Rio - Produtor cultuado por artistas e críticos , Kassin se apequena no confronto com o gigante do rock brasileiro Erasmo Carlos. Em ‘Gigante gentil’, disco lançado esta semana pelo ‘Tremendão’, a forte personalidade musical de Erasmo se impõe sobre a produção, embora a assinatura de Kassin esteja bem delineada na introdução de ‘Colapso’, balada de tom country, e na releitura de ‘Além do horizonte’.
Embora contenha regravação do hit de Roberto Carlos em 1975, ‘Gigante gentil’ é álbum de inéditas. Erasmo apresenta dez músicas autorais. O rock que abre e intitula o disco, ‘Gigante gentil’, sinaliza CD roqueiro, repleto de guitarras incandescentes. Mas a pista é falsa. As baladas são maioria em repertório que destaca ‘Moça’ (bela balada de tom pop country), ‘Manhãs de love’ (balada feita com Arnaldo Antunes sobre a solidão após a partida da mulher amada) e ‘Amor na rede’, canção letrada por Nelson Motta, hábil ao versar sobre (des)conexões afetivas e sexuais em tempos cibernéticos. Os harmoniosos vocais de Erasmo ao fim da faixa dão charme ao arranjo.
Como todo disco de Erasmo, ‘Gigante gentil’ fala basicamente de amor e sexo. Em ‘Caçador de deusas’, o cantor encarna o predador em letra que recorre a metáforas para abordar o ato sexual. ‘Coisa por coisa’ é balada que versa sobre a dialética do amor e da paixão.
Primeira parceria de Erasmo com Caetano Veloso, ‘Sentimentos complicados’ é canção em sintonia com a temática deste CD romântico, quase sempre suave. Mas a música está aquém dos autores.
Outra parceria de Erasmo com Arnaldo Antunes, ‘Teoria do óbvio’ repõe o rock em cena e filosofa sobre a impotência humana diante do imponderável. A faixa culmina com o grito ‘A vida é assim’.
Erasmo é assim: um gigante amoroso e gentil que, de mau, tem somente a fama.