma agonia rever as cenas”, comenta Clarice, revelando ser muito crítica. “Se vejo uma coisa de ontem, já fico reparando nos defeitos. Imagina com esse filme, que foi gravado há mais tempo!”
Quando a crítica vem dos outros, ela jura que nem liga, principalmente quando se trata do namorado. “Já aconteceu muito no ‘Fantástico Mundo de Gregório’ (série do Multishow, exibida ano passado), eu fazer algo e ele (Duvivier) falar: ‘Ah, Clarice, isso foi muito ridículo’. Aí eu digo: ‘Maldito, que saco!’”, conta ela. 
Leandro Hassum vive um dos tios de Clara, protagonista da comédia Divulgação


‘NO AMOR’

Diretor bancou longa, de R$ 20 mil, que não teve cachê

Quando Matheus Souza lançou seu primeiro filme, ‘Apenas o Fim’, atraiu a atenção da mídia e da crítica, em 2008. Mas na época, com apenas 20 anos, o cineasta estreante “não fazia a menor ideia do que queria da vida”, como ele mesmo define. “Fiz um filme com os meus amigos e achei que só a minha mãe ia assistir. Não sabia se queria drama, comédia, teatro, rádio... Estava totalmente perdido”, conta ele, hoje com 25 anos.

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Em meio a tantas dúvidas, pelo menos uma certeza ele tinha: “Queria muito fazer outro filme”, diz. Foi daí que nasceu ‘Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida’. “Com o dinheiro que ganhei por escrever um roteiro, paguei esse filme. Mas fiquei devendo todas as minhas contas durante três meses. Cortaram a minha luz, gás... Mas foi legal, pelo menos eu consegui o que queria!”, lembra Matheus, que desembolsou R$ 20 mil do próprio bolso para financiar o projeto. 
O resto, foi “tudo no amor”, como definem o diretor e os atores que toparam participar do elenco de graça. Clarice Falcão até cedeu sua casa como uma das locações. “Na metade do roteiro, já estava tão apaixonado pela história que quis participar de qualquer jeito”, diz Rodrigo Pandolfo. “Devo ter cara de coitado, porque peço as coisas para as pessoas e elas topam”, brinca Matheus, que completa: “O principal é que fui muito cara de pau também!”
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