“Ele já estava numa fase decadente da vida. Aparecia nos lugares tocando violão e cantando”, recorda Chico, nascido na Paraíba e radicado no Rio. “O Sérgio não era um sambista, era um artista pop. O samba é uma parcela pequena de sua obra, mas os que ele fez têm alto nível melódico e muita transgressão nas letras”, elogia.

Chico chegou a gravar álbuns ligados ao forró, como ‘Tá no Sangue e no Suor’ (2007). Mas tem currículo no Carnaval carioca. “Fiz sambas-enredo e montei um bloco com o Mussum (o humorista do grupo Os Trapalhões foi do grupo Os Originais do Samba), que era meu amigo e vizinho”, recorda ele, que também é engenheiro. “Foi o que pagou meu lado de músico. Mas tenho feito shows importantes e já está empatando.”
No disco, Chico recorda músicas como ‘Até Outro Dia’, ‘Chorinho Inconsequente’, ‘Polícia, Bandido, Cachorro, Dentista’, ‘Velho Bandido’ e ‘Odete’. E convida amigos. Zeca Pagodinho está na suingada ‘O Que Pintar, Pintou’, e ainda ofereceu seu selo ZecaPagoDiscos (distribuído pela Universal) para lançar o disco. “Dos três convidados, ele era o que menos conhecia a obra do Sérgio, mas acabou adorando”, conta Chico.
O ‘sampaiófilo’ Zeca Baleiro solta a voz em ‘História de Boêmio (Um Abraço Em Nelson Gonçalves)’, enquanto Fagner participa de ‘Cada Lugar na Sua Coisa’. O cantor cearense foi também amigo de Sérgio. “Lançamos nossos primeiros discos juntos. Ele era muito engraçado e muito ácido”, diz Fagner, que depois ficou um bom tempo sem ver Sérgio. “Eu o vi esporadicamente depois dos anos 70. Pouco antes dele morrer, o encontrei na Pizzaria Guanabara, no Leblon. Ele foi de um carinho comigo, me deu um tremendo de um beijo”, lembra.