Por tabata.uchoa

Rio - Mineiro de criação carioca, Moyseis Marques pode sair da Lapa, mas a Lapa parece nunca sair deste cantor e compositor projetado no circuito de samba e choro do boemio bairro do Centro do Rio. E isso é um elogio. Tanto que — ao fim da ponte Brasil-Estados Unidos seguida pelo cantor ao gravar na Califórnia seu quarto bom CD, ‘Casual solo’, lançado este mês — a faixa ‘De lupa na Lapa’ (parceria de Marques com Mauro Aguiar) reconduz o artista ao seu natural ‘habitat’ musical.

Moyseis Marques lança o seu quarto CD%2C ‘Casual solo’%2C disco de voz %26 violão gravado na Califórnia (EUA)Divulgação


Disco de voz & violão, ao quais são adicionados eventualmente percussão ou sopro, ‘Casual solo’ expõe de cara, em ‘Alma de Lia’ (Marcello Gonçalves e Moyseis Marques), a afinação da voz do bom cantor. É uma voz limpa, como ressalta o atento Moacyr Luz (autor do texto que apresenta o disco), que agora é ouvida em primeiro plano, sem adornos, no minimalismo típico de um trabalho calcado somente no violão. E nesa voz que interpreta 12 músicas ao longo das dez faixas do CD.

Como o samba é o dom primordial de Moyseis Marques, o artista se permite recriar ‘Anjo exterminado’, obra-prima de Jards Macalé com o poeta Waly Salomão (1943 - 2003), na cadência bonita do gênero que identifica Marques no mercado da música.

‘Casual solo’, contudo, extrapola o universo do samba. Valsa assinada por Marques com Vidal Assis, ‘O ciclo da Rosa’ é composição que remete à obra (recente) de Chico Buarque tanto pela precisão dos versos quanto pela arquitetura melódica.

Pontuada por regravação de ‘The very thought of you’, o ‘standard’ norte-americano do compositor Ray Noble (1903 - 1978), a viagem Brasil-EUA teve escala imaginária na Jamaica. O repertório inclui releitura de sucesso de Bob Marley (1945 - 1981), ‘Is this love?’, tirado por Moyseis Marques da praia (do rei) do reggae.

‘Nomes de favela’ é a regravação que destoa do tom romântico de disco de canções de amor. A alma carioca falou mais alto.

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