Por daniela.lima

Rio - Foram muitas noites acordado, escrevendo, gravando e finalizando ‘Vitória Pra Quem Acordou Agora e Vida Longa Pra Quem Nunca Dormiu’, EP (um disco com poucas faixas) que reúne as seis novas músicas do rapper, escritor, ator, apresentador de rádio e televisão e ativista MV Bill. “Espero que ajude de alguma forma a despertar mentes adormecidas”, afirma ele, sobre sua nova coleção de crônicas do cotidiano carioca.

Bill orgulha-se de tratar de alguns assuntos inéditos ou pouco abordados na música brasileira, como vício no crack e pedofilia. “Sempre abordei o submundo nas minhas músicas. O rap é historicamente um espaço de discussão de temas sociais, e isso estava se perdendo um pouco. Os artistas estão caminhando para um outro lado, com músicas sobre festas e temas mais leves. Acho que na música tem que ter espaço para tudo. Tem que ter diversão, mas tem que ter denúncia também”, dispara ele, que cresceu na Cidade de Deus e teve que abandonar os estudos para trabalhar aos 11 anos de idade. Ele costuma dizer que teve todas as oportunidades para seguir o caminho da criminalidade, mas encontrou no rap sua salvação.

‘Vitória Pra Quem Acordou Agora...’ foi lançado na internet, para download, e depois foram prensadas dez mil cópias, que estão sendo distribuídas nos shows e palestras de MV Bill. “Depois da Copa, vou lançar uma edição especial com duas faixas-bônus”, anuncia. “Sem a internet, trabalhos como o meu já teriam sucumbido. A internet tem se tornado um grande palco para algumas bandas. Mas o formato físico ainda é muito cobrado e não se pode deixar de fazê-lo”, considera.

Além do computador, MV Bill está presente na televisão e no rádio. Comanda no Canal Brasil ‘O Bagulho é Doido’, na TV Brasil o ‘Aglomerado’ e na FM está à frente dos programas ‘A Voz das Periferias’, na Roquette Pinto daqui do Rio, e o ‘O Som das Ruas’, na Ipanema de Porto Alegre.

“O rádio é ainda hoje o veículo de comunicação com mais abrangência no Brasil. O rádio não é mais só aquele aparelho que a gente levava embaixo do braço ou que só podíamos ouvir com um aparelho físico. Ele está no celular, está na internet...”, ressalta. “Tenho a impressão de que muitas pessoas ouvem meus programas de rádio pela internet, por exemplo. Parece que definitivamente a rede virou a conexão central. Meus discos são ouvidos pela internet, onde também são vistos os videoclipes. Conheço muitas pessoas que usam a rede para saber o que está rolando na televisão. Apesar de que, em breve, vou estar à frente de um programa de clipes de rap nacional no canal a cabo Music Box Brazil, acredito muito na força da internet. Muitos artistas não precisam mais de aparições nos meios convencionais para fazerem sucesso.”

IMAGINA NA COPA

Às vésperas da Copa, MV Bill também se posiciona em apoio às manifestações populares, em ‘Brado Retumbante’. “Acho que vivemos um momento de impaciência e indignação coletiva, onde as pessoas parecem que aprenderam a utilizar o ‘armamento povo’, e não estão aceitando as irregularidades de forma passiva. Que bom que uma grande parte da população brasileira esteja se manifestando contra o que lhe indigna e desconforta. Quando isso acontece sem descambar para violência, fica melhor ainda”, opina.

“Muito do que vimos nas manifestações pode ser encarado como exagero,mas acredito que é construindo que o povo vai aprendendo a melhor forma de lutar pelos seus direitos. Era quase certo que 2014 seria um ano emblemático, principalmente pelo simbolismo dos grandes eventos no Brasil. Não dá para prever como vai ser na Copa, mas espero que o povo brasileiro tenha sempre o melhor em relação aos seus direitos”, torce.

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